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Mulher traída tem o direito de trair de volta por vingança?

Em ‘Pantanal’, Maria Bruaca se entrega aos peões após anos dedicados a um marido infiel que a rejeitava na cama

22 mai 2022 - 12h29
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Bruaca com seus peões e o marido: a chifrada agora é quem chifra
Bruaca com seus peões e o marido: a chifrada agora é quem chifra
Foto: Divulgação/Reprodução

“O amor próprio é construído a partir do amor que nos é oferecido por outros”, escreveu o filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Ele é o criador da teoria da relação líquida, na qual duas pessoas estão juntas, mas pouco dispostas a somar, preferindo priorizar a individualidade e, portanto, sem criar um laço amoroso forte.

Em ‘Pantanal’, Maria (Isabel Teixeira) viveu isso no casamento infeliz com Tenório (Murilo Benício). Anos de dedicação exclusiva a um homem insensível, nada romântico e abusivo a ponto de dar a ela o apelido de Bruaca, sinônimo de feia e desinteressante.

Sem ter o desejado amor do marido, e vivendo entre o fogão e a pia, isolada do mundo, a dona de casa se resignou com a baixa autoestima. Aceitava ordens ríspidas, xingamentos, deboches e até a repulsa sexual do companheiro. Uma mulher anulada.

Eis que, escondida, descobriu a existência da outra família de Tenório. Ouviu que era tão “burra” que jamais desconfiaria. Tomou um choque de realidade e, enfim, acordou para a vida. Rebelou-se contra o papel de escrava. Bruaca tirou de dentro de si uma nova mulher.

Deixou aflorar os desejos represados. Mirou no homem mais próximo, o peão Alcides (Juliano Cazarré), um macho raiz que nunca escondeu o interesse pela patroa maltratada. No primeiro passeio, na beira de um rio, Maria tomou a iniciativa e o beijou.

Vai explodir a paixão proibida. Algo além da atração os une: a vontade de se vingar de Tenório. Ela, para devolver o ‘chifre’; ele, em busca de justiça pelo assassinato de seu pai, vítima da grilagem coordenada pelo marido inescrupuloso de Maria.

Na primeira versão de ‘Pantanal’, na TV Manchete, em 1990, o casal ganhou o apoio e a torcida dos telespectadores. Os atores Ângela Leal e Ângelo Antônio foram capa de revistas populares da época, como ‘Amiga’. Eles emprestaram carisma e sensualidade aos personagens. O romance foi convincente.

A trama suscitou um questionamento debatido em programas da extinta emissora: a mulher traída tem o direito de trair de volta por vingança? Bruaca se tornou símbolo da mulher que se opõe ao machismo, busca a liberdade de pensamento e o prazer sexual, questões ainda polêmicas 32 anos atrás.

Hoje, boa parte da audiência concorda que ‘chumbo trocado não dói’ em relação à infidelidade conjugal. O fato de Tenório ser um vilão odioso, sem alívio cômico, gera ainda mais compreensão e simpatia pela esposa desprezada que decide dar fim ao tempo perdido com um homem que nunca a mereceu.

Além de se entregar a Alcides, Bruaca vai manter um affair com outro peão, o nada confiável Levi (Leandro Lima). O sujeito vai se revelar podólatra e beijará os pés dela nas preliminares do sexo. A esposa rejeitada, quem diria, se tornará a dominatrix do Pantanal.

O traiçoeiro Tenório terá que aprender a dormir com peso extra nos cornos.

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