Aguinaldo Silva diz que 'Três Graças' irá 'mostrar certas mazelas sociais'
Nova novela das 21h da Globo debate mães solos, corrupção e gravidez jovem
A novela "Três Graças", que estreia na TV Globo, traz humor, crítica social e melodrama ao narrar a vida de três gerações de mães solos, abordando temas como gravidez precoce, desafios sociais e um esquema de corrupção em uma comunidade fictícia.
A nova novela das 21h da TV Globo, Três Graças, que estreia nesta segunda-feira, 20, marca o retorno de Aguinaldo Silva à emissora. Com a promessa de unir humor, crítica social e melodrama, a trama acompanha três gerações de mulheres: Lígia (Dira Paes), Gerluce (Sophie Charlotte) e Joélly (Alana Cabral), avó, filha e neta que compartilham o mesmo nome do meio e o mesmo teto. Além disso, todas engravidaram precocemente e criam sozinhas as próximas gerações.
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Para o autor, que escreveu a novela com Virgílio Silva e Zé Dassilva, a história reflete a realidade de muitos lares brasileiros, já que, segundo o Censo de 2022, quase metade das casas do país é chefiada por mulheres.
Aguinaldo Silva explicou que a inspiração surgiu há 20 anos, ao observar meninas grávidas na fila de uma maternidade pública no Rio de Janeiro. Embora seja uma ficção, o autor afirma que a novela "traça um retrato de como estamos atualmente como sociedade", disse ao jornal O Globo. Para ele, entreter o público sem ignorar as mazelas sociais torna a obra mais consistente.
"Mas quando você pode entreter o telespectador e, ao mesmo tempo, mostrar certas mazelas, acho que fica mais consistente", continua o autor.
Sophie Charlotte destacou ao jornal que a história das três mulheres simboliza "um eterno retorno da gravidez na adolescência" e mostra o papel central das mães solos na sociedade. Primeira protagonista da atriz em uma novela, ela comemora duas décadas de carreira e fala sobre o equilíbrio entre maternidade e trabalho. "Toda mulher que trabalha vive esse dilema insolúvel, mas meu filho entende que amo o que faço", argumentou.
Apesar do tema denso, a condução artística da novela é uma tragicomédia, com momentos de leveza e exagero, segundo as atrizes. A personagem de Dira Paes enfrenta uma grave doença pulmonar na trama e a atriz ressalta que o texto mistura dor e humor. "Ninguém passa o dia chorando. A novela tem tintas fortes, mas também muita humanidade". A doença de Lígia serve de gancho para o dilema ético de Gerluce, que se vê envolvida num esquema de corrupção ligado à falsificação de remédios distribuídos à população carente da comunidade fictícia de Chacrinha.
Dira celebra uma fase intensa na carreira, após dirigir seu primeiro filme, Pasárgada, e participar do longa Manas. De volta às novelas, ela revela entusiasmo de aparecer na telinha. "É uma obra popular que me reconecta com o grande público". Ela também está no ar com a série Pablo & Luisão, do Globoplay, e disse se emocionar ao perceber o carinho das crianças com seus trabalhos recentes. "Toda vez que uma banguelinha ri pra mim, sei que assistiu", afirma.
Os vilões da trama são Arminda (Grazi Massafera) e Ferette (Murilo Benício), amantes e sócios responsáveis pelo esquema criminoso. Ao descobrir a fraude, Gerluce rouba o dinheiro desviado e o esconde dentro de uma estátua chamada "Três Graças", uma alusão às deusas gregas da beleza, alegria e abundância. Aguinaldo afirma que Ferette é o tipo de vilão visto "todos os dias no noticiário" e Arminda, uma mulher obcecada por status e aparência. "As pessoas vão rir dela, mesmo sabendo que é uma mulher horrorosa", falou à reportagem do jornal O Globo.
Aguinaldo admite que Arminda é uma espécie de "Nazaré Tedesco sofisticada", em referência à vilã icônica de Senhora do Destino (2004). Diferente da personagem vivida por Renata Sorrah, Arminda é movida por um senso de superioridade de classe. O autor promete reviravoltas "absolutamente inesperadas", lembrando que a novela é uma obra de ficção, não um retrato literal da realidade.
Grazi Massafera, por sua vez, encara o papel de vilã como um desafio inédito em sua carreira. "O texto é sarcástico e debochado. No início fiquei muito nervosa, mas agora estou começando a me divertir", confessou ao jornal. Além do envolvimento com o esquema de falsificação, Arminda também maltrata a mãe, Josefa (Arlete Salles), o filho Raul (Paulo Mendes) e a funcionária Gerluce, trazendo à tona reflexões sobre o cuidado com os idosos e as relações familiares.