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Dólar fecha em baixa de 0,5% com expectativa de corte de juros do Fed

Proximidade do feriado de 1º de Maio incentivou postura mais cautelosa do investidor na bolsa de valores, que fechou em alta de 0,17%

30 abr 2019 - 18h47
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O dólar encerrou a sessão antes do feriado em queda de 0,50%, a R$ 3,9212, no segmento à vista. Operadores destacam que o câmbio desta terça-feira, 30, acompanhou de perto, principalmente na parte da tarde, os movimentos do mercado externo, onde a moeda americana teve novo dia de queda, ante divisas fortes e de emergentes, com a crescente expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) possa sinalizar ao final de sua reunião de política monetária nesta quarta-feira, 1, um possível corte dos juros. Em abril, o dólar acumulou valorização de 0,13% ante o real, o terceiro mês consecutivo de elevação. No ano, a moeda americana sobe 1,18%.

O diretor de câmbio da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, destaca que, como o mercado estará fechado no Brasil amanhã por causa do feriado do Dia do Trabalho, enquanto nos EUA estará aberto, as mesas de câmbio aqui anteciparam um pouco a possível sinalização de corte de juros pelo Fed. Por isso, o real foi a moeda que mais ganhou valor ante o dólar no mercado financeiro internacional. Os recentes números da inflação americana mostraram fraqueza e reforçaram esta aposta, destaca ele.

O real foi a moeda que mais ganhou valor ante o dólar no mercado financeiro internacional
O real foi a moeda que mais ganhou valor ante o dólar no mercado financeiro internacional
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil / Estadão

Se o Fed sinalizar corte de juros, Cavalcante acredita que a moeda americana pode testar na quinta-feira patamares abaixo de R$ 3,90. Já se o BC americano não trouxer maiores novidades, o dólar continua na casa dos R$ 3,92, aguardando novidades sobre a reforma da Previdência. O presidente da comissão especial, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), afirmou que foi definido um cronograma prévio do colegiado. A ideia é que a comissão realize 13 audiências públicas, que começaram a ser contadas a partir desta terça-feira, e que o relatório seja apresentado no começo de junho.

Bolsa

O Índice Bovespa alternou sinais ao longo de toda a sessão de negócios e terminou o pregão com leve ganho, de 0,17%, aos 96.353,33 pontos. A proximidade do feriado de 1º de Maio e o compasso de espera pela tramitação da reforma da Previdência foram dois fatores que incentivaram postura mais cautelosa do investidor, afirmaram operadores. Os negócios somaram R$ 13 bilhões, pouco abaixo da média das últimas semanas (R$ 14,8 bilhões).

No mês em que as atenções se concentraram principalmente na reforma previdenciária, o Ibovespa acumulou valorização de 0,98%. Esse desempenho em abril poderia ter sido melhor se o nível de ruídos em torno do governo tivesse sido um pouco menor. O episódio da interferência do presidente Jair Bolsonaro nos preços do óleo diesel, por exemplo, teve impacto significativo nos preços das ações da Petrobrás. Os papéis da companhia terminaram abril em baixa, na contramão das altas do Ibovespa e dos preços do petróleo no mercado internacional.

"A terça-feira teve clima de compasso de espera pela reunião do Federal Reserve e pela tramitação da reforma da Previdência. Não que se esperem surpresas com o Fed, que deve mostrar continuidade do tom 'dovish' das últimas reuniões. Mas o investidor opta pela cautela, principalmente em um mercado sem liquidez", afirma Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença Corretora.

Entre a mínima e a máxima, o Ibovespa oscilou de 95.613,24 pontos (-0,60%) a 96.706,71 pontos (+0,54%). Pela manhã, predominou o sinal positivo até a abertura fraca das bolsas de Nova York, que favoreceram a virada do índice para baixo. Somente na última hora de negociação é que o índice retomou a alta, ainda que de forma bastante tímida. Segundo operadores, o movimento pode estar relacionado à estratégia de "embelezamento de carteiras", para que fundos referenciados em Ibovespa encerrem o mês exibindo algum ganho.

Destaques

Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, a maior alta foi de Magazine Luiza ON (+6,72%), como reflexo do anúncio de compra da Netshoes. Os papéis ON e PN da Petrobrás terminaram o dia com ganhos de 0,91% e 0,96%.

Apesar da alta do Ibovespa no acumulado de abril, o saldo dos investimentos estrangeiros na Bolsa deve ser negativo no período. Na última sexta-feira, 26, houve saída líquida de R$ 308,789 milhões. Assim, o acumulado do mês até essa data era negativo em R$ 936,311 milhões.

No noticiário político, o destaque foi a notícia de que o prazo para que deputados possam apresentar emendas ao texto da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados começou a contar na tarde desta terça-feira. Os parlamentares têm um tempo regimental de dez sessões, a partir de 7 de maio, a serem realizadas no plenário da Casa para entregarem suas sugestões, independentemente de quantas reuniões sejam feitas na comissão especial que analisa o tema.

"Maio será um mês de diversos ajustes, tanto na carteira do Ibovespa como na do MSCI do Brasil. A tendência é que o investidor mantenha a cautela nesse período, à espera de avanços concretos na reforma da Previdência. A volatilidade continuará presente em maio", disse um operador.

Estadão
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