Como lutar contra a progressofobia e criar um futuro melhor?
Esse foi o tema da conferência Rio.Futuro que apresentou tecnologias que beneficiam ao planeta e fazem uma diferença na vida das pessoas
A empresa americana Edelman publica um barômetro anual sobre confiança e, em 2023, em 24 dos 28 países medidos, a confiança no futuro atingiu mínimos históricos (a pesquisa Edelman Trust Barometer começou há mais de 20 anos). Quando perguntados se suas famílias estarão em uma condição melhor daqui a cinco anos, 42% dos brasileiros duvidam que seja - uma queda de 15% comparado à 2022. Esse estresse econômico individual é ampliado por medos societais como crise climática, falta de comida ou de energia. Percebemos a angústia e a ansiedade quando se trata do futuro e vemos cada vez os assuntos de burnout, depressão ou saúde mental se tornarem pautas nas mídias. O futurista Gil Giardelli, autor e apresentador do O Imponderável da RecordNews, chama isso de progressofobia: a desconfiança crescente na tecnologia e na ciência.
Este foi o ponto de partida da conferência Rio.Futuro 2023: proporcionar uma leitura diferente das mudanças atuais com foco nos benefícios que a tecnologia pode trazer para um futuro melhor. O propósito do evento é juntar palestrantes que possam inspirar e ilustrar como fazer para transformar nossas necessidades (como lutar contra crise climática ou criar novos empregos) em oportunidades para novas empresas e novas carreiras.
Antes de mais nada, acho bom lembrar três realidades para sediar o debate:
1 - A probabilidade de um recém-nascido não completar o primeiro ano de vida caiu 91,9% desde 1940! (Passou de 146,6 óbitos por mil nascimentos para 11,9 em 2020). E a esperança de vida média no Brasil subiu de 50,9 anos em 1950 para…77 anos em 2021. Como não acreditar nos benefícios da ciência, tecnologia e inovação?
2 - Tecnologia, por natureza, traz dois benefícios quando for utilizada: alcance e escala. Num mundo cada vez mais digitalizado, uma solução pode impactar a vida de um número muito grande de pessoas.
3 - Não tem heróis, mas sim pessoas. Helena Bertho, diretora global de diversidade e inclusão na Nubank, abriu o evento falando da trajetória dela e quebrando a imagem da profissional heroica sozinha de sucesso, mas sim inclusa e inspiradora. A tecnologia em si não é positiva. É nosso papel orientar a tecnologia positivamente, com intencionalidade.
Para quem ainda não assistiu ao Rio.Futuro, identificamos três caminhos para tornar a tecnologia ao benefício das pessoas e da sociedade. Cito só alguns exemplos apresentados para definir esses caminhos:
Solucionar: a tecnologia cria possibilidades diferentes para solucionar problemas importantes. Alaor Neto, da gigante de Inteligência Artificial, Nvidia, mostrou como a IA consegue trazer eficiência no setor energético para desenvolver uma energia mais limpa. Já, o CEO da Servier do Brasil comentou sobre como a tecnologia ajuda a lutar contra hipertensão (primeira causa de morte no Brasil e no mundo), ajudando a mudar os comportamentos das pessoas, já que temos tratamento disponível.
Regenerar e repensar: a startup francesa Morfo, que ganhou o prêmio de sustentabilidade no maior evento de tecnologia da Europa em maio (durante VIvatech, ndlr), apresentou sua solução de restauração ambiental através de drones que ela usa no Brasil. A britânica MyCena proporcionou uma solução radicalmente diferente de gestão de senhas e acesso para aliviar os funcionários do estresse ligado à cibersegurança.
Educar: Delmir Peixoto, consultor em Metodologias e Tecnologias Educacionais, ilustrou o novo paradigma sobre conhecimento que a Petrobras, que celebra seus 70 anos em 2023, está desenvolvendo para abraçar mudanças. Ele deu o exemplo da telepresença para pessoas com deficiência física que experienciam o mundo diferentemente graças a tecnologia.
Esses são alguns dos mais de 25 exemplos compilados na conferência e que provam que Um Outro Mundo É Possível. Tendo vontade de colocar a tecnologia ao benefício da sociedade, temos caminhos para um futuro melhor. A conferência fica acessível gratuitamente até dia 15 de setembro.