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Após ser chamado de traidor, Bolsonaro diz a policiais: 'Vou resolver o caso de vocês, viu?'

Presidente foi alvo de protestos na Câmara dos Deputados após impasse com a reforma da Previdência; Alexandre Frota afirmou que vai apresentar destaque ao relatório da proposta para essa categoria

3 jul 2019 - 11h35
(atualizado às 15h41)
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Após ter sido chamado de traidor por policiais civis e federais, em razão de um impasse envolvendo a aposentadoria da categoria na discussão da reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro indicou nesta quarta-feira, 3, em chegada a evento em São Paulo, que pretende atuar para solucionar a questão. Enquanto se dirigia ao local do evento, apontou para um grupo de policiais militares a trabalho e disse: "Vou resolver o caso de vocês, viu?".

As regras de aposentadoria de policiais militares, porém, não serão tratadas neste momento da reforma da Previdência, porque são equiparadas às dos militares das Forças Armadas, que serão discutidas em outro projeto.

Parte da bancada de policiais do PSL na Câmara dos Deputados ameaça não votar a reforma da Previdência caso as demandas da classe não sejam atendidas. Os parlamentares ligados ao setor de segurança pública querem regras mais brandas de aposentadoria para a categoria do que as previstas atualmente na proposta.

Eleito com uma pauta fortemente ligada à segurança pública, Bolsonaro foi chamado na terça-feira, 2, de traidor por profissionais da categoria, em protesto na Câmara dos Deputados. Ainda na manhã desta quarta, o presidente afirmou que os policiais podem "ficar tranquilos" em relação à reforma da Previdência. "A reforma da Previdência atenderá a todos, fiquem tranquilos meus colegas das forças auxiliares, o sacrifício tem de ser dividido por todos", afirmou.

Logo antes de falar da reforma, Bolsonaro se dirigiu ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP) também presente no evento, e disse: "Sabemos da dificuldade que todo governador tem para conduzir o destino do seu Estado, parabéns pela forma como conduz o meu, o nosso Estado de São Paulo. É difícil, mas cumpriremos essa missão".

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Na manhã desta quarta-feira, o presidente participa de solenidade de posse do novo comandante do Comando Militar do Sudeste, general Marco Antonio Amaro, que assume no lugar do general Luiz Eduardo Ramos, que será o novo ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, substituindo o general Carlos Alberto dos Santos Cruz.

Alexandre Frota pretende furar 'silêncio' do PSL

Enquanto isso, o coordenador da bancada do PSL na Comissão Especial da reforma da Previdência, deputado Alexandre Frota (SP), contou que estuda apresentar um destaque ao relatório da proposta para abrandar as regras de aposentadoria para as carreiras de policiais federais e policiais rodoviários federais, atendendo forte pressão das categorias.

A iniciativa de Frota vai na contramão do acordo que está sendo costurado entre os partidos para que nenhum deles apresente destaques com o objetivo de não atrasar a votação do parecer no colegiado. Frota também está fazendo um movimento contrário ao posicionamento do seu próprio partido, que ontem emitiu nota declarando que não apresentaria tais pedidos de mudança.

Para driblar essa orientação do PSL, Frota irá apresentar um destaque em seu nome, individual, e não de bancada, que seria um pedido endossado pela legenda. A diferença é que os nominais podem ser rejeitados em bloco, sem que sejam analisados um por um. A tendência, inclusive, é de que todos esses pedidos individuais sejam derrubados de uma vez.

Caso Frota concretize a intenção, ele deverá deixar para a última hora a formalização do destaque. Ele quer recuperar uma emenda que requer a redução da idade mínima das policiais mulheres de 55 anos para 52 anos, mudanças nas regras de pensão por morte, entre outros pontos.

Bolsonaro diz que política mudou, rejeita pacto assinado no papel e cobra exemplo

Bolsonaro afirmou ainda que a "a política mudou", rejeitou a necessidade de um "pacto assinado no papel" e cobrou que os Poderes Executivo e Legislativo deem o "exemplo". A declaração foi dada um pouco mais de um mês depois de os Três Poderes da República - o Executivo, o Legislativo e o Judiciário - terem negociado um pacto que representou um compromisso das instituições com as reformas prometidas pelo governo.

Estadão
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