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Anfitrião pode pedir que hóspede cancele reserva para 'cobrar mais'? Entenda seu direito

Internauta viralizou ao expor conversa com anfitrião em que é solicitada a cancelar reserva para viagem de Ano Novo

17 jul 2025 - 04h59
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Resumo
Anfitriões não podem pressionar hóspedes a cancelarem reservas para aumentar preços, pois essa prática contraria regras das plataformas e o Código de Defesa do Consumidor, podendo gerar penalidades e demandas judiciais.
Anfitrião pode pedir que hóspede cancele reserva para 'cobrar mais'? Entenda seu direito
Anfitrião pode pedir que hóspede cancele reserva para 'cobrar mais'? Entenda seu direito
Foto: Getty Images

A difusão de plataformas de hospedagem, como o Airbnb, ampliou a gama de possibilidades para turistas que não perdem a oportunidade de viajar, mas também buscam evitar a burocracia de hotéis e similares. Por outro lado, aumentou a quantidade de 'perrengues' que não só causam dor de cabeça ao viajante, mas que também podem parar na Justiça. 

Nas redes sociais, uma cliente expôs uma abordagem 'inusitada' de um anfitrião, responsável pelo apartamento que ela tinha alugado para passar o Ano Novo com amigos. Prints da conversa, então, viralizaram e deram visibilidade ao 'perrengue' (veja abaixo). 

A hóspede, identificada na web apenas como Amanda, relata que após a confirmação da reserva, o anfitrião teria pedido que ela fizesse o cancelamento pois, segundo ele, o apartamento 'não estava aberto para locação' e apontou 'erro no sistema'. 

No decorrer da troca de mensagens pela própria plataforma do Airbnb, o anfitrião, identificado apenas como Angelo, justifica que o valor pago por Amanda 'estava errado'. O homem afirma, ainda, que o custo seria 'maior, baseado em valores de anos anteriores'. 

"Que legal, hein Airbnb? Tentando alugar um 'apê' para passar o Ano Novo e o anfitrião mandando mensagem, pedindo para cancelar porque ele quer cobrar mais caro", publicou a internauta, em post que já foi visualizado por mais de 5 milhões de pessoas no X. 

Após a repercussão, a usuária voltou à rede social para informar que a hospedagem havia sido mantida pelo anfitrião. O Airbnb, por sua vez, afirmou que a Política de Cancelamento por Anfitriões prevê 'penalidades' em caso de cancelamento de reservas pelo responsável pela hospedagem. 

Segundo a plataforma, são previstos o 'bloqueio do calendário do anúncio para os dias da reserva cancelada, ter o anúncio ou conta suspenso ou removido e cobrança de taxa', entre outras penalidades (veja o posicionamento, na íntegra, abaixo). 

Cancelamento unilateral fere Código de Defesa do Consumidor

O caso de Amanda foi solucionado por meio da própria plataforma, mas há situações em que o hóspede pode judicializar casos como o narrado pela internauta, como prevê o Código de Defesa do Consumidor (CDC), de acordo com a advogada Gabriela Mangini Stang, especializada em Direito do Consumidor. 

Segundo Gabriela, 'a conduta fere direitos básicos do consumidor previstos no art. 6º do CDC', como o direito à informação clara e adequada sobre os serviços contratados, incluindo o preço, bem como a proteção contra publicidade enganosa ou abusiva. 

"Além disso, há violação direta às regras sobre oferta e sua obrigatoriedade (art. 30 e art. 35 do CDC), uma vez que o fornecedor é obrigado a cumprir integralmente os termos da oferta após a aceitação pelo consumidor", explica a advogada.

Para o advogado João Carneiro, especialista em Direito do Consumidor e vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor da OAB do Mato Grosso do Sul, o pedido do anfitrião para que a hóspede cancele a reserva é, também, uma 'forma de burlar as regras da própria plataforma'. 

"A pessoa vai e, de forma totalmente equivocada, tenta pressionar o consumidor a cancelar. Até tentam entrar em negociações, mas não pode fazer isso. É uma modificação unilateral do contrato estabelecido entre as partes. Da mesma forma quando o consumidor faz o contrato, ele tem o cancelamento em até 24 horas, de graça, e depois disso tem multa. Ele está vinculado a aquele contrato", afirma Carneiro. 

Como exceção à regra, Gabriela cita que casos de 'erro material evidente' como quando, se por falha do sistema, o valor da diária for divulgado como, por exemplo, R$ 30 ao invés de R$ 300. "É possível reconhecer o equívoco e proceder com a correção, desde que demonstrada a discrepância evidente entre o valor publicado e a realidade de mercado". 

Como o hóspede pode se proteger

Para a advogada, o consumidor que for surpreendido pelo cancelamento de uma reserva, de forma inesperada e sem justificada, deve, inicialmente, tentar uma solução extrajudicial junto à plataforma, como o Airbnb, solicitando o cumprimento da reserva nas condições originalmente contratadas. 

Se o contato com a plataforma não for suficiente, o cliente também poderá exercer seus direitos, previstos no artigo 35 do CDC, que prevê alternativas em caso de 'recusa injustificada do fornecedor em cumprir a oferta ou publicidade'. 

"Nessas hipóteses, o consumidor pode optar por: exigir o cumprimento forçado da obrigação, ou seja, requerer que a hospedagem ocorra conforme os termos contratados; aceitar outro serviço equivalente, como nova hospedagem de padrão e valor semelhantes, oferecida pela plataforma ou anfitrião; rescindir o contrato, com direito à devolução integral dos valores pagos, devidamente corrigidos, além de indenização por perdas e danos, caso tenha sofrido prejuízos financeiros ou transtornos. 

Ambos os advogados orientam, também, que o consumidor documente a negociação, salvando prints da oferta original, mensagens trocadas com o anfitrião e a plataforma, comprovantes de pagamento e eventuais despesas adicionais geradas pelo cancelamento. 

"Esses documentos serão essenciais caso seja necessário ajuizar uma ação judicial para garantir o cumprimento da obrigação ou buscar a devida indenização por danos materiais e morais", diz Gabriela. 

Eles também orientam que o consumidor se atente à hospedagem escolhida antes da confirmação da reserva, como forma de proteção: "Existem regras, nessas plataformas, sobre cancelamento e elas variam de caso a caso, então é muito importante ler as regras do negócio onde você está entrando", diz Carneiro. 

"A própria plataforma disponibiliza o histórico e a fama do anfitrião, veja se tem comentários, reclamações. Saia da plataforma, na eventualidade de ser um hotel ou uma pousada, vá no Reclame Aqui, veja o histórico da empresa. Busque por informações nas redes sociais, porque às vezes a empresa não tem informação nenhuma, o que é algo para acender o alerta, também", finaliza o advogado. 

Leia, na íntegra, a nota do Airbnb abaixo: 

"O Airbnb ofereceu suporte ao hóspede, que já efetuou uma nova reserva na plataforma.

Embora cancelamentos feitos por anfitriões sejam raros, o Airbnb entende que alguns cancelamentos podem atrapalhar os planos dos hóspedes e prejudicar a confiança na comunidade do Airbnb.

Por esses motivos, se o anfitrião cancelar uma reserva confirmada ou for considerado responsável por um cancelamento, a Política de Cancelamento por Anfitriões prevê algumas penalidades, como a cobrança de taxas, o bloqueio do calendário do anúncio para os dias da reserva cancelada, ter seu anúncio ou conta suspensos ou removidos, e podem até perder o status de Superhost, quando aplicável.

No caso de cancelamentos, os hóspedes podem sempre contar com o suporte do Airbnb, disponível 24 horas por dia, sete dias da semana, ou acessar a Central de Ajuda do Airbnb. 

Os valores correspondentes às acomodações anunciadas no Airbnb são definidos pelos próprios anfitriões, que possuem total autonomia para gerenciar e personalizar seus anúncios, como a definição da disponibilidade da acomodação e a fixação do preço por noite."

Fonte: Redação Terra
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