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'Amor e Revolução' estreia nesta terça, veja quem é quem

5 abr 2011 - 07h20
(atualizado às 07h22)
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Márcio Maio

A estreia é nesta terça-feira (5), mas Amor e Revolução já conseguiu um feito que há tempos o SBT não alcança: gerar expectativa em relação ao lançamento de uma novela.

Passado no período da ditadura imposta no Brasil a partir do golpe militar de 1964, o folhetim começou a chamar a atenção depois que algumas gravações com cenas de tortura caíram na internet antes da edição final. Imagens que já deixam pistas do principal objetivo do autor Tiago Santiago com esse trabalho: "fazer barulho" na concorrência. "É um período muito importante do país, rico em conflitos, que são fundamentais na dramaturgia. E é um tema pouco abordado na tevê. Na verdade, esta é a primeira vez que uma novela usa a ditadura como tema principal, com foco na trama central", garantiu o escritor.

Tiago Santiago sempre quis escrever sobre a ditadura. Tentou algumas vezes. Primeiro na Globo, em 1995, quando foi rejeitada. Depois a história seria utilizada na Record, em 2010, caso não tivesse deixado a emissora e assinado com o SBT. Desta vez, emplacou. E se cercou de cuidados para evitar problemas com o excesso de violência. Ele sabe que imagens das sessões de tortura e da guerrilha podem ser um chamariz para audiência.

Mas, se exploradas em excesso ou de forma equivocada, podem ter efeito contrário. "Vamos monitorar tudo através de pesquisas. Se o público achar que estamos carregando demais nas tintas, amenizaremos um pouco", explicou Reynaldo Boury, diretor que estava afastado da tevê brasileira há 11 anos. Em 1995, foi chamado às pressas para substituir Luiz Fernando Carvalho no comando de Irmãos Coragem, na Globo, que mergulhava no fracasso.

Amor e Revolução começa em 1964 e explora personagens diretamente ligados ao período. Entre eles, militares, guerrilheiros, torturadores, artistas, jornalistas, advogados e estudantes. Inicialmente, a intenção é chegar até a época da guerrilha do Araguaia, no começo da década de 70. Tiago Santiago adianta que, dependendo dos resultados, isso pode ser ampliado. Para isso, o autor investe no amor proibido de José e Maria, personagens de Cláudio Lins e Graziela Schmitt. Ela é líder do movimento estudantil e vai para a luta armada, enquanto o rapaz é um militar democrata, mas filho de um general linha-dura interpretado por Reinaldo Gonzaga. "A partir da metade da novela, depois do AI-5, em 1968, José deserta do exército e se junta à luta armada. Ele e Maria passam a ser intensamente perseguidos pela repressão", adiantou Tiago.

Ambientada em São Paulo e no Rio de Janeiro, Amor e Revolução é a segunda novela de Tiago na emissora. E, assim como a primeira, Uma Rosa com Amor, atualmente em reprise, será gravada enquanto estiver em exibição. Uma prática que nem sempre é seguida por recomendações do próprio "patrão" Sílvio Santos.

Como de costume no SBT, uma legião de atores há tempos sumidos da TV aparece na lista do elenco. Caso de Lúcia Veríssimo, longe dos folhetins desde América, exibida em 2005 pela Globo, e de Fátima Freire, que após O Fim do Mundo, de 1996, não teve personagens fixos na tevê. "Temos muita gente boa fora do ar e sem vínculo com as emissoras. Nossa novela prova que é possível formar um elenco à altura de uma superprodução", disse o autor, que escalou também Fábio Villa Verde, Nico Puig, Patrícia De Sabrit, Nicole Puzzi e Cláudio Cavalcante, entre outros sumidos da televisão.

Preparado para escrever 180 capítulos, Tiago já admite a intenção de se estender, caso a audiência justifique isso. Algo que não entristeceria a maior parte de seu elenco. Ainda mais os atores principais, que se mostram encantados com a possibilidade de explorar o passado brasileiro em cena.

"As escolas não dão o devido valor que o assunto merece. Quando me falaram que a novela se passava no ano de 64, adorei. Espero que a gente consiga contar bem o espírito da época", afirmou Graziela Schmitt. Mas a equipe inteira faz questão de frisar que, mesmo nesse caso, a frase "qualquer semelhança é mera coincidência" continua grafada nos créditos. "É legal deixar claro que trabalhamos personagens fictícios. Nos inspiramos em um período, sim, mas essas histórias são escritas pelo Tiago", advertiu Cláudio Lins, que protagoniza sua segunda novela do autor - a primeira vez foi Uma Rosa com Amor, como o francês Claude.

Ritmo de repressão

A trilha sonora de Amor e Revolução é uma atração à parte na novela do SBT. Composta por sucessos que marcaram época no regime ditatorial, a lista de músicas foi definida em acordo entre Tiago Santiago, Reynaldo Boury e o diretor musical Laércio Ferreira. Entre as principais canções fechadas para a novela estão Alegria, Alegria e London, London, de Caetano Veloso; Apesar de Você, Cálice e O Que Será, de Chico Buarque; Gita, de Raul Seixas; e Preciso Aprender a Ser Só, de Elis Regina. "Todos os detalhes estão sendo levados em consideração nesse projeto. Dos menores aos mais complexos", contou Tiago.

Além disso, uma estratégia já usada por Manoel Carlos na Globo ganha espaço no SBT. Em cada capítulo, no final, um depoimento de um a três minutos será exibido. Reynaldo Boury revela que já gravou mais de 70, mas nenhum deles com um membro da direita. Apenas os esquerdistas e, principalmente, os torturados e seus parentes têm procurado a emissora, como José Dirceu e Luiz Carlos Prestes Filho, entre outros. "Queria muito poder mostrar várias versões, dar a palavra também para quem geralmente é acusado. E, se por acaso acharem que o que estamos mostrando não condiz com o que aconteceu, o espaço está disponível para que contem suas histórias", atesta Boury.

Quem é quem

Núcleo da Família Paixão

Maria (Graziela Schmitt) - Mocinha da trama, é uma das líderes do movimento estudantil. Estuda Ciências Sociais e é engajada na luta pela democracia. Se apaixona pelo militar José, mas, como a família do rapaz é de direita, acredita que esse amor é impossível.

Thiago (Mario Cardoso) - Pai de Maria e João, é jornalista e comunista. Já foi preso e torturado quando jovem. Faz da própria casa um esconderijo de guerrilheiros.

Lúcia (Fátima Freire) - Mãe de Maria e João, é uma professora universitária que não adere à luta armada, mas simpatiza com seus ideais. Sofre com as suspeitas de que seu marido é infiel e começa a se envolver com Batistelli.

João (Paulo Leal) - Irmão de Maria, faz parte do grupo Teatro Vanguarda, que é alvo de ataques do Comando de Caça aos Comunistas.

Núcleo da Família Guerra

José Guerra (Claudio Lins) - Capitão do Exército e de família de militares, é democrata e discorda dos rumos que o governo militar toma no Brasil. Trabalha no Setor de Inteligência do Exército e passa a acompanhar o movimento estudantil. Assim, conhece Maria e se apaixona.

General Lobo Guerra (Reinaldo Gonzaga) - É um dos grandes vilões da história. Conspira sempre a favor da ditadura. Apoia a tortura como método interrogatório e incentiva e ajuda a patrocinar o Comando de Caça aos Comunistas.

Ana Guerra (Glauce Graieb) - Esposa de Lobo Guerra, sofre abusos verbais do marido, mas encontra consolo e compreensão apenas no filho mais velho, José. Chega a ser torturada pelo marido com a conivência do filho caçula, Filinto.

Filinto Guerra (Nico Puig) - Sociopata militar, é um torturador sádico que esconde mistérios e crimes. Sente muita inveja do irmão, mas é protegido pelo pai.

Feliciana (Nicole Puzzi) - Governanta da família Guerra. Ajuda a cuidar das meninas que foram roubadas de seus pais por Filinto.

Alice Fiel (Thaynara Bergamin) - Filha de dois prisioneiros, vive na casa da família Guerra com a irmã caçula, onde ambas são criadas como filhas por Olivia.

Lara Fiel (Bruna Carvalho) - Irmã mais nova de Alice.

Olivia Guerra (Patricia de Sabrit) - Esposa de Filinto, revolta-se quando descobre que o marido e o sogro fazem parte de uma organização de caça aos comunistas.

Núcleo do Teatro

Mário Luz (Gustavo Haddad) - Jornalista e autor de teatro, é apaixonado por Maria e alvo constante do Comando de Caça aos Comunistas.

Chico Duarte (Carlos Artur Thiré) - Diretor de teatro revolucionário que monta peças que contestam a ditadura e a opressão. É bissexual e se apaixona por João, mas não é correspondido. Na prisão, seduz Fritz para escapar da tortura.

Stela Lira (Joana Limaverde) - A musa da companhia de teatro. Também sofre ações violentas e se refugia em uma comunidade hippie, em um sítio, no interior de São Paulo.

Nina Madeira (Patrícia Dejesus) - Atriz que mais se envolve com o Movimento Guerrilheiro. Participa de assaltos e, com o tempo, cai na clandestinidade e sofre terríveis perseguições.

Miriam Santos (Thaís Pacholek) - Trabalha no teatro. Se alia ao movimento guerrilheiro por influência dos colegas.

Núcleo do Dops

Delegado Aranha (Jayme Periard) - Policial participante do Comando de Caça aos Comunistas e do Esquadrão da Morte.

Fritz (Ernando Tiago) - Braço direito de Aranha, só tem prazer com mulheres quando é violento com elas. É um homossexual enrustido, fato que vem à tona quando ele se apaixona por Chico.

Jeová (Lui Mendes) - Carcereiro que, escondido, tenta ajudar os presos políticos. Passa recados, mensagens, traz comida, remédio e alívio para os torturados.

Núcleo do Quartel

Tenente Telmo (Fabio Villa Verde) - Comunista infiltrado no Exército, deserta e vai para o Movimento Guerrilheiro. Preso pelos militares, se torna uma ameaça aos amigos de guerrilha e vira agente da repressão.

Coronel Santos (Ivan de Almeida) - Militar bem intencionado, mas que não consegue se impor no quartel.

Doutor Ruy (Antônio Petrin) - Trabalha no Hospital Militar e acoberta torturas com falsas autópsias.

Núcleo da Guerrilha

Batistelli (Licurgo Spínola) - Chefia assaltos a bancos e casas de milionários para conseguir dinheiro e financiar a guerrilha. É um grande líder da esquerda armada em sua época. Interessa-se por Lúcia, mas tem um caso com Jandira.

Jandira (Lúcia Veríssimo) - Jornalista sensual, participa de sequestros, assaltos e acaba caindo na clandestinidade. É amiga de Thiago no jornal e entra para o mesmo grupo de guerrilha do qual Maria faz parte. Forma com Batistelli a dupla de guerrilheiros mais temida do país.

Geraldo (Claudio Cavalcanti) - Líder camponês preso e barbaramente espancado por policiais do DOPS. Consegue sair da prisão e retorna à atividade revolucionária.

Carlo Fiel (Marcos Breda) - Comunista revolucionário que é preso, torturado e dado como desaparecido. Casado com Odete, é o pai das meninas Lara e Alice, que são levadas para a casa do General Lobo Guerra.Odete Fiel (Gabriela Alves) - Esposa de Carlo, é presa com o marido e também dada como desaparecida.

Núcleo do Jornal

Marina Campobelo (Giselle Tigre) - Dona do Jornal, é uma mulher bela e rica que tem coragem de desafiar a ditadura.

Dra. Marcela (Luciana Vendramini) - Advogada, ajuda Marina nas lutas contra a ditadura. É a defensora de todos os presos e torturados.

Graziella Schmitt, Cláudio Lins e Gustavo Haddad vivem triângulo amoroso na nova novela do SBT
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Foto: Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias / Divulgação
Fonte: TV Press
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