Após ameaça de greve dos caminhoneiros, ainda há protestos pontuais, sem bloqueio de rodovias
Segundo a PRF, não foi registrada interdição em nenhuma estrada federal; Plínio Dias, presidente da CNTRC, entidade que convocou a paralisação, diz que aos poucos motoristas estão aderindo
As manifestações de caminhoneiros continuam ocorrendo pelo País nesta terça-feira, 27, segundo representantes da categoria. Os atos, iniciados no último domingo, seguem com protestos pontuais nas margens de rodovias, com extensão de faixas nos acostamentos e veículos paralisados em postos de combustíveis. Não há relatos de interrupção do fluxo das estradas, tanto federais quanto estaduais. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) não registrava até o começo da tarde nenhum ponto de bloqueio ou interdição em rodovia federal, informou em nota enviada ao Estadão/Broadcast.
O presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Dias, disse que a mobilização está dentro do planejado pela entidade, que convocou os atos. "Está tudo parado nos pontos previstos, como o Porto de Santos. Nos demais pontos, também há adesão. Aos poucos, motoristas estão aderindo. É o efeito cascata, como esperávamos", afirmou Dias.
Ele estima que há protestos em pelo menos 23 Estados e reforça que os atos seguirão por tempo indeterminado. Segundo Dias, há rumores nos piquetes de que os preços dos combustíveis poderão ser reajustados novamente nesta semana. "Se ocorrer, é jogar gasolina no fogo", afirmou.
No Porto de Santos, a entrada e a saída de caminhões no terminal portuário estava normal na manhã desta terça-feira, segundo as autoridades portuárias da região. Um grupo de cerca de 30 manifestantes carregando faixas promove manifestação pacífica, sem interdição do tráfego, iniciada na segunda-feira, 26, na margem direita do terminal, na Avenida Augusto Barato.
As informações são da Autoridade Portuária de Santos (SPA), da Comissão Estadual de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis do Estado de São Paulo (Cesportos) e do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), divulgadas em nota conjunta enviada à reportagem. Segundo as autoridades portuárias, na margem esquerda, na região do Guarujá, o acesso ao porto ocorre normalmente e não há registro de nenhuma anormalidade. "O trânsito permanece liberado, com acompanhamento de autoridades locais. O Porto de Santos opera normalmente", disseram, na nota.
As reivindicações dos caminhoneiros incluem mudança da política de preços da Petrobras, para combustíveis de Paridade de Importação (PPI) para Paridade de Exportação (PPE); o cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário; aposentadoria especial e mudanças no projeto do governo federal para cabotagem.
O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, estima que mais de cem pontos de protestos foram formados pelo País em 15 Estados na segunda-feira. As informações sobre a manifestação desta terça ainda estão sendo mensuradas, segundo Litti.
As incertezas quanto ao rumo do movimento também permanecem, já que a realização da greve não é uma decisão unânime na categoria. Outro ponto que inibe a adesão dos caminhoneiros é o fato de que, por serem autônomos, a paralisação é vista por alguns transportadores como "dias de prejuízo". Alguns sindicatos ainda vão decidir se aderem ou não ao movimento, como o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), que decidirá na quarta-feira, 28, sobre a participação. Há também a possibilidade de adesão de motoristas de aplicativos nos atos ao longo da semana.
Nos bastidores, líderes de entidades que não aderiram aos atos questionam a credibilidade dos movimentos e das associações envolvidas. "As pessoas que polemizam nos grupos de WhatsApp e instigam paralisação não possuem representatividade legal perante a categoria. Buscam interesses próprios e projeção políticas", afirmou um representante dos transportadores autônomos.
Dias, do CNTRC, contudo, nega as acusações de envolvimento de pauta política nos atos e de possível ligação dos protestos a grupos políticos ou partidos de esquerda. "Muitos caminhoneiros estão falando mal do Conselho. Essas acusações não procedem. Nossa pauta não tem a ver com politicagem. A pauta é pela sobrevivência da categoria", afirmou.