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Declarações de Bolsonaro sobre Petrobrás devem afetar ações e câmbio, diz analista

Segundo especialista, reajuste feito pela estatal, que foi duramente criticado pelo presidente, era necessário para evitar que Petrobrás arcasse sozinha com aumento do preço do petróleo no exterior

18 fev 2021 - 22h02
(atualizado em 19/2/2021 às 07h27)
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RIO - As críticas do presidente Jair Bolsonaro ao aumento na gasolina e no óleo diesel anunciado nesta quinta-feria, 18, pela Petrobrás, vão afetar negativamente não apenas as ações da petroleira na abertura do mercado amanhã, mas também o câmbio, e pode inibir até as importações de combustíveis por investidores privados, colocando em risco o abastecimento em março, avaliou o analista de petróleo e gás da consultoria StoneX, Thadeu Silva.

"O mercado claramente deve precificar alguma coisa contra a Petrobrás amanhã, com o risco de uma ingerência mais direta na política de preços. Tanto câmbio como (as ações da) Petrobrás vão ser impactados, a não ser que surja alguma informação antes da abertura para dirimir as incertezas", afirmou ao Estadão/Broadcast. "Essas declarações do Bolsonaro são fortes, mas temos de ver o resultado efetivo delas", completou.

Segundo Silva, o ajuste realizado pela Petrobrás hoje - de 15,2% para o diesel e 10,2% para a gasolina - era necessário para a estatal não arcar sozinha com o aumento do preço do petróleo no mercado internacional, diante da disparada do preço da commoditie, que voltou ao patamar dos US$ 60 o barril. Após o aumento, os players privados começaram a se movimentar para importar cargas dos combustíveis, já que a paridade com o preço internacional ficou mais favorável.

"A gente está com uma bomba armada muito séria. Conforme a Petrobrás foi retrasando os aumentos, a defasagem (em relação ao mercado internacional) foi crescendo e paralisando a logística de distribuição. Havia um impasse porque o suprimento para março estava seriamente ameaçado", explicou. Para ele, ou a Petrobrás aumentava os preços dos combustíveis ou teria de arcar com prejuízos para garantir o abastecimento.

Silva destacou ainda, que além da Petrobrás, as mudanças anunciadas pelo presidente em relação a zerar os impostos federais incidentes nos combustíveis por dois meses também preocupa pelo impacto que terá no câmbio, podendo, inclusive, zerar a paridade internacional obtida pela estatal com os aumentos mais expressivos.

"O governo vai ter de explicar de onde virá a receita, porque na gasolina será uma renúncia mensal de R$ 2,7 bilhões a R$ 3 bilhões, e no diesel, de R$ 1,5 bilhão", calculou. "É um cenário de incerteza bastante sério e vai impactar bastante a abertura do mercado amanhã", afirmou, alertando que os importadores podem recuar diante da dúvida de qual será o preço quando o produto chegar ao Brasil, entre 20 e 40 dias.

Estadão
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