Estreia do ‘Chega Mais’ não surpreende, tem pregação religiosa e fica em 4º lugar

O primeiro dia do ‘Chega Mais’ deixou a sensação de ‘poderia ter sido melhor’. Faltou ousadia e criatividade para surpreender o telespectador disposto a aderir a um novo programa nas manhãs da TV aberta. 

Na tentativa de segurar os 3 pontos herdados do telejornal ‘Primeiro Impacto’, a atração começou com um giro de notícias. Depois, mostrou Ronaldo Esper em sua casa para falar da agressão sofrida durante assalto. No dia anterior, o estilista esteve no palco do ‘Geral do Brasil’, na RedeTV. Nas duas ocasiões, a audiência não reagiu bem. 

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O primeiro convidado no estúdio do SBT foi Carlos Alberto de Nóbrega, acompanhado de sua mulher, Renata Domingues. Falaram a respeito da queda seguida de cirurgia na cabeça do humorista. Conhecido pela participação no ‘Encontro com Fátima Bernardes’, o neurocirurgião Fernando Gomes explicou o aspecto médico do caso. 

Em seguida, os apresentadores Regina Volpato, Paulo Mathias e Michelle Barros receberam o evangelista Deive Leonardo, presença frequente em programas da emissora.  

Até aquele momento, a nova atração do SBT oscilava entre 2.4 e 2.8 no ranking em tempo real da Kantar Ibope, enquanto Record se mantinha acima de 4.0 e a Globo, na casa dos 7.0 pontos. 

Na sequência, destaques do futebol com o carismático Fred Ring para competir com o ‘Jogo Aberto’ da Band. A repórter Ju Oliveira se juntou ao grupo para mostrar trechos de futuras matérias.  

Regina Volpato assumiu a cozinha para preparar um bolinho de arroz com linguiça e ovo frito. Ao longo da preparação da receita, temperada com bate-papo, a Band conseguiu ultrapassar o SBT no Ibope. 

Mathias disse que a mesa de almoço servirá para discussão de “divergências e convergências”. A estreia deveria ter convidados dispostos a isso. Com Deive, virou mera pregação evangélica ao estilo do ‘Fala que Eu Te Escuto’ da Record. Essa doutrinação deve ter desagradado a uma fração numerosa do público. 

De volta à sala de estar, houve discussão pertinente a respeito de ansiedade, depressão e suicídio com o psiquiatra Antônio Geraldo. Abordar a saúde mental da população é um serviço de utilidade valioso. Mesmo enviesada pelo discurso religioso do influenciador evangélico, a pauta fez o ‘Chega Mais’ atingir 3.0 pontos. 

Ex-Record, a modelo Giane Albertoni surgiu para comentar os looks do Oscar. A conversa se desenrolou enquanto todos almoçavam. Direto de Los Angeles, a jornalista Cleide Klock deu detalhes da cerimônia e das festas com as estrelas de Hollywood. Foi o momento mais descontraído. “O vestido de Ariane Grande parecia um airbag”, ironizou Paulo Mathias. 

Giane se destacou ao criticar o visual de Anitta em uma festa pós-Oscar (“muito pelada”) e errou ao chamar de “a índia” a atriz de origem indígena Lily Gladstone, indicada pelo filme ‘Assassinos da Lua das Flores’. 

Nos minutos finais, Regina Volpato respondeu perguntas de anônimos das ruas, como faz com sucesso em suas redes sociais. Esse quadro merece mais espaço por apresentar questões que afligem milhões de pessoas. A humanização é sempre bem-vinda na TV.

Ao longo das quatro horas de duração, faltou explorar o melhor aspecto do ‘Chega Mais’: a sintonia do trio de apresentadores. Nota-se química boa. Seria interessante vê-los sozinhos a debater assuntos revelantes do dia e estimulando o público a se manifestar. Houve pouco espaço à interatividade. 

Na primeira metade no ar, o programa garantiu o 3º lugar no placar de audiência. Depois das 11h40, caiu para a 4ª posição e se manteve assim até o final, às 13h30. 

No geral, foi uma estreia morna, sem impactar, mas com potencial de cativar e fidelizar público se fizerem os ajustes necessários. Toda nova atração de TV precisa de tempo para testes de adequação.