1 em cada 5 aposentados que tentou desbloquear empréstimo consignado no INSS não conseguiu
Desde o final de maio, 22% dos aposentados e pensionistas tiveram seu pedido negado, a maior parte por falta de biometria facial; procurado, o INSS não se manifestou
Desde o final de maio, 22% dos aposentados e pensionistas que tentaram desbloquear o consignado do INSS não conseguiram, de acordo com dados da Dataprev obtidos pelo Broadcast. Foram 1,2 milhão de segurados buscando o desbloqueio entre 23 de maio e 20 de junho, mas 264 mil tiveram os pedidos negados.
Procurado, o INSS não se manifestou até a publicação desta reportagem.
A maior parte das negativas, ou 70%, se deu pela falta de cadastro da biometria facial na base do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o INSS tem utilizado para cruzar informações. Outros 30% têm o rosto cadastrado, o que indica que outros problemas levaram à negativa.
O bloqueio de empréstimos consignados foi estabelecido em maio para todos os aposentados e pensionistas depois da fraude de descontos do INSS.
Executivos do setor bancário consultados pelo Broadcast apontam uma série de gargalos no modelo de desbloqueio que está em vigor. O primeiro diz respeito à idade dos aposentados: como o voto deixa de ser obrigatório a partir dos 70 anos, muitos não têm informações atualizadas junto ao TSE, e por isso estão sem a biometria cadastrada.
Além disso, segundo os bancos, o modelo impede que usuários de próteses e pessoas com deformidades faciais tenham a identidade confirmada.
Os bancos defendem que o INSS passe a permitir o desbloqueio a partir do login na conta Gov.br com dados bancários, por representantes legais e também que o Instituto se conecte a outras bases de biometria, como as dos Detrans e a da Polícia Federal.
Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que o número total de beneficiários que conseguiram desbloquear o consignado, de 912 mil até o dia 20, é muito baixo.
Para contratar o crédito, o beneficiário tem de acessar o aplicativo Meu INSS e pedir o desbloqueio com a leitura facial. De acordo com os bancos, os dados do crédito consignado mostram que essa solução não atinge a todo o público da linha.
Os dados da Dataprev a que a reportagem teve acesso apontam que entre os dias 11 e 20 de junho, o número de operações de consignado do INSS por dia útil foi 61% menor que o observado em abril, mês anterior ao bloqueio das operações.
O número indica uma melhoria em relação à primeira semana após o bloqueio, em que a queda foi superior a 90%, mas os bancos veem um cenário ainda difícil.
Os dados de crédito de maio, divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira, 27, apontaram que a concessão do consignado INSS caiu 55% entre abril e maio, sob efeito do bloqueio dos empréstimos.
Ainda de acordo com fontes, nesta semana, começaram a chegar aos bancos relatos de que as solicitações de desbloqueio não estavam sendo atendidas.
Em contato com as instituições, a Dataprev teria informado que a situação só se normalizará no começo de julho, porque a demanda pelo serviço fez com que a cota de consultas do INSS à base de dados do TSE se esgotasse.