Brasileiro ainda terá dinheiro caro e crédito curto no Carnaval, mesmo que BC comece a cortar juros
Levar a inflação para o 'redor da meta' continua sendo o objetivo do Copom, segunda a ata publicada nesta terça-feira, 16
Depois de Natal e Ano Novo com juros muito altos, o brasileiro ainda enfrentará um Carnaval com dinheiro caro e crédito curto, mesmo que o Banco Central (BC) comece a afrouxar sua política no começo de 2026 — algo muito incerto neste momento. O afrouxamento, se ocorrer, será provavelmente muito cauteloso. A disposição de manter o aperto por "período bastante prolongado" foi reafirmada na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada nesta terça-feira, 16.
A publicação do comunicado coincidiu com a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), também conhecido como "prévia do PIB". E outubro o indicador caiu 0,2% em relação a setembro, o dobro da baixa estimada por economistas do mercado financeiro.
A decomposição do índice mostra a produção industrial com baixa de 0,7%, queda de 0,2% nos serviços e alta de 3,1% no volume produzido na agropecuária. As perdas estimadas para indústria e serviços são interpretáveis como efeitos dos juros elevados já em vigor no País.
A taxa básica de 15%, válida a partir de junho, é a maior dos 19 anos contados a partir de julho de 2006, quando houve a redução de 15,25% para 14,75%. Mas um novo aumento dos juros básicos poderá ocorrer, se for julgado necessário, adverte o Copom em seu informe.
A inflação tem recuado e a taxa mensal chegou a 0,18% em novembro, atingindo o menor nível para esse mês desde 2018. Mas a alta de preços acumulada em 12 meses ainda bateu em 4,46%, pouco abaixo do teto, 4,5%, e bem acima do centro da meta, 3%. Levar a inflação para o "redor da meta" continua sendo o objetivo do Copom, segunda a ata publicada nesta terça-feira.
A intenção declarada é alcançar esse objetivo no "horizonte relevante", isso é, em cerca de um ano e meio. Pela mediana das projeções do mercado, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve chegar a 4,10% até o fim de 2026 e a 3,80% no ano seguinte. Se as finanças públicas continuarem desarrumadas pela gastança, o combate à alta de preços continuará a depender exclusivamente, ou quase, da política de juros do BC, mesmo se a oferta de alimentos se mantiver satisfatória.