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Com dólar a R$5,50, não precisamos de tantas reservas internacionais, diz Guedes

6 nov 2020 - 16h18
(atualizado às 18h24)
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira que, com o dólar no patamar de 5,50 reais, o Brasil não precisa de tantas reservas internacionais.

11/11/2010
REUTERS/Nicky Loh
11/11/2010 REUTERS/Nicky Loh
Foto: Reuters

Ao participar do evento Itaú MacroVision, contudo, ele ressaltou que o governo não quer ter "muito menos". Atualmente, as reservas, que são consideradas um seguro contra momentos de forte volatilidade internacional, estão na casa de 355 bilhões de dólares.

Em sua fala, Guedes defendeu que em função da mudança de orientação econômica promovida pelo atual governo o juro básico é mais baixo, com o câmbio "mais em cima". Antes, ele apontou que o real estava sobrevalorizado, o que demandava "muito mais reserva".

"Também não queremos ter muito menos não, nós queremos ser um credor líquido internacional, é uma meta nossa. Nós não vamos queimar reservas", afirmou ele.

"Agora, uma coisa é você estar com a moeda a 1,80, 2, 2,20, 2,80, sobrevalorizada claramente. Outra coisa é você estar a 5,50. Aí você não precisa de tanta reserva para defender uma moeda que não está mais sobrevalorizada", disse.

Ao participar do mesmo evento mais cedo, o diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, afirmou que a autoridade monetária deve atuar no final do ano no mercado de câmbio em função de grande fluxo esperado no país pela questão do overhedge dos bancos.

Kanczuk disse que o BC tem o tema "super bem monitorado", já que a zeragem de overhedge tem que acontecer neste ano e num ambiente com existência de restrições de capital dos bancos e fundos, amarras que podem fazer com que o movimento crie problemas. O diretor pontuou que é trabalho do BC impedir esses problemas.

"O mercado precisa ser espesso, grosso o suficiente para aguentar um fluxo muito grande que vai acontecer no finalzinho do ano, e o Banco Central (está) pensando em alternativas de como não deixar que esse fluxo seja disruptivo", disse ele.

"A gente tem dúvida se mercado tem espessura suficiente para isso e acha que vai precisar dar alguma ajuda para isso não chacoalhar e com isso o Brasil inteiro sair prejudicado", completou.

Kanczuk não especificou qual instrumento o BC deverá empregar para domar essa volatilidade: venda de reservas, swap cambial ou oferta de linhas.

Hoje, a variação cambial dos investimentos dos bancos no exterior não é sujeita à tributação, mas a cobertura de risco (hedge) desses investimentos feita no Brasil, geralmente por meio de contratos futuros de dólar e de cupom cambial, é tributada.

Por conta dessa distorção, o banco tem que contratar 1,90 dólar de hedge para cada 1 dólar em participações no exterior, segundo o BC. Essa cobertura adicional ao valor do próprio investimento é chamada de overhedge.

Após uma mudança na legislação feita neste ano, a variação cambial da parcela com cobertura de risco (hedge) do valor do investimento realizado pelas instituições financeiras no exterior deverá ser tributada a partir do ano que vem.

Para reverterem suas posições de overhedge, os bancos precisarão comprar dólares até o fim do quarto trimestre, o que adicionará pressão ao mercado no período.

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