Empresa de pintura cresce em mercado dominado por informais
Com a profissionalização do mercado de serviços, mesmo setores tradicionalmente marcados pela informalidade têm procurado formalizar seus profissionais - e melhorar a qualidade do atendimento. A construção civil é o maior exemplo disso.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, de 2002 a 2010 foram criados mais de 15 milhões de empregos formais no País, um crescimento de mais de 53%. Em 2009 e 2010, o setor de construção foi o que teve maior aumento no número de profissionais formalizados - um salto de mais de 17%. Em comparação, os setores de comércio e serviços, os dois melhores colocados em seguida, chegaram a 8,96% e 8,38%, respectivamente.
Com mais de 1 milhão de residências contratadas até o momento e o plano de repetir o número até 2014, o Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, é apontado como um dos responsáveis pela mudança. A fim de evitar processos trabalhistas, a Caixa Econômica Federal, financiadora dos projetos, tem forçado as empreiteiras a regularizar os funcionários contratados.
"A Caixa teve muitos problemas, porque financiava imóveis com estrutura ruim. Como fazia o seguro, arcava com a má qualidade oferecida e passou a exigir certificações e a formalização dos funcionários", analisa Cláudio Henrique Laval Silva, gerente de indústria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Goiás.
Concorrência com informais
Quando não é feito pelas mãos dos próprios proprietários, um serviço ligado à construção civil que é marcadamente informal é o de pintura. Enquanto os grandes empreendimentos contratam empresas terceirizadas com funcionários de carteira assinada, na construção autogestionada (tocada pelos proprietários) e nas pequenas reformas geralmente o serviço fica a cargo de alguém indicado. Foi exatamente nesse nicho que resolveu atuar a Five Star Pinturas.
"Nossa concorrência é muito pequena, porque competimos basicamente com informais. Empresas de pintura geralmente preferem não trabalhar com pessoas físicas porque dá mais trabalho tratar com esse cliente", conta Ricardo Alexandre Alves Rocha, um dos CEO da Five Star.
A franquia tem origem americana e aportou no Brasil em 2010. Hoje, conta com 23 unidades, tendo planos de fechar 2012 com 40.
O executivo explica que a ideia de trazer o serviço para o Brasil veio quando ele e outros sócios perceberam que havia enorme dificuldade em conseguir profissionais de qualidade para trabalhar nas obras de suas residências. "Cinquenta por cento dos nossos clientes reclamam de serviços anteriores, erros ou, como dizem, 'lambanças' que pintores fizeram na última obra", conta Ricardo.
Ele explica que, com melhor tecnologia e treinamento, a empresa consegue oferecer um preço frequentemente tão bom quanto o dos informais, apesar de a qualidade do serviço ser superior. "O preço é feito dentro do custo de uma empresa legalizada, mas, por não cobrarmos mais avaliando o nível da casa do cliente, o público A/B pode achar o serviço barato", diz Ricardo.
Por medir as paredes antes de fazer o orçamento, é possível dizer o custo de cada cômodo. Em vez de arcar com um orçamento para a casa toda, o contratante pode decidir quando pinta cada quarto, de acordo com o dinheiro que tiver disponível.
O executivo ressalta também que as franquias não deixam de trabalhar com grandes empreendimentos. "De 100 clientes, 70 são pessoas físicas, mas um prédio de uma construtora equivale a 30 pessoas físicas", diz.