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Artigo: É muito pesado este fardo

Há necessidade de definir prioridades e estratégias na produção de alimentos

20 mar 2023 - 11h47
(atualizado às 14h54)
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artigo produzido por Nelson Moreira 

O grande desafio do Brasil é prover o mundo de alimentos, biocombustíveis e fibras com sustentabilidade. Essa afirmação é de Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agropecuária. Esta afirmação levantou um questionamento.

Será que não estão colocando um peso muito grande sobre os produtores brasileiros? Criando uma expectativa para além das possibilidades do país? Será que é tarefa do Brasil alimentar parte do mundo ou alimentar os seus primeiro?

Coloquei esta pergunta para colegas jornalistas e recebi estas respostas:

"É uma boa discussão, Nelson. Também questiono sempre a falácia da "autossuficiência". Somos maiores produtores de soja, carnes, café, nem por isso os brasileiros tem acesso. Será que a Argentina está errada em sobretaxar as exportações? O produtor precisa de renda, mas os brasileiros precisam de alimento que possam pagar. Não estou preocupada em alimentar os chineses", disse Joseani Antunes, jornalista da Embrapa Trigo.

"Na minha opinião, não podemos ser o maior produtor de alimentos do mundo e não ter, aqui no Brasil, comida barata e quase 50% da população vivendo com insegurança alimentar. Umas das soluções seria taxar os mega produtores, aqueles que produzem visando apenas o mercado externo e com esses valores subsidiar o alimento destinado a população interna", comenta Leonardo Wink, editor da revista Destaque Rural.

"É o que eu venho dizendo e não maldizendo, o agro e a agricultura familiar precisam ser repensadas. Tem muita coisa errada e outros erros a caminho, que podem, no futuro próximo, desencadear num desequilíbrio para os dois setores e, consequentemente, na segurança alimentar do país e dos nossos fregueses", opina Antônio Oliveira, jornalista da Centro Oeste Rural.

Sim, podemos repetir que temos grande extensão de área disponível para plantar, água, tecnologia e que já estamos atingindo níveis de produtividade bastante importantes, assim como a repetida frase: somos o celeiro do mundo.

Foto: Climatempo

Foto: Getty Images 

Posso estar imaginando coisas - mas qual é a intenção de colocar o Brasil nesta posição? 

A de que é responsabilidade do país ser o produtor de alimentos para toda a população mundial ou pelo menos parte dela? De que no cenário geopolítico ao nosso país só cabe esta posição e não a de quem pode produzir tecnologias necessárias para o mundo?

Claro, vender alimentos para outros países é bom, traz divisas, permite trocas por produtos que não temos, mas qual é o custo disto? Este é aquele momento no qual seria importante questionarmos como nação para onde queremos ir e o que queremos fazer com estas riquezas que temos?

Se vale a pena ser um país produtor e exportador ou se devemos exportar um tanto e retomar a produção para alimentar brasileiros que passam fome. Porque não adianta ter este título de grande produtor mundial de alimentos se grande parte dele vai para dar de comer a outros, enquanto os que moram aqui, nada têm.

O fato é que parece um fardo muito pesado para carregar, esta ideia de que o Brasil tem que alimentar o mundo. De qual Brasil estamos falando? De qual mundo? Precisamos conhecer melhor este Brasil para podermos definir prioridades e estratégias na produção de alimentos. Assim não criamos mais distorções das que já temos.

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Climatempo
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