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Entenda por que bancos nos EUA quebraram e como isso impacta a economia

Silicon Valley Bank e Signature Bank quebraram após sofrerem um “efeito dominó” com retiradas de investimentos

14 mar 2023 - 19h57
(atualizado às 23h32)
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Foto: Jeffrey Dastin/Reuters

O governo federal dos Estados Unidos tenta proteger o dinheiro dos clientes do Silicon Valley Bank e Signature Bank, bancos que fecharam as portas na última semana. O objetivo é tentar conter o risco de uma crise no setor bancário e, ao mesmo tempo, controlar a turbulência que afeta bancos menores no país.

Jeff Jackson, membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, publicou um vídeo em sua conta do Twitter em que explica a situação de forma simplificada à população. Segundo ele, houve uma reunião de emergência entre centenas de membros do Congresso americano na madrugada de segunda-feira, 13, com apenas 15 minutos de antecedência. Na avaliação de Jackson, isso é considerado grave e incomum.

A reunião serviu para anunciar os passos a serem tomados para garantir a segurança do sistema financeiro dos Estados Unidos depois da quebra dos dois bancos.

Na sexta-feira, 10, o Silicon Valley Bank foi fechado pelo governo federal. A falência foi considerada a segunda maior na história do país.

"Isso aconteceu porque havia um banco na Califórnia chamado Silicon Valley Bank (SVB) que perdeu muito dinheiro, fazendo com que muitos de seus clientes se assustassem e tentassem retirar o próprio dinheiro, o que causou uma 'fuga' do banco. Então, o governo federal, através da Corporação Federal Asseguradora de Depósitos (FDIC), tomou a frente da situação e fechou o banco", explicou o representante.

O problema viria depois. Normalmente, os bancos protegem os depósitos de seus clientes até 250 mil dólares. No entanto, a vasta maioria dos clientes do SVB possuía quantias maiores, porque o banco era especializado em startups e pequenos negócios. Com o cenário incerto sobre o que poderia acontecer com esses clientes, eles preferiram migrar para bancos maiores. 

Na noite de domingo, 12, o Signature Bank, em Nova York, também quebrou, e outros bancos passaram a acender um alerta vermelho.

"Basicamente, pessoas com dinheiro em bancos menores começaram a ficar com medo e transferir o dinheiro para bancos maiores, e por isso estamos no começo de um efeito dominó", disse Jeff Jackson.

Durante a reunião feita pelo Zoom, ficou definido que todos os clientes do SVB serão compensados, assim como os clientes do Signature Bank. Isso será feito através de um fundo, pago pelos próprios bancos, e não com o dinheiro dos contribuintes, segundo relatado pelo representante da Câmara. 

A declaração trouxe alívio, principalmente para os empreendedores. Caso não fossem ressarcidos, eles seriam obrigados a fechar seus negócios ou demitir milhares de pessoas. Acionistas e gerentes não serão prioridade neste momento, segundo Jackson, já que o objetivo é cessar o "efeito dominó" o mais rápido possível.

Agora, um grande debate político sobre regulação bancária deve começar, o que pode trazer mudanças positivas para evitar que o problema volte a acontecer ou tome proporções ainda maiores. 

Por que o Silicon Valley Bank fechou?

O Silicon Valley Bank foi considerado a 16ª maior instituição financeira dos Estados Unidos e possuía ativos de mais de US$ 200 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão, na cotação de 14 de março de 2023). As ações de empresas de tecnologia, principais clientes do banco, começaram a cair recentemente, o que afetou o SVB.

Outro aspecto que colaborou com a quebra foi o grande investimento em títulos do Tesouro americano. Com o rápido aumento das taxas de juros desde 2022, o valor dos títulos do Tesouro despencou, e o banco entrou em prejuízo.

Na quarta-feira passada, 8, o SVB vendeu uma grande quantidade desses títulos, e a  transação resultou em um prejuízo de quase US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,5 bilhões). No dia seguinte, os clientes, preocupados, começaram a fazer saques. Em apenas um dia, as retiradas chegaram a US$ 42 bilhões (cerca de R$ 220 bilhões).

Na sexta-feira, 10, o banco não teria dinheiro suficiente para pagar os clientes e foi fechado pelos reguladores. Foi a partir de então que o Signature Bank, em Nova York, passou a receber uma enxurrada de resgates de depósitos, o que resultou no fechamento do banco no domingo, 12. Os reguladores alegaram que havia um "risco sistêmico", e que a decisão visava proteger os depósitos de clientes.

Segundo um comunicado do Departamento de Serviços Financeiros de Nova York, o Signature Bank tinha ativos totais de cerca de US$ 110,36 bilhões (cerca de R$ 579,83 bilhões) e depósitos totais de aproximadamente US$ 88,59 bilhões (cerca de R$ 465,45 bilhões) em 31 de dezembro de 2022.

Fonte: Redação Terra
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