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Angélica superexposta na web: só faltou postarem o raio-X

25 mai 2015 - 09h04
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Foto: Felipe Monteiro/TV Globo
Foto: Felipe Monteiro/TV Globo
Foto: Sala de TV

Quem estaria errado: a pessoa que faz a foto de um paciente numa maca de hospital (em situação de completa vulnerabilidade), quem compartilha indiscriminadamente a imagem ou o veículo de imprensa que publica a fotografia?

Ok, pode-se argumentar que o 'flagra' é justificado pelo interesse jornalístico. Ainda mais quando o paciente é uma figura pública famosa como Angélica. Celebridades não teriam direito a privacidade, defendem alguns.

A fotografia se espalhou pela internet poucos minutos depois de a apresentadora chegar à Santa Casa de Campo Grande (MS), socorrida de pouso de emergência realizado num pasto.

No avião estavam outras oito pessoais: o marido dela, o apresentador Luciano Huck, os três filhos do casal, duas babás das crianças, piloto e co-piloto. Todos com ferimentos leves.

De um celular a foto foi parar no WhatsApp. Daí para  as redes sociais. O registro de Angélica sendo atendida gerou manchetes nos principais portais de notícias do país. Passou a ser de domínio público. Até o Fantástico a exibiu.

Um site sobre famosos que pertence ao Grupo Globo foi além. Postou as fichas de entrada no hospital. Nelas, Luciano e Angélica são declarados de cor 'parda'. Ele, como solteiro. Qualquer detalhe ganhou status de 'notícia'.

Só faltou alguém vazar o exame de raio-X de Angélica, mostrando a suspeita de lesão na bacia. Ou o áudio dos gritos dos passageiros na hora do pouso forçado, conforme relatou o piloto.

A foto gerou uma onda de comentários de solidariedade à família dos apresentadores. E também posts raivosos e irônicos, tais como "vaso ruim não quebra", "se morressem não fariam falta", "só assim para ela (Angélica) ver que não é melhor que ninguém".

A autocensura, um dos males do politicamente correto, não deve ser estimulada nem defendida. Mas a crueldade de certas mensagens é capaz de provocar assombro.

Angélica e Huck (e tantos outros) pagam um preço altíssimo por serem famosos, ricos e globais. Essa condição os transforma em pessoas desprezíveis na visão de desafetos radicais.

A ponto de desejarem o mal a eles aproveitando-se de uma situação dramática, como um quase desastre aéreo.

Esses excessos fazem parte da liberdade de expressão. Melhor isso do que a mordaça da censura. Quem se sente prejudicado pode recorrer à Justiça. O caso serve para reflexão.

A divulgação da foto de Angélica, convalescente na maca, suscita questões delicadas e relevantes: o hábito (ou já seria um vício?) de fotografar e compartilhar a imagem alheia, o interesse mórbido pelo infortúnio dos outros e o desprezo gratuito (às vezes próximo ao ódio) por gente que nem conhecemos pessoalmente.

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