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Sophia nos faz encarar um tabu: a mãe que detesta os filhos

Vilã de ‘O Outro Lado do Paraíso’ manipula e descarta os herdeiros de acordo com seus interesses

30 out 2017 - 12h38
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Dizem que o único amor incondicional é o de uma mãe por um filho – acima até do amor paterno. Ainda que seja verdade, há exceções nessa incondicionalidade, como tudo na vida.

Existem mães que se amam em primeiro lugar. E, para horror geral, detestam (ou até odeiam) os filhos que gerou. É o caso de Sophia, a vilã magistralmente interpretada por Marieta Severo em ‘O Outro Lado do Paraíso’.

Sophia (Marieta Severo) não sente remorso em insultar e desprezar os herdeiros
Sophia (Marieta Severo) não sente remorso em insultar e desprezar os herdeiros
Foto: Raquel Cunha/TV Globo / Sala de TV

Não se vê nenhum gesto de amor genuíno da ricaça por Gael (Sergio Guizé), Lívia (Grazi Massafera) e Estela (Juliana Caldas).

Ao contrário: o que se vê são explícitos sentimentos tóxicos. Sophia é capaz de manipular a esquizofrenia do rapaz para jogá-lo contra a mulher, Clara (Bianca Bian), como se viu no capítulo de sábado (28).

Pela filha do meio, Sophia não disfarça o desprezo por considerá-la fútil e vulgar. Trata com deboche a tentativa de Lívia manter um compromisso sério com o médico Renato (Rafael Cardoso).

Mas as piores atitudes da peçonhenta são com a caçula, portadora de nanismo. Pelas costas de Estela, a xinga de ‘monstrengo’ e demonstra vergonha e repulsa pela filha baixinha.

Sophia insiste em ‘exportar’ novamente a estudante para a Suíça, a fim de mantê-la longe dos olhos da conservadora sociedade de Palmas. “Devia ter vendido ela para um circo”, disse certa vez, com frieza peculiar.

Para forçá-la a ir embora, recusa-se a adaptar a casa para que a moça tenha mais facilidade nas atividades cotidianas. É um tipo de tortura psicológica que deixa Estela revoltada e deprimida.

Como compreender uma mãe que faz tão mal aos próprios filhos?

Um texto do saudoso psiquiatra e psicoterapeuta Flávio Gikovate oferece uma explicação: “com o passar dos anos e o desenvolvimento da razão, os processos que nos ligam deixam de ser exclusivamente físicos e passam também pelo crivo da nossa reflexão”, afirma.

“Pode ocorrer de um filho descobrir características muito desagradáveis – sob o seu ponto de vista – no modo de ser da mãe. Ou o contrário: a mãe vê seu filho amado se tornar uma criatura muito diferente do que ela esperava que fosse.”

Independentemente das falhas de caráter baseadas na ganância por dinheiro, Sophia é uma mãe decepcionada com seus descendentes. Nenhum deles é, na essência ou na aparência, o que ela desejava: um clone perfeito e fiel dela própria.

Na vida real existem muitas Sophias. Na edição de 29 de setembro, o ‘Fantástico’ exibiu matéria sobre mães narcisistas que competem com as filhas e até se tornam agressivas.

“São (pessoas) egocêntricas, não têm sensibilidade com a dor do outro”, disse Lucila Faerchtein, psiquiatra e psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise, ouvida pela reportagem da Globo.

Apegada às convenções e obcecada em reverter a decadência financeira da família, Sophia passa em cima dos sentimentos dos filhos para atingir seus objetivos.

Por tê-los colocado no mundo, ela se acha no direito de usá-los e descartá-los a seu bel-prazer. É uma mãe-monstro.

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