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Blairo e Tereza Cristina pedem divulgação da lista de fiscais pagos pela JBS

Lista traz 200 servidores do Ministério da Agricultura que estariam sendo investigados por envolvimento em supostas irregularidades no processo de inspeção animal

27 nov 2018 - 19h11
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BRASÍLIA - O ministro da Agricultura, Blairo Maggi e sua sucessora, Tereza Cristina, pediram nesta terça-feira a divulgação, "o mais rápido possível", da lista de 200 servidores da pasta que estariam sendo investigados por envolvimento em supostas irregularidades no processo de inspeção animal. A lista foi citada pelo empresário Wesley Batista, da JBS, em depoimento durante delação premiada feita ao Ministério Público. Segundo o empresário, a companhia pagaria servidores para trabalhar fora do expediente em suas plantas de abate animal.

De acordo com Maggi, os 600 novos veterinários contratados pelo Ministério após a série de operações de Polícia Federal e do Ministério Público vivem sob incerteza no sistema de fiscalização. Essa insegurança, segundo ele, ocorre porque os novos fiscais sanitários, 300 concursados e 300 temporários, não sabem se estariam trabalhando com investigados.

"Quanto mais rápido vier à tona a tal da lista de 300, ou de 200, que todo mundo fala, seria melhor para o sistema, para o Ministério, para todo mundo", disse. "Esses novos (veterinários) estão trabalhando com fiscais mais velhos e eles não sabem quem está ao seu lado. O grau de confiança é afetado e estou vendo esse nosso serviço com muitos problemas em função de não saber quem é quem nesse processo. Estamos passando por momentos muito difíceis", completou.

A posição foi endossada por Tereza Cristina. "A gente precisa conhecer de fato (a lista) para tomar, o mais rapidamente, as ações, porque Brasil é grande exportador de carne, as empresas e o ministério fazem o dever de casa", disse Tereza Cristina. "Precisamos ter isso exposto para poder avançar, Brasil precisa ter credibilidade, tendo credibilidade, temos muitos mercados para abrir." Também o deputado Marcos Montes (PSD-MG), indicado como futuro secretário executivo, pediu acesso à lista.

O vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Pedro de Camargo Neto, alerta para o potencial prejuízo que a divulgação das listas da JBS e também dos funcionários envolvidos nas irregularidades investigadas pela operação Trapaça, que teve como alvo a BRF, pode trazer ao comércio de proteína animal, pela perda de credibilidade do sistema de inspeção.

"A questão direta é que as leniências da BRF e da JBS citam funcionários públicos, mas estão resolvendo só o lado privado", disse. As investigações se focam nas empresas e os funcionários delatados ficam esquecidos, segundo avaliou. "A leniência deveria ter dois lados, o público e o privado", defendeu. Crimes e fraudes de menor porte deveriam ser punidos com multas de pequeno valor e as irregularidades grandes, com multas elevadas. "E viramos a página dessa triste historia."

O presidente da BRF, Pedro Parente, esteve na segunda-feira no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funciona o escritório de transição, para uma reunião com a futura ministra da Agricultura. Ela informou que foi uma visita de cortesia. O Estado informou na segunda-feira que a BRF está pressionando ex-executivos a colaborar num acordo de leniência, considerado peça fundamental para sua reestruturação. A empresa perdeu R$ 16 bilhões em valor de mercado em 12 meses./COLABORARAM LU AIKO OTTA, JULIA LINDNER E LUISA MARINI, ESPECIAL PARA O ESTADO

Estadão
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