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Copa do Mundo atrai milhões para TVs e exige operação especial no sistema elétrico

12 jun 2018 - 09h35
(atualizado às 10h17)
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A Copa do Mundo na Rússia, que começa na quinta-feira, deverá atrair milhões de pessoas para a frente da televisão no Brasil, principalmente em ocasiões como a cerimônia de abertura e jogos da seleção brasileira, o que exige atenção especial na operação do setor elétrico para evitar problemas no fornecimento.

Neymar dribla jogador austríaco em amistoso no Ernst Happel em Viena, Áustria
10/06/2018 REUTERS/Heinz-Peter Bader
Neymar dribla jogador austríaco em amistoso no Ernst Happel em Viena, Áustria 10/06/2018 REUTERS/Heinz-Peter Bader
Foto: Reuters

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse à Reuters que o consumo cai fortemente durante as partidas, conforme o país praticamente para suas atividades para torcer, mas um esquema diferenciado de operação é necessário para suportar a rápida disparada da demanda em momentos-chave, como intervalos, quando a maior parte das pessoas aproveita para apanhar uma bebida na geladeira, por exemplo.

Esse comportamento não é exclusivo do Brasil --na Inglaterra, por exemplo, uma disputa de pênaltis entre a seleção inglesa e a Alemanha na Copa de 1990 registrou um recorde na demanda instantânea por energia, associado às transmissões televisivas do torneio.

A operação em regime especial no Brasil, que inclui um número maior de turbinas prontas a serem acionadas nas hidrelétricas do país e programação diferenciada da transferência de energia entre as diferentes regiões, terá início duas horas antes das partidas da seleção e de eventos como a abertura e o jogo final do campeonato.

O esquema, que também prevê reforços de equipes de plantão, fica em vigor até duas horas após o encerramento dos jogos ou cerimônias, uma vez que o aumento do consumo de energia cresce fortemente após os jogos, com a retomada das atividades comerciais e industriais.

"Eventos como a Copa resultam em um comportamento da carga do sistema muito diferente de um dia normal... mas nós temos muita prática e experiência em tratar essas situações. Isso chega a ocorrer, em intensidade menor, em outros eventos de mídia, como finais de campeonato, ou último capítulo de novelas de grande audiência", disse à Reuters o diretor de Tecnologia da Informação do ONS, Álvaro Fleury Veloso da Silveira.

"Obviamente, a escala na Copa é bem maior", destacou ele.

A National Grid, responsável pela operação do sistema elétrico no Reino Unido, outro país de fanáticos por futebol, disse à Reuters que também está se planejando para a Copa, assim como o ONS.

"Esses aumentos na demanda de eletricidade ocorrem quando as pessoas colocam água para ferver, abrem as portas da geladeira ou acendem as luzes ao mesmo tempo, geralmente quando uma transmissão na televisão termina ou durante um intervalo comercial", disse em nota a National Grid.

Na abertura da Copa de 2014, no Brasil, por exemplo, o consumo de energia começou a cair ainda quatro horas antes do início da partida entre a seleção local e a Croácia, e ficou em nível baixo ao longo de todo o primeiro tempo.

No intervalo, no entanto, a demanda teve um salto de quase 5 mil megawatts no Sudeste em apenas 11 minutos, o que representa mais de 10 por cento da carga geralmente vista naquele horário na região, de 40 mil megawatts, segundo levantamento do assistente da diretoria de Operação do ONS, Jayme Macêdo, publicado em boletim da Fundação Getulio Vargas (FGV).

A carga voltou a cair naquele dia com a retomada da partida, mas ao apito final houve uma nova "rampa de carga", como dizem os técnicos, com crescimento de mais de 5 mil megawatts no consumo do Sudeste e cerca de 7,6 mil megawatts em todo o país em apenas 30 minutos, com a volta das pessoas à rotina.

"Uma rampa mais acentuada ocorre no final dos jogos, especialmente quando eles se encerram próximo do início do período de escurecimento diário, quando a retomada das atividades normais acontece simultaneamente com a entrada da iluminação pública... aí isso tem uma maior intensidade", adicionou Silveira, do ONS.

Na Copa de 2010, por exemplo, um jogo entre Brasil e Chile que acabou por volta das 18h teve uma disparada de 11,8 mil megawatts na demanda em uma questão de 28 minutos --quase 20 por cento da carga média vista no dia, ao redor de 60 mil megawatts.

Ainda assim, a demanda máxima no dia desse jogo entre a seleção brasileira e o Chile em 2010 ficou cerca de 4,2 mil megawatts abaixo do que se verificaria em um dia típico daquele ano.

ATENDIMENTO COM FOLGA

A demanda reduzida, atribuída à paralisação de atividades industriais e comerciais ao longo dos jogos, faz com que o Brasil consiga atender à demanda extra do intervalo e do final das partidas da Copa sem acionar mais termelétricas, que têm custo maior e são mais poluentes que as hidrelétricas, segundo o ONS.

"Como já tenho uma 'folga' intrínseca, pela redução (do consumo), temos disponibilidade de geração hidráulica de uma forma bastante tranquila para atender essa tomada de carga", explicou Silveira.

Ele adicionou ainda que essas operações são realizadas pelo ONS em sintonia com outras empresas do setor, como transmissoras e distribuidoras de eletricidade, que seguem todas as mesmas diretrizes para garantir a confiabilidade do fornecimento.

Essas diretrizes para a operação no período da Copa do Mundo foram aprovadas por autoridades na semana passada, em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), formado por órgãos técnicos do segmento e liderado pelo Ministério de Minas e Energia.

Segundo o CMSE, não há previsão de dificuldades no atendimento à carga ao longo do torneio.

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