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Autor foi acusado de antissemitismo e substituído de novela da Tupi há 59 anos

Trama da Tupi passou para as mãos de Benedito Ruy Barbosa após autor original ser acusado de antissemitismo por grupo judaico

30 abr 2025 - 07h35
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Sérgio Cardoso e Rosamaria Murtinho em Somos Todos Irmãos
Sérgio Cardoso e Rosamaria Murtinho em Somos Todos Irmãos
Foto: Divulgação/Tupi / Contigo

Entre maio e outubro de 1966, há 59 anos, a extinta TV Tupi, pioneira da televisão no Brasil, estreava Somos Todos Irmãos como sua nova novela das oito. Baseada no romance A Vingança do Judeu, de J. W. Rochester, a trama seria inicialmente escrita por Wálter George Durst, mas o autor foi acusado de antissemitismo e substituído pelo então estreante Benedito Ruy Barbosa.

Texto antissemita

Como recorda o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, Somos Todos Irmãos, adaptação livre do romance A Vingança do Judeu, ficou marcada por conta de um episódio polêmico: o afastamento do autor original, Wálter George Durst, acusado de antissemitismo por representantes da comunidade judaica.

De acordo com Xavier, a pressão foi tamanha que a Colgate-Palmolive, patrocinadora e responsável direta pelo conteúdo das novelas, vetou a sinopse de Durst e exigiu a reformulação completa da trama. Com a repercussão negativa e o impasse causado pela acusação, a emissora buscou uma saída diplomática.

Coube ao então novato Benedito Ruy Barbosa assumir o projeto, reformulando a história e rebatizando-a com um título mais inclusivo e ecumênico: Somos Todos Irmãos. A decisão representou não apenas um apaziguamento da crise com a colônia judaica, mas também o nascimento da trajetória de Benedito como novelista, que mais tarde se tornaria um dos principais autores da televisão brasileira.

Elenco de peso

A nova versão da trama contava a história de Samuel Mayer, um judeu interpretado por Sérgio Cardoso, que contracenava com Rosamaria Murtinho. A química entre os dois artistas, afirma Xavier, conquistou o público e os fez bater recordes de cartas recebidas, algo bastante relevante para a época.

Aquela, como destaca o Teledramaturgia, era a primeira vez que atuavam juntos em uma novela, e o sucesso da dupla foi tanto que eles voltariam a estrelar o folhetim seguinte da emissora, O Anjo e o Vagabundo, também escrito por Benedito.

Curiosamente, Somos Todos Irmãos chegou a sofrer novo revés após sua estreia. Xavier relembra que, embora a trama tenha se tornado um fenômeno de audiência, ela teve seu horário alterado por pressão da comunidade israelita do Rio de Janeiro, conforme relatado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho no Livro do Boni.

Para ele, a censura cedeu a uma postura "preconceituosa e radical" do Centro Israelita Brasileiro Bene Herzl: "A novela do Benedito estourou em audiência, mas teve seu horário alterado pela censura, sucumbindo às pressões do Centro Israelita Brasileiro Bene Herzl do Rio de Janeiro, que agiu de forma preconceituosa e radical contra a novela".

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