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É possível viajar gastando pouco? Veja essas dicas

19 mai 2022 - 04h00
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Foto: Adobe Stock

Com os maiores preços já registrados na história, viajar está mais caro do que nunca. Mas isso não significa que não poderemos curtir as férias, afinal não é apenas sobre o lugar, e sim sobre como aproveitamos o momento e nos adaptamos às situações.

As velhas técnicas de acessar o site da companhia aérea de noite, em dias de semana, caçando promoções, estão dando pouco resultado. Fato é que a pandemia de Covid-19 afetou a economia mundial de uma maneira que ninguém poderia prever, e a inflação acometeu até países de primeiro mundo. Com o mais recente e triste episódio da guerra na Ucrânia, a Europa sofreu mais um baque e, consequentemente, o mundo também, fora todas as questões que estamos enfrentando no Brasil. Então, dá para entender que viajar, em um cenário como esse, não seja tão fácil assim.

Agora o que podemos fazer a respeito é planejar com antecedência e escolher o destino das próximas viagens de acordo com o orçamento.Talvez não dê pra ir a Paris nas férias, mas dê pra passar um tempo em Buenos Aires tomando ótimos vinhos e comendo muito bem. Ou pra quem já queria viajar pelo Brasil, alguns dos destinos mais procurados como Fortaleza e Jericoacoara estão mais caros mesmo, então a saída pode ser encontrar opções que fiquem dentro do seu orçamento, quem sabe mais perto de casa.

Parece óbvio falando assim, mas quem aqui sabe exatamente qual é seu oçamento mensal? Pela minha experiência de anos de consultoria financeira, a resposta é: pouquíssimos! Então, que dirá ter definido um orçamento para a viagem! E é aí que eu entro, porque meu objetivo não é te incentivar a fazer uma viagem que você não pode pagar, nem te dizer que você não vai poder viajar nas férias. Eu quero que você aproveite ao máximo, mas dentro das suas condições, pois a viagem de férias, muito provavelmente, não é o seu único objetivo de curto, médio e longo prazo, mas se toda sua grana for consumida nela, será sua única realização.

Quando a gente vê uma publicidade de passagem aérea, hotéis e afins, tende a idealizar a viagem dos sonhos, mas se esquece de incluir isso no orçamento real. Sabe aquele que tem moradia pra pagar, escola, alimentação, transporte, plano de saúde, comida do pet, seu delivery, o bar, a ajuda com as contas dos pais? Então, é nesse mesmo que sua viagem tem que caber! 

Meu convite é que você faça as contas, some tudo que está na fatura do cartão de crédito, mês a mês considerando os parcelamentos e lançamentos futuros, depois faça o mesmo com as despesas que aparecem no extrato da conta bancária. Se algum valor sobrar, é com ele que você pode contar para realizar seus objetivos (lembrando que talvez a viagem de férias seja só um de seus objetivos), se faltar é o sinal do universo para você ajustar seus gastos, equilibrar o orçamento e começar a poupar pra fazer sobrar.

Sem esse passo antes, há uma enorme probabilidade de voltar da viagem com dívidas que podem rolar por um ano inteiro, e que não só irão te atrapalhar para planejar a próxima viagem, como também podem prejudicar seu planejamento financeiro como um todo. 

É possível viajar gastando pouco? Veja essas dicas:

Vou te dar um exemplo crítico, mas recorrente: Renato estava muito estressado com o trabalho e sentia que merecia demais fazer uma viagem para relaxar nas férias, porém estava apertado de grana, então um mês antes, sem pensar muito pra não desistir, comprou passagem aérea e hospedagem, parcelados em 10x no cartão de crédito, para conhecer a Colômbia. Ele usou o valor das férias que recebeu de seu emprego CLT pra custear alimentação e transporte, mas só tirou 15 dias, então não recebeu muito e precisou complementar usando o cartão de crédito. 

Resultado disso: muita foto bonita, momentos felizes e novos amigos (quem disse que eu acho ruim viajar?), mas também um parcelamento alto, que o orçamento não tinha como suportar e um cartão de crédito do mês seguinte com o limite quase estourado. Renato precisou tomar um empréstimo pra que a parcela coubesse no orçamento e, invés de 10 meses de parcelamento, se viu obrigado a extender o prazo para 24 meses, porque os juros também não cooperaram.

Mas sabe onde está o problema de verdade? Daqui há 6 meses ele terá direito a mais 15 dias de férias e estará estressado novamente e ansiando pela próxima viagem, que talvez ele se endivide ainda mais para arcar, ou simplesmente tenha que deixar de fazer.

"Mas e os objetivos do Renato fora férias, como comprar um carro, voltar a estudar?" você me pergunta.

Bom, esses vão ficar pra quando o Renato terminar de pagar as dívidas e entender que no orçamento só dá pra incluir os gastos que cabem, e que, na maior parte das vezes, a gente precisa priorizar o que é mais importante ou urgente, e que, infelizmente, não se pode ter tudo, ao menos, não tudo agora sem planejamento.

E essa mesma mensagem eu deixo pra você. Não é sobre não viajar, mas talvez ir pro litoral mais próximo do seu estado, é passar uns dias na serra, descansar no sítio e curtir com a família, é sobre fazer o possível com o orçamento que se tem, porque ainda não foi criada uma fórmula mágica pra realizar o impossível.

Admitir que não dá pra viajar agora e ajustar o orçamento pra viajar só nas férias seguintes, pode ser frustrante no primeiro momento, mas te garante que após essa fase de encontrar o equilíbrio, você possa ir sempre, já que o planejamento foi feito com antecedência, tudo foi comprado mais barato e não ficaram dívidas para depois.

Respondendo ao título desse artigo, sim, é possível gastar pouco, basta você escolher um destino cujo meio de transporte esteja dentro do seu orçamento sem a necessidade de parcelar a perder de vista, numa data e horário de baixa procura, que a hospedagem seja confortável o bastante e também dentro das suas possibilidades, e que os passeios e alimentação respeitem um limite diário de gastos, estipulados por você antes de embarcar nessa. Pesquise promoções, use milhas se tiver, mas antes de tudo se organize financeiramente, pois as férias devem ser um momento de felicidade e descanso, e a volta pra casa, de energias renovadas, problemas financeiros deveriam ficar de fora dessa.

(*) Mari Ferreira é especialista em educação financeira, consultora, palestrante, criadora de conteúdo e autora do livro “Tostão Furado: Do Zero à Liberdade Financeira”.

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