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Com R$ 600 do auxílio emergencial da pandemia, casal cria marca de velas e fatura R$ 1,5 milhão

A empresa de velas aromáticas e cuidados pessoais The Candle Store nasceu em 2020 em um quarto de 10 metros quadrados em Taubaté, interior de SP

14 jun 2025 - 12h10
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Em meio à pandemia de covid-19, em 2020, a empresa de velas aromáticas e cuidados pessoais The Candle Store nasceu dentro de um quarto de 10 metros quadrados, em Taubaté (SP), com apenas R$ 600 — valor do auxílio emergencial disponibilizado pelo governo na época.

Cinco anos depois, o negócio criado por Patrícia Massambani, de 29 anos, e Raul da Silva Garcia, de 31, já alcançou um faturamento de R$ 1,5 milhão e prepara expansão por meio do franchising.

O casal enxergou uma oportunidade de empreender durante a pandemia. Patrícia havia acabado de voltar de um intercâmbio nos Estados Unidos, onde trabalhou como au pair (babá em uma família anfitriã).

Lá, ganhou uma vela perfumada com aroma de café, que despertou nela memórias olfativas marcantes. De volta ao Brasil e com o auxílio emergencial em mãos, decidiu investir na produção artesanal de velas aromáticas vegetais.

"Ela começou com as receitas, testava em casa mesmo. Foi estudando, montou o site, cuidava das fotos e da comunicação. Eu fui cuidando da parte burocrática, das planilhas, dos registros. A gente sempre teve papéis bem definidos desde o início", conta Raul da Silva Garcia.

Ele é formado em Contabilidade e deixou uma carreira de 13 anos na área, incluindo passagens por grandes empresas como a Johnson & Johnson, para se dedicar à The Candle Store em tempo integral.

As primeiras vendas foram feitas para amigos e conhecidos, e, em outubro de 2020, o negócio ganhou um e-commerce próprio. Já no primeiro mês online, o faturamento foi de R$ 6 mil.

O crescimento foi rápido: em poucos meses, o casal deixou o apartamento e se mudou para uma sala comercial. Depois, veio o primeiro galpão de 200 m², que também ficou pequeno. Em menos de um ano, a empresa se transferiu novamente, dessa vez para um espaço de 300 m², onde a produção passou a ser feita de forma totalmente estruturada e profissional.

"Nunca abrimos mão de produzir tudo dentro de casa. Hoje temos uma microindústria, com toda a documentação exigida. A gente sabia que, para crescer com solidez, precisava fazer tudo certo desde o começo", explica o empresário.

A produção atual gira em torno de mil velas por semana. Todo o portfólio é feito com matérias-primas vegetais, como óleo de coco, arroz e palma, o que garante uma queima mais limpa e prolongada — sem o uso de parafina.

Mais de 120 produtos e foco em autocuidado

O portfólio da The Candle Store começou com itens de "air care" — como velas aromáticas, difusores de varetas, essências e sprays para ambientes — e vem crescendo nos últimos anos.

Hoje a marca oferece produtos diversos, incluindo kits presenteáveis e acessórios como acendedores, bandejas e ecobags.

Os produtos mais vendidos variam conforme o canal: no e-commerce, a campeã de vendas é a vela perfumada; nas lojas físicas, o destaque é o home spray. Entre as fragrâncias, as preferidas do público são Cereja Negra e Bambu Imperial.

Os preços variam entre R$ 78 e R$ 168, com kits completos que incluem vela, spray, difusor, blends de óleos essenciais e produtos da nova linha corporal, que chega em breve ao portfólio.

"A gente ouvia muito dos clientes que os produtos estavam associados a momentos de relaxamento e cuidado pessoal. Isso nos motivou a pensar em novas categorias que conversassem com esse universo do bem-estar", diz.

Neste ano, a marca planeja lançar sua primeira linha de body care, com body splash, creme para mãos, creme corporal, óleo hidratante e o Sleep Dream, um spray para uso noturno com óleos essenciais voltados ao sono e relaxamento. Os primeiros produtos devem chegar ao mercado no segundo semestre, e uma ampliação da linha está prevista para 2026.

Expansão com franquias e integração ao e-commerce

A decisão de franquear a marca não foi imediata. Em 2023, os sócios contrataram uma consultoria especializada e começaram a testar o modelo físico com duas lojas temporárias em shoppings de São José dos Campos (SP) e Taubaté.

"Ficamos 14 meses testando tudo: produto, abordagem, operação, comportamento do cliente. Isso foi fundamental para entender a diferença entre vender no online e no físico. E nos ajudou a preparar os manuais e processos para o franqueado", afirma Garcia.

A formatação foi finalizada no começo deste ano, e as vendas das franquias começaram em março.

Em dois meses, a The Candle Store vendeu três unidades — a primeira delas foi inaugurada no Colinas Shopping, em São José dos Campos, e a segunda será aberta em Taubaté.

A terceira está em fase final de implantação em Araçatuba (SP). O plano é fechar 2025 com até 10 unidades comercializadas.

Veja os dados da franquia The Candle Store

  • Investimento inicial total estimado: R$ 128 mil (inclui taxa de franquia, estrutura do quiosque e estoque inicial)
  • Faturamento médio mensal: R$ 35 mil a R$ 55 mil
  • Lucro médio mensal: entre R$ 5,2 mil e R$ 15,4 mil (margem estimada de 15% a 28%, dependendo da operação)
  • Prazo de retorno do investimento: de 14 a 18 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties: não cobra
  • Número de unidades em operação: 1 em funcionamento (São José dos Campos), 2 em implantação (Taubaté e Araçatuba)

"Já fizemos mais de 20 mil envios para todo o Brasil pelo e-commerce e faturamos mais de R$ 4 milhões só com as vendas online. O site já está validado, funciona praticamente sozinho. A ideia agora é que o franqueado entre nesse ecossistema e tenha uma fatia disso também", diz Garcia.

Segundo ele, o modelo de negócio tem operação simples e baixo custo fixo. "O franqueado compra direto da gente, então não precisa se preocupar com fornecedor ou produção. Damos suporte na gestão, treinamento, estoque, marketing, tudo. A gente quer pessoas que gostem do nosso produto, da proposta da marca e que estejam dispostas a crescer junto."

Próximos passos

Além da linha de autocuidado e da expansão das franquias, a The Candle Store pretende reforçar a presença digital e investir em ações de marca para aumentar o reconhecimento nacional. Os planos para 2025 incluem parcerias com influenciadores e novas fragrâncias sazonais.

A meta de faturamento para o próximo ano é ambiciosa: aumentar a receita em 45%. Para isso, a estratégia está centrada em três pilares: franquias, novos produtos e fortalecimento do e-commerce.

"Tudo o que fizemos até agora foi com muito pé no chão, testando, validando, ouvindo o cliente. A gente começou com R$ 600, e esse valor se transformou num negócio que já impacta milhares de pessoas. Agora é continuar trabalhando com consistência e olhar para o futuro com responsabilidade", afirma.

Avaliação de clientes

A The Candle Store acumula cinco avaliações no Google, com nota média de 5 de 5. Os comentários destacam principalmente a qualidade do atendimento e a longa duração dos aromas de ambiente.

No site Reclame Aqui, a empresa não registra nenhuma reclamação.

Analista fala do mercado de aromatização

Especialista em franquias e marcas com foco na experiência e fidelização dos clientes, Giselle Flausino afirma que o setor de aromatização de ambientes é mais do que um mercado de produtos — é um mercado de emoções.

"O cheiro é um elo direto com a memória emocional. Uma fragrância pode nos transportar para um momento feliz, uma viagem marcante ou até para aquele lugar especial, como a loja favorita, um quarto acolhedor ou a clínica onde nos sentimos cuidados", diz.

"Franquias de aromatização não vendem produtos. Vendem sensações. E tudo isso se traduz em retorno financeiro, recorrência e construção de marca."

Segundo ela, o que o consumidor mais valoriza hoje é a capacidade da marca de criar uma identidade olfativa personalizada.

"O cliente deseja mais do que um cheiro agradável. Ele busca pertencimento, bem-estar e identidade. Ingredientes naturais, embalagens elegantes e práticas sustentáveis são importantes, mas o verdadeiro diferencial está no cheiro que ajuda a transformar uma casa em lar, uma clínica em refúgio, um negócio em marca memorável. O cliente quer se reconhecer no cheiro. E quer que o cheiro seja lembrado."

Giselle afirma que não é necessário conhecimento em aromaterapia ou perfumaria para entrar nesse mercado.

"O conhecimento técnico pode ser adquirido, e uma boa franqueadora tem a obrigação de oferecer capacitação completa, desde a introdução à aromaterapia até técnicas de venda sensorial e experiência do cliente. O que não se ensina com facilidade é a sensibilidade para o detalhe e o compromisso com a entrega de valor emocional", declara.

A especialista também destaca que as franquias conseguem se diferenciar de marcas artesanais ou de produtos vendidos em marketplaces pela capacidade de criar valor.

"A diferenciação está na profissionalização e na experiência. Enquanto marcas artesanais entregam produtos, as franquias estruturadas oferecem jornada sensorial, inteligência de estoque, escala comercial e branding consistente. Já marketplaces vendem a preço, e não a valor. O cliente pode até comprar uma vela no marketplace, mas ele lembra do cheiro da sua loja, da embalagem da sua marca, do atendimento encantador. E isso não tem substituto. Quem investe em franquias tem um negócio, não apenas uma loja. Isso muda tudo."

Sobre sazonalidade, Giselle Flausino afirma que, apesar de datas comemorativas impulsionarem as vendas, o consumo de produtos de aromatização é cada vez mais contínuo.

"O brasileiro está aprendendo a usar a aromatização como parte da rotina, não apenas em ocasiões especiais. Franquias inteligentes criam estratégias de assinatura, lançamentos sazonais e programas de fidelidade que sustentam um fluxo de receita previsível e escalável. É um mercado onde o cliente compra pela primeira vez pelo encantamento, e continua pela sensação de bem-estar."

Estadão
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