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Ata do Copom: Juro continuará 'contracionista' por período prolongado, com incerteza externa maior

Membros do colegiado disseram que não hesitarão em retomar o ciclo de ajuste da Selic caso julguem apropriado; na última reunião, taxa de juros foi mantida em 15%

5 ago 2025 - 09h01
(atualizado às 12h21)
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BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou nesta terça-feira, na ata da última reunião do colegiado, que a elevada incerteza no cenário demanda uma maior cautela na condução da política monetária, e reforçou a disposição para reagir, se necessário.

"O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste (dos juros) caso julgue apropriado", diz a ata. A reunião, realizada na semana passada, manteve a taxa Selic em 15% ao ano.

Sede do Banco Central, em Brasília
Sede do Banco Central, em Brasília
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

De acordo com o Copom, a redução das expectativas para a inflação futura exige uma política de juros significativamente contracionista - ou seja, que esfriem a atividade econômica - por período bastante prolongado, de forma a assegurar a convergência da inflação à meta, de 3%. Segundo o BC, o cenário atual é marcado por projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, que tem se mostrado muito aquecido.

O colegiado repetiu as suas projeções de inflação acumulada em 12 meses para 2025 (4,9%), 2026 (3,6%) e o primeiro trimestre de 2027 (3,4%). Todas as estimativas estão acima do centro da meta, de 3%.

Impactos do tarifaço

A Ata do Copom também fala sobre os impactos das tarifas impostas pelo governo americano para produtos importados do Brasil sobre a economia doméstica. Para o colegiado, esses efeitos vão depender de negociação e percepção de risco.

O documento do encontro de julho traz um longo parágrafo sobre o tarifaço e suas possíveis consequências. No de junho, não havia uma citação explícita à decisão do presidente americano, Donald Trump. Foi em 9 de julho que os EUA decidiram aplicar, além dos 10% de alíquota recíproca, uma taxa maior para o Brasil, de 40%. Enquanto os membros se reuniam no Copom, os EUA informavam que quase 694 produtos estariam sem esse acréscimo.

De acordo com a ata, o cenário externo está mais adverso e incerto do que antes. "Se, de um lado, a aprovação de alguns acordos comerciais, assim como os dados recentes de inflação e atividade da economia norte-americana poderiam sugerir uma situação de redução da incerteza global, de outro, a política fiscal e, em particular para o Brasil, a política comercial norte-americanas tornam o cenário mais incerto e mais adverso", considerou o colegiado.

Para a cúpula do BC, a elevação por parte dos Estados Unidos das tarifas comerciais para o Brasil tem impactos setoriais relevantes e impactos agregados ainda incertos a depender de como se encaminharão os próximos passos da negociação e a percepção de risco inerente ao processo.

"O Comitê acompanha com atenção os possíveis impactos sobre a economia real e sobre os ativos financeiros. A avaliação predominante no Comitê é de que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela", trouxe o documento.

Como usual, o Comitê informa que focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica de inflação interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo.

Possibilidade de corte do juro

Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, o Copom evitou sinalizar na ata a possibilidade de corte da taxa básica de juros, afirmando que a inflação está desacelerando, mas segue acima da meta, e apontando que o cenário econômico externo está mais incerto e adverso.

"O Copom se esforçou para sinalizar que os desenvolvimentos recentes em atividade e inflação não alteram sua avaliação de que o trabalho da política monetária está longe de concluído, e que ainda é necessária cautela adicional à frente", afirmou, em relatório.

Para Megale, a dinâmica inflacionária deve melhorar no segundo semestre, principalmente por causa da queda dos preços no atacado, mas também porque a atividade econômica parece perder fôlego. "Adicionalmente, os dados mais recentes do mercado de trabalho dos EUA sugerem que o Federal Reserve poderá retomar seu ciclo de cortes antes do esperado", acrescentou.

A XP prevê que o Banco Central começará a reduzir a Selic em janeiro, com um corte inicial de 0,50 ponto porcentual, sucedido por outros quatro da mesma magnitude que levarão a taxa a 12,50%. "Um corte antecipado (em dezembro) nos parece mais provável do que um movimento postergado", disse Megale.

Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, também ressaltou as elevadas incertezas com o ambiente externo adverso apontadas na ata. "Nesse cenário de incerteza, é preciso ter cautela. Quando você não tem certeza do que vai acontecer, tende a não tomar grandes medidas, porque não sabe o que virá à frente", disse o economista. "Assim, o BC tenta sinalizar que é preciso esperar a poeira baixar para recalcular a rota da política monetária", diz.

Para Salles, por ora, está mantida a visão de Selic estável por tempo prolongado, por conta da dificuldade em sinalizar grandes novidades nesse cenário. Em relação ao início dos cortes no juro básico, o economista avalia que a desaceleração do mercado de trabalho é crucial para adotar essa medida. / Com Gustavo Nicoletta e Anna Scabello

Estadão
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