Atriz usou Twitter para reclamar de novela e pedir saída de personagem há 13 anos
Novela foi um dos grandes fracassos de audiência da Record e gerou problemas entre autor, elenco e direção nos bastidores
Em 10 de abril de 2012, há 13 anos, a Record estreava Máscaras como a sua nova novela do horário nobre. Escrita por Lauro César Muniz, a trama foi uma das mais problemáticas da emissora e acabou com uma audiência muito abaixo do esperado para uma novela original. Além dos problemas com o público, o elenco também se indispôs com a produção: uma atriz até usou o Twitter para reclamar e pedir a saída de sua personagem da história.
Trama distante
A Record lançou Máscaras com pompa de superprodução e a assinatura de um dos nomes mais consagrados da teledramaturgia, o autor Lauro César Muniz. Mas, como recorda o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, bastaram alguns capítulos no ar para o público se deparar com uma novela confusa, de linguagem rebuscada e um ritmo que mais afastava do que cativava.
A proposta envolvia temas interessantes como mistério, troca de identidades, crítica social e investigação policial, mas Xavier destaca que a direção e a falta de conexão com o público fizeram com que Máscaras se tornasse, rapidamente, um peso na programação da emissora.
O Teledramaturgia relembra que, antes da estreia da novela, o autor já havia causado desconforto por criticar o tom popular das novelas da Globo e rejeitar a ideia de mirar a então chamada "nova classe C". Com isso, Máscaras chegou à grade como um produto elitista, ao contrário do que o público da Record havia se acostumado a acompanhar.
Problemas nos bastidores
A novela, segundo Xavier, enfrentou questões incomuns para uma obra ainda em exibição: o diretor Ignácio Coqueiro foi retirado do posto e substituído por Edgard Miranda, num movimento raro no meio da trama. A quantidade de capítulos, inicialmente pensada para 220, foi reduzida para 116.
Nem o elenco escapou da turbulência. A atriz Luiza Tomé, que interpretava a personagem Geraldine, usou o Twitter para reclamar da condução da novela e, de forma direta, pediu que sua personagem fosse retirada da trama.
O Teledramaturgia resgata a resposta de Lauro César Muniz, que alegou que a trama havia sido acelerada e, por isso, algumas personagens perderam espaço. Apesar da justificativa pública, o recado já havia sido dado. Nem mesmo os atores se sentiam mais integrados ou valorizados na produção.
Jogada de escanteio
Para piorar, Xavier destaca que a exibição da novela passou a ser prejudicada pela grade: Máscaras foi empurrada para depois da meia-noite em várias ocasiões, graças à priorização do reality A Fazenda, que na época dominava a audiência da Record.
Com tantas interferências, a proposta inicial se diluiu. Os roteiros precisaram ser reescritos às pressas, buscando tornar a história mais "palatável" para o público médio. Em uma tentativa de virar o jogo, parte do elenco divulgou uma "carta de amor" à novela. O documento responsabilizava a imprensa pela má repercussão e destacava o esforço da equipe técnica e artística, além de enaltecer a qualidade do texto.
Apesar de uma iniciativa interessante para reformular a imagem do folhetim, o gesto veio tarde demais. A crítica já havia consolidado Máscaras como um fracasso, e o público, desinteressado, pouco se mobilizou para dar uma segunda chance à história.