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Como nasceu o hotel que 'respira tecnologia'

Empresário Gustavo Filgueiras revela detalhes e planos futuros para o Verso, nova cadeia inspirada nos 'millenials'

29 mai 2024 - 03h10
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Não é exagero dizer que o arquiteto Gustavo Filgueiras "mora" na ponte aérea. Para comandar seus 200 funcionários no Hotel Emiliano de São Paulo (na rua Oscar Freire, nos Jardins) e outros 180 na unidade do Rio de Janeiro, não tem outro jeito. Mas fica feliz de, assim, levar adiante os sonhos do pai, Carlos Alberto Filgueiras - para ele, "uma pessoa supervisionária", que montou um hotel "com um dos maiores índices de fidelidade do setor".

Gustavo Filgueiras lança o Verso, unidade de negócios do grupo hoteleiro inspirada nos millenials
Gustavo Filgueiras lança o Verso, unidade de negócios do grupo hoteleiro inspirada nos millenials
Foto: Bruno Ryfer / Divulgação / Estadão

Não é uma rotina fácil - e sua válvula de escape é a bike, que ele pedala três vezes por semana, duas horas cada vez. E também importa levar adiante sua causa - preservar, para o hotel, a fama de ser "a casa fora de casa" de muitos clientes. Nesta entrevista ao Estadão, Filgueiras fala de suas andanças com o novo negócio do grupo - o Verso. Uma receita que busca "a excelência de hospitalidade pela tecnologia". A seguir, os melhores trechos da conversa:

No setor de hotelaria, o que é, para você, uma operação de sucesso?

No passado, a hotelaria era melhor que as nossas casas. Hoje, pessoas ricas dispõem de recursos até melhores do que os de um bom hotel. Agora, então, estamos voltando para o essencial na relação com as pessoas, numa série de detalhes, como a qualidade do banho. Esse é um pilar muito forte no Emiliano, e no nosso novo negócio, o Verso - um hotel digital que engloba um hub de experiências sustentado em tecnologia. Nele, o quarto vai aprender sobre você, moldar-se à sua forma de usá-lo. Depois, nós exploramos essas informações para criar o relacionamento.

O grupo Emiliano já é uma referência quando se fala de alto luxo. Qual o diferencial do Verso?

Nele, juntamos duas pontas: a hotelaria de luxo com a tecnologia - mas com lógicas diferentes da hotelaria tradicional. Digitalizamos nossa relação com o cliente, coisa que já aprendemos bem com o Emiliano, e a forma de gerir o hotel. Por exemplo, o Verso é mais um check-in expresso, que você mesmo faz com a sua identidade. É uma operação pré-paga, uma tendência na hotelaria - que sempre foi pós-paga e que você pode parcelar em várias vezes. Emprega cinco ou seis vezes menos pessoas do que o Emiliano. E temos uma política superflexível para cancelamento.

Ele foi desenvolvido para um público mais jovem?

Sim, e atende a uma nova lógica: a das plataformas digitais, com aplicativo para bancos, aluguel de carro, compra de passagem aérea. Tudo isso nos inspirou a desenvolver uma tecnologia de hotelaria que, com o Verso, nasce de uma pesquisa com o público dos millenials e também dos "older millenials", gente nascida nos anos 80 e 90. Eles querem qualidade e gostam de ter suas próprias regras. Por exemplo, definir seu horário de entrada e saída. Se resolveu ficar mais duas horas, pode decidir isso por aplicativo e pagar esse extra. Em suma, o Verso é um prédio multiuso com um hub no térreo para se ligar à vizinhança, com galeria de artes, padaria, restaurante...

Para a localização, também foram pensadas as preferências dessas gerações?

O Verso é vinculado ao fluxo e ao tamanho das cidades. São hotéis muito pequenos; então, temos menos influência sobre essa questão da tarifa. Além de São Paulo e Rio, estamos em Goiânia e Porto Alegre. Temos um projeto em Paraty e outro a ser definido em breve.

Como é o modelo de negócio e qual o investimento?

Nós somos um grupo de capital fechado. Nesses três primeiros anos, estamos investindo R$ 15 milhões na operação, entre pessoas e principalmente tecnologia. É uma nova marca de hotel, espelhada com a mesma participação jurídica, mesmos sócios, mas de forma independente. Fizemos parceria com algumas das melhores incorporadoras locais para fazer prédios novos, construídos do zero, com uma arquitetura autoral. O Verso é um pequeno hotel dentro de um residencial com serviços, com 20% a 30% de ocupação. Gerenciamos tanto o hotel quanto o condomínio, fazemos essa interface. O hotel cresce com as unidades desses moradores, se eles quiserem colocar seus apartamentos com o padrão de decoração dentro do hotel.

Onde já estão atuando?

Na Alameda Santos, em São Paulo, o Verso Jardim, onde foram comercializadas unidades residenciais e as unidades hoteleiras; em Porto Alegre também houve cotas de investimento no hotel. Então, existe um conjunto de sócios das unidades hoteleiras. Em Goiânia, outro exemplo, a incorporadora vendeu todas as unidades em imobiliárias residenciais. Em todos eles, um sucesso de vendas em um prazo de 40 dias. Cada prédio tem um pouco a ver com o momento dessa incorporadora.

Como você vê o grupo daqui a 10 anos?

O ciclo hoteleiro é muito lento. A parte imobiliária é um negócio de longo prazo. Aprendi com o meu pai esse pensamento, nunca tomamos decisões de curto prazo mesmo que sejam interessantes financeiramente. No futuro, vejo o Emiliano com um crescimento mais orgânico, e o Verso, exponencial. Em dez anos, com quatro ou cinco de negociações, estamos falando de algo como 100 hotéis.

Gustavo Filgueiras lança o Verso, unidade de negócios do grupo hoteleiro inspirada nos millenials
Gustavo Filgueiras lança o Verso, unidade de negócios do grupo hoteleiro inspirada nos millenials
Foto: Bruno Ryfer / Divulgação / Estadão
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