Othon Bastos ri de si e emociona em monólogo que chega a SP: 'Redescobri o prazer de estar em cena'
Em 'Não me Entrego, Não!', o ator de 91 anos repassa mais de sete décadas de carreira com humor, e também seriedade; peça estreia dia 20 no Teatro Raul Cortez, do Sesc 14 Bis
No início do ano passado, o ator Othon Bastos buscava um desafio. Longe do palco desde 2007, quando encenou O Manifesto com Eva Wilma, e da televisão desde 2020, quando terminou seu contrato com a Globo, ele sabia que não era hora de jogar a toalha: bastava um projeto bem articulado para que pudesse expressar sua poderosa força represada.
Apesar de a peça relembrar sua própria trajetória, Othon enfrentou problemas para memorizar as falas nos ensaios. Para amenizar, Marinho inseriu sua "memória" em cena, vivida pela atriz Juliana Medela, que assopra as palavras que lhe fogem em alguns momentos. "Ela me dá muita segurança", observa Othon. "Se eu falhar, a memória está ali para ajudar. E o melhor é que o texto tem esquecimentos ensaiados, então as pessoas não sabem quando eu realmente não estou me lembrando."
O sucesso do monólogo começou já nos ensaios abertos, especialmente quando Fernanda Montenegro assistiu a um deles. O vídeo mostrando o encontro carinhoso entre eles ("Seus personagens sempre foram perfeitos. A gente não pode deixar a cena, vamos até de cadeira de rodas", disse ela) viralizou. "Imediatamente, a venda de ingressos disparou", conta a produtora Bianca De Felippes, cuja filha, a cineasta Pietra Baraldi, prepara o documentário sobre a peça e a carreira de Othon. Aliás, ele também foi sondado para a nova produção da cineasta Petra Costa e para o longa Eu, Meu Pai e as Cinzas da Minha Mãe, de Lucas Vasconcelos.
O foco, no entanto, está concentrado no monólogo e a sessão prevista para 23 de maio em Salvador será especial. Nesse dia, o baiano Othon, nascido em Tucano, completará 92 anos, dos quais 65 casados com a atriz Martha Overbeck. Foi ela quem o incentivou a propor o monólogo para Flávio Marinho. Martha será uma das homenageadas na sessão programada para a capital da Bahia, onde a última frase será dita com uma emoção particular: "Meu nome é Othon Bastos, sou um ator brasileiro, tenho 92 anos e não me entrego, não".
Othon Bastos comenta sobre três trabalhos:
- Central do Brasil (1998), filme dirigido por Walter Salles
- São Bernardo (1972), longa de Leon Hirszman
- Um Grito Parado no Ar (1973), peça escrita por Gianfrancesco Guarnieri e dirigida por Fernando Peixoto
Serviço
Não me entrego, não!
- Onde: Sesc 14 Bis - Teatro Raul Cortez. Rua Dr. Plínio Barreto, 285
- Quando: De 20 de março a 21 de abril de 2025
- Sessões: Quintas a sábados, às 20h e domingos, às 18h e dia 21/4, segunda-feira, às 15h
- Quanto: R$ 70