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BB: 808 clientes em recuperação judicial no agro somam R$ 5,4 bilhões em créditos vencidos, diz CEO

Segundo Tarciana Medeiros, a carteira do agro do BB tem 600 mil clientes e, dos 20 mil com atrasos, 74% nunca tinham apresentado inadimplência com o banco até dezembro de 2023

15 ago 2025 - 14h06
(atualizado às 14h10)
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A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, afirmou que a carteira do agronegócio do banco tem 808 clientes em recuperação judicial, somando dívidas de R$ 5,4 bilhões. As declarações foram dadas, nesta sexta-feira, 15, em teleconferência para comentar os números do segundo trimestre — na véspera, o banco reportou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, queda de 60,2% em relação ao mesmo período de 2024.

Segundo a CEO, a carteira do agro do BB tem 600 mil clientes e, dos 20 mil inadimplentes, 74% nunca tinham apresentado inadimplência com o banco até dezembro de 2023. Ainda, a executiva detalhou que, dos clientes inadimplentes, 52% estão nas regiões centro-oeste e sul do País, e alavancados (com dívida) em soja, milho e bovinocultura.

'Não vamos fugir da realidade e o resultado de 2025 estará aquém de nossa capacidade', disse Tarciana Medeiros
'Não vamos fugir da realidade e o resultado de 2025 estará aquém de nossa capacidade', disse Tarciana Medeiros
Foto: Daniel Teixeira/Estadão / Estadão

Na teleconferência, Tarciana Medeiros entregou uma mensagem de compromisso e segurança em relação aos próximos passos do banco e ainda fez um apelo aos investidores para que busquem informações em fontes confiáveis sobre o banco.

"Não vamos fugir da realidade e o resultado de 2025 estará aquém de nossa capacidade", afirmou. O balanço do banco tem sido afetado desde o primeiro trimestre por grande inadimplência em sua carteira do agronegócio, a qual exigirá mais provisões para créditos duvidosos no terceiro trimestre.

Ela reiterou que o BB deve retomar o crescimento da rentabilidade, dizendo que o BB está focado em trazer mais segurança para a carteira de crédito e mitigar riscos. "Estamos buscando a reversão rápida desse quadro", afirmou. "Passo recado aos pequenos investidores, para que se pautem por relatórios sérios; não ouçam fake news, vídeos sensacionalistas e informações incompletas."

'Temos sido vítimas de escritórios de advocacia'

Segundo ela, o BB era conhecido como banco que não protesta em pedidos de recuperação judicial e não buscava garantias. "Isso mudou", disse. Ao mesmo tempo, temos sido vítimas de escritórios de advocacia que orientam e passam informações para os nossos produtores e os esterilizam no sistema financeiro. "Temos conversado com os clientes e explicado sobre isso", afirmou.

Os 808 clientes da carteira do agro em recuperação judicial estão concentrados no segmento de private banking e são produtores rurais que se alavancaram (fizeram dívidas para produzir) em 2021 e 2022.Desde 2020, é autorizado que pessoas físicas com personalidade parecida com pessoas jurídicas utilizem o instrumento da recuperação judicial para renegociar suas dívidas. "Temos clientes na recuperação judicial em que de fato esse é o caminho, mas tenho parcela significativa das recuperações judiciais que são fruto de má orientação e consultoria", afirmou.

Ela observou que até o final de 2023, o banco não vinha registrando volumes grandes de pedidos de recuperação judicial vindo de pessoas físicas, apesar do parecer favorável para o uso do instrumento venha de 2020. "Vimos que haviam consultorias orientando para que produtores, incluindo os menores, entrassem em RJ e agora estamos entendendo e conseguindo dar consultoria melhor a esses clientes", disse.

Ela afirmou ainda que o BB acata a decisão da Justiça, que deferiu os pedidos de recuperação judicial, mas analisa juridicamente a possibilidade de acionar a Justiça contra pedidos abusivos.

'Somos o banco do agronegócio no Brasil'

Tarciana Medeiros disse que a instituição, com 50% do mercado de agronegócio do Brasil, é a principal do segmento e vai continuar sendo.

As especificidades do agro no Brasil, segundo Tarciana, não têm muito paralelo no mundo. Ela contou que o banco foi fazer uma pesquisa com pares internacionais para ver se haveria casos semelhantes aos do BB, mas só encontrou algo um pouco semelhante na Holanda.

"Éramos conhecidos como o banco que não protesta, não buscava garantias, isso mudou", disse Tarciana, ressaltando que o BB também tem buscado o judiciário para resolver determinados problemas no crédito. "Vamos continuar diligentes e ainda mais próximos dos clientes", disse.

Crédito para pequena empresa

A CEO afirmou que o guidance (tendência) de crescimento de 0% a 3% em 2025 da carteira de crédito para empresas não significa que o banco vai parar de emprestar para a micro e pequena empresas, onde tem havido aumento na inadimplência.

"Temos inadimplência controlada na nova safra de crédito que está sendo contratada e vamos plotar o cliente na matriz de resiliência", disse, fazendo referência aos ajustes que estão feitos para a concessão de crédito. "Temos espaço para crescer no PME, temos formação de carteira nova, com desembolso de recursos controlado", acrescentou.

Ela explicou que para crescer zero a três, o BB precisaria repor todos os valores que estão sendo amortizados. "Isso vai acontecer com cessão de crédito em clientes que tenham condição de tomar o crédito e vamos buscar manutenção de adimplência nos que já tomaram, com consultoria, para que entenda que o crédito mais adequado é aquele que tem", afirmou.

No crédito do atacado, o vice-presidente de negócios do atacado, Francisco Lassalvia, afirmou que o banco trabalha na cadeia, uma vez que o crédito concedido no topo da pirâmide afeta os que estão abaixo da cadeia. "Quando se conhece toda a cadeia, o risco diminui", afirmou.

O vice-presidente de controles internos e gestão de risco do BB, Felipe Prince, lembrou que uma comparação relevante sobre a inadimplência no atacado é que os vencimentos mais curtos têm taxas de inadimplência inferior aos vencimentos mais longos.

R$ 7 bi no consignado

Tarciana Medeiros afirmou que a carteira de crédito consignado alcançou R$ 7 bilhões em agosto, citando ainda que 95% das empresas fizeram a consignação do salário do trabalhador, o que amplia a segurança do produto.

De acordo com ela, a base de clientes é segura e interessante, já que 80% são clientes do banco. "São 115 mil empregadores, e o consignado privado nos trouxe 104 mil novos clientes", afirmou.

O Banco do Brasil alcançou R$ 4,53 bilhões concedidos por meio do novo crédito consignado privado no segundo trimestre, que o banco passou a oferecer em março deste ano. De acordo com o banco, foram contratadas mais de 433 mil operações no segundo trimestre, com taxa média de 2,83% ao mês e prazo médio de 29 meses.

Estadão
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