'Cracóvia': embutido vira símbolo gastronômico de cidade brasileira colonizada por ucranianos
Principal iguaria de Prudentópolis, a Cracóvia é um sucesso de vendas e principal produto da Machulek Produtos Coloniais
Criada na década de 1960 em uma casa de carnes de uma cidade paranaense colonizada por ucranianos, a Cracóvia, um embutido feito com as melhores partes do porco, se consolidou como um dos produtos mais emblemáticos de Prudentópolis. Principal iguaria da cidade de pouco mais de 50 mil habitantes, o embutido é um sucesso de vendas e o principal produto da Machulek Produtos Coloniais.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Fundada em 1970 pelo empresário Nestor Machulek, a empresa familiar produz atualmente cerca de 100 toneladas de carne por mês e emprega cerca de 60 pessoas. Com cerca de 30 itens no mercado, a empresa tem a Cracóvia como seu produto símbolo, o “cartão de visita” de uma linha de embutidos que une tradição, sabor e orgulho regional.
Em entrevista ao Terra, durante a Feira Internacional de Turismo de Gramado (Festuris), Mauro Machulek, um dos quatro filhos de Nestor e um dos sócios da empresa, contou como surgiu a Cracóvia e como a nova geração da família Machulek impulsionou a produção, levando o produto a supermercados da região e, mais tarde, à capital Curitiba. O empresário explicou também como o nome do embutido foi batizado de Cracóvia.
“Esse embutido surgiu mais ou menos na década de 60, numa casa de carnes, um açougue da cidade. O dono, que era ucraniano, pegou as melhores partes do suíno, por exemplo, o pernil e o lombo, e colocou numa tripa num calibre mais grosso, e tirou a gordura, nervos e defumou. O nome do embutido foi inspirado na cidade de Cracóvia, na Polônia, terra natal de um dos primeiros funcionários do açougue”, conta Mauro Machulek, que tinha 39 anos.
O embutido, feito de carne suína e com diâmetro maior do que o salame comum, é produzido por meio de técnicas de defumação em forno à lenha.Composto por carne selecionada, a Cracóvia é um salame produzido artesanalmente." Ela é temperada com alho, sal e pimenta e, depois de processada, embalada em plásticos na forma de bexiga natural e passa por um processo de defumação moderada.
Segundo os produtores, a Cracóvia substitui, principalmente, o presunto, pois é um produto que não tem a água adicionada na massa. A Machulek Produtos Coloniais processa três toneladas de carne por mês de Cracóvia, e para chegar a potenciais clientes que não consomem carne suína, investiu na diversificação. Um desses produtos é a cracóvia de frango.
“A gente produz, além da Cracóvia, mais uma linha enorme de embutidos, como linguiça mista e pura, linguiça blumenau, costela defumada, bacon, charque, morcela branca, queijo suíno, patê de torresmo, torresmo pururuca, lombo defumado e mignon suíno defumado. A Cracóvia é nossa cereja do bolo, que é o produto mais top”, acrescentou Mauro Machulek .
No início deste ano, a Cracóvia foi reconhecida oficialmente como Indicação Geográfica (IG) do Brasil, certificando sua origem e modo de preparo tradicional. O registro, na espécie Indicação de Procedência (IP), foi concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 21 de janeiro. Esse reconhecimento certifica que o produto possui características e métodos de produção ligados à sua origem geográfica na cidade de Prudentópolis.
Ao todo, a Machulek é conduzida pelos quatro filhos de Nestor. Além de Mauro, há os irmãos José Marcos, 47, Carlos Mateus, 46, e Nestor Luiz, 52, que abriram as portas da empresa, que ainda funciona no mesmo local onde foi iniciada na década de 1970, no distrito de Patos Velhos, em Prudentópolis.
*Repórter viajou para Gramado a convite do Festuris