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Soja do Brasil deve se beneficiar menos de guerra comercial

11 mai 2018 - 09h53
(atualizado às 09h55)
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Uma queda inesperada nas compras chinesas de soja do Brasil no curto prazo está limitando as exportações da oleaginosa do país sul-americano, que tem se beneficiado da tensão comercial entre Washington e Pequim.

Importadores chineses correram para adquirir soja brasileira depois que Pequim propôs em 4 de abril uma tarifa de 25 por cento sobre as cargas norte-americanas, mas as compras de curto prazo "secaram" desde a semana passada, já que o maior importador mundial enfrenta demanda fraca em um momento de oferta local abundante, disseram fontes.

"Toda a compra de pânico que vimos no início de abril foi reduzida", disse um operador de uma trading internacional que administra instalações de processamento de oleaginosas na China.

"A demanda por farelo de soja é muito lenta, já que os produtores de suínos estão com prejuízos. Muito poucos acordos foram assinados desde a semana passada para a soja brasileira relacionados a remessas próximas", acrescentou.

As fontes recusaram-se a ser identificadas, pois não estavam autorizadas a falar com a mídia.

A China importa mais de 60 por cento da soja comercializada em todo o mundo, esmagando-a para fabricar óleo de cozinha e rações para animais. Já o Brasil é o maior exportador global da oleaginosa.

O prêmio para a soja brasileira, incluindo o frete e cotado na China, caiu para 94 dólares por tonelada ante o contrato para julho na Bolsa de Chicago, após atingir 160 dólares em abril.

O prêmio varia tipicamente de 50 a 60 dólares por tonelada nesta época do ano.

No mês passado, Pequim ameaçou impor uma tarifa adicional de 25 por cento sobre as importações de soja e sobre uma série de outros produtos dos Estados Unidos em retaliação às ações comerciais tomadas pelo presidente Donald Trump.

As exportações brasileiras também foram atingidas, à medida que os compradores europeus e outros asiáticos se voltaram para o fornecimento mais barato dos EUA.

No entanto, a queda na demanda chinesa no curto prazo por grãos brasileiros é vista apenas como temporária, já que os preços das cargas do país sul-americano devem cair, uma vez que a safra recorde deste ano está praticamente toda colhida.

O Brasil está colhendo uma safra de mais de 119 milhões de toneladas, aumentando as expectativas de exportações mais fortes, com a consultoria Céleres estimando que as vendas ao exterior para um recorde de 72 milhões de toneladas.

Mas os compradores chineses não se afastaram dos embarques de junho a julho, com a demanda por outros meses também robusta. Importadores encomendaram 20 cargas na semana passada para embarque em agosto, disseram operadores.

Receios

A China reduzirá suas importações de soja pela primeira vez em 15 anos em 2018/19, previu o Ministério da Agricultura na quinta-feira, com a demanda por ração enfraquecida.

Os preços do suíno na China registraram um dos declínios mais acentuados de todos os tempos no primeiro trimestre e estão abaixo do custo médio de produção.

"A maioria das unidades de soja na China está sobrecarregada com farelo e óleo", disse um operador de Pequim.

"O principal motivo é o lado da demanda. O preço do suíno não é bom, de modo que os frigoríficos gostam de pegar coisas baratas, da mão para a boca."

As importações de soja pela China em abril caíram para 6,9 milhões de toneladas, uma queda de 13,7 por cento em relação ao ano anterior.

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