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"Voltei a me sentir vivo novamente", diz Ed Kowalczyk, ex-Live

30 jun 2011 - 15h21
(atualizado em 30/6/2011 às 14h47)
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David Shalom
Direto de São Paulo

Apesar das graves acusações de seus ex-companheiros de Live, banda que atingiu enorme sucesso na década de 1990, Ed Kowalczyk tem uma resposta simples e bastante pessoal para definir porque o quarteto se separou após quase 20 anos de carreira, em 2009. "Da minha perspectiva, a separação foi motivada por uma necessidade minha de criar um novo capítulo na minha vida", disse o vocalista em conversa com o Terra realizada duas semanas antes de seu show em São Paulo, nesta quinta-feira (30), no HSBC Brasil. "A partir do momento em que passei a pensar dessa forma, comecei a me sentir vivo novamente".

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A forma como Kowalczyk, 39, procura explicar o fim do conjunto que liderou desde o lançamento de seu debut, Mental Jewelry, em 1991, é, no entanto, bastante controversa. Segundo seus ex-colegas, o fim só veio a ocorrer por causa de escolhas erradas do cantor, que, afirmam, teria assinado um contrato sem o consentimento do resto da banda, além de ter exigido um cachê extra de US$ 100 mil para se apresentar no Pinkpop Festival do ano retrasado.

Por telefone, Kowalczyk ainda falou sobre sua religiosidade, a grande influência que até hoje tem de Bono, do U2, sua parceria com um projeto que visa erradicar a pobreza mundial e como sua primeira visita ao Brasil o ajudou a começar a se preocupar com essa questão.

Confira a íntegra da conversa abaixo.

Terra - Como tem sido a receptividade do público e crítica em relação ao seu primeiro álbum solo, Alive?

Ed Kowalczyk - Eu tenho tido uma resposta extraordinária até agora. Alive foi lançado mundialmente no ano passado, no dia 6 de julho. E, nos shows, a resposta a ele tem sido incrível! Estou muito feliz com isso. Estou muito empolgado para trazer esse show, com as pessoas com quem tenho tocado, para o Brasil, pois eu sei que os fãs brasileiros vão curti-lo bastante.

Terra - O título de seu disco solo automaticamente nos remete ao nome de sua antiga banda. Isso foi proposital?

Ed - Na verdade, não. Eu comecei a realmente sentir essa palavra quando entrei neste novo capítulo da minha vida. Eu cheguei ao fim de um capítulo no qual estava um pouco entediado e sem inspiração, e percebi, "hey, estou fazendo a mesma coisa, da mesma forma, há quase 20 anos. E se eu mudasse isso e passasse a tocar com novas pessoas e fizesse um álbum solo com algo totalmente diferente?". A partir do momento em que passei a pensar dessa forma, comecei a me sentir vivo (alive) novamente, comecei a realmente me comprometer com a música de novo. Então, eu quis que esse fosse o nome do álbum. Claro que eu sabia que as pessoas iriam relacioná-lo com minha banda antiga, mas, sabe, na verdade eu não havia pensado nisso. O fato de os fãs terem feito essa conexão, de falarem, "ok, isso me lembra o Ed Kowalczyk que eu amava nos anos 1990", o fez se tornar meio que um título-ponte, um álbum que faz uma ponte entre meu passado e meu futuro.

Terra - Você tem alguma intenção de voltar a tocar com o Live ou pretende seguir somente com sua carreira solo de agora em diante?

Ed - Sim. Eu cheguei a um ponto em que sinto estar fazendo as melhores performances da minha vida, escrevendo músicas incríveis e contando com parceiros fantásticos ao meu lado. Então, sim, não tenho nenhum plano de fazer nada além de focar na carreira solo por um longo tempo.

Terra - Um de seus parceiros é seu irmão Adam, certo?

Ed - Na verdade, meu irmão realmente toca comigo, mas agora ele está liderando sua própria banda e arriscando-se nos vocais. Ele não está em turnê comigo no momento, apesar de tocarmos bastante juntos.

Terra - Por que a separação da banda, anunciada em 2010, demorou tanto tempo para ser confirmada?

Ed - Da minha perspectiva, sabe, foi apenas um longo processo de chegar a um ponto em que eu concluísse: "peraí, tempo! Como artista, eu preciso abrir minhas asas e me lançar para algo novo". Então, da minha perspectiva, sempre foi isso. Foi um movimento de força criativa na minha vida, sabe? "O que posso fazer para que isso volte a ser algo empolgante para mim?". É isso o que penso.

Terra - Quando a banda se separou, no entanto, seus ex-companheiros fizeram sérias acusações contra você. Eles disseram coisas como...

Ed - Sim, eu sei exatamente sobre o que você está falando. Essas acusações que eles fizeram sobre o fim da banda são todas falsas. Mais uma vez, da minha perspectiva, a separação sempre foi motivada pela necessidade de eu criar um novo capítulo na minha vida.

Terra - Por que você acha que eles fizeram essas acusações?

Ed - Você terá que perguntar a eles.

Terra - Eles estavam te processando por ter assinado um contrato sem o consentimento deles, além de ter exigido um bônus de US$ 100 mil por ser o vocalista da banda no Pinkpop Festival de 2009. Esse processo ainda está em andamento?

Ed - (demora para responder) Sabe, eu tenho um advogado lidando com todas essas coisas. Prefiro tentar me focar somente na música, não estou muito preocupado com a atual situação de todas essas coisas. Me preocupo somente com meus shows, com minha música e em garantir que faça sempre o meu melhor.

Terra - Mudando de assunto, os temas profundos e espirituais sempre estiveram presentes em suas letras. Você é uma pessoa religiosa?

Ed - Eu sinto que minha fé é uma parte importante da minha vida e sempre foi assim. Sempre fui o tipo de pessoa que gosta de se perguntar as grandes questões, nunca fiquei satisfeito em apenas levar a vida como ela é. Quero saber qual é a verdade, o que é isso, o que tudo significa, sabe? Essas são as perguntas que eu sempre fiz, desde Mental Jewelry (primeiro álbum do Live, lançado em 1991) até agora. Sinto que essa forma de escrever convida as pessoas a explorar pelas letras onde estou, minha fé e tudo o mais, convida as pessoas para dentro, para o meu interior. Gosto de pensar em me inspirar no U2 e em Bono nesse sentido, pois o U2 sempre foi muito moderno na abordagem de sua relação com a fé, pois sempre a trouxeram de uma forma muito artística e interessante. E é isso que eu sempre tentei.

Terra - O Live foi bastante comparado ao REM durante seus quase 20 anos de carreira. Isso chegou a incomodá-lo de alguma forma?

Ed - Não, de forma alguma. Eu acho que muitas vezes os artistas, especialmente no início de suas carreiras, são inspirados por outros músicos e não dá para evitar ouvir isso, pois as influências aparecem. Sabe, o Michael Stype (vocalista do REM) também sofreu isso quando estava começando. O que você espera que ocorra é que, à medida em que vai crescendo, comece a mudar essas coisas e se torne mais e mais sua própria voz. E eu gosto de pensar que foi isso que ocorreu comigo à medida em que fui amadurecendo como compositor.

Terra - Você tem uma parceria com um projeto chamado World Vision que visa o combate à pobreza e é focado principalmente no continente africano. No Brasil, também temos um enorme abismo social separando ricos de miseráveis. Qual é a sua lembrança do País nesse quesito?

Ed - Eu me lembro de ter sentido um grande impacto quando estive aí pela primeira vez, especialmente em nossa primeira viagem, feita, se não me engano, em 1992. Foi bastante chocante ver aquela pobreza ao entrar nas cidades. Então, com o passar dos anos, isso ficou preso na minha cabeça e agora eu realmente dei um grande salto e aumentei meu envolvimento com trabalhos de caridade, fazendo a parceria com a World Vision, que, claro, trabalha no mundo todo. Atualmente, estamos mais envolvidos com um trabalho focado na Zâmbia, que fica numa região da África com uma incrível necessidade por água limpa. Mas, como eu disse, a World Vision tem um trabalho mundial, então o dinheiro que arrecadamos e as coisas que fazemos acabam indo para um fundo que acaba ajudando diferentes comunidades em diversos lugares do planeta.

Terra - Como funciona sua parceria com a World Vision?

Ed - Eles fazem boa parte de seu trabalho por meio de padrinhos. Basicamente, eles conectam pessoas com crianças e famílias que precisam de apoio financeiro, então qualquer pessoa pode participar, apadrinhando uma criança por algo em torno de US$ 30, US$ 40. E esse dinheiro fornece à criança educação, elas não precisam trabalhar, elas podem ajudar sua comunidade. O dinheiro também é espalhado e acaba ajudando a construir e a desenvolver a comunidade. Pessoalmente, eu faço isso com minha família. Nós começamos a patrocinar algumas crianças e depois acabamos conhecendo mais e mais sobre como de fato funcionava o projeto. Logo passamos a fazer apelos todas as noites para as pessoas também começarem a se envolver com isso. Desde que começamos essa campanha, no ano passado, já conseguimos mais de 200 novos patrocinadores graças aos nossos fãs.

Terra - Qual é a importância que você credita a artistas para fazer esses projetos realmente vingarem?

Ed - Eu acho que é muito importante. Sempre admirei artistas como o U2, mais particularmente Bono e seu trabalho pelo mundo em grande escala. Todos nós podemos ajudar, sabe? O que eu percebi muito rapidamente foi o seguinte: aqui há um concerto no qual todos estão juntos no mesmo lugar, curtindo a música, e que forma incrível de fazê-lo ainda melhor se pudermos estendê-lo para além da casa de espetáculos e ajudar juntos outras pessoas em outros continentes. É uma grande sensação, cara. Quero dizer, estar no palco e saber que, não só estamos tendo um ótimo momento musicalmente falando, como também estamos ajudando outras pessoas. Não dá para ficar melhor do que isso.

Terra - Para encerrar, quais são as suas lembranças do Brasil e o que seus fãs podem esperar para os shows no País?

Ed - Eu tenho uma memória muito vívida da paixão dos fãs brasileiros, sabe? O quão intensos eles são, cantando as letras, passando uma energia enorme à música. Viajaremos ao início dos anos 1990 com minha canção Pain Lies on the Riverside, o primeiro hit internacional que eu tive com o Live, e tocaremos todos os meus sucessos com o Live, como I Alone, The Dolphin´s Cry. Naturalmente, traremos também uma boa seleção de meu novo álbum. Serão grandes shows.

Serviço - Ed Kowalczyk no Brasil

São Paulo

Data: 30 de junho

Local: HSBC Brasil - Rua Bragança Paulista, 1281

Horário: 21h30

Censura: 14 anos

Ingressos: de R$ 120 a R$ 250

Vendas: www.ingressorapido.com.br

Rio de Janeiro

Data: 1 de julho

Local: Vivo Rio - Av. Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo

Horário: 22h

Censura: 16 anos

Ingressos: de R$ 160 a R$ 250

Vendas: www.ingressorapido.com.br

Porto Alegre

Data: 3 de julhoLocal: Bar Opinião - Rua José do Patrocínio, 834 - Cidade Baixa

Horário: 22h

Preços: de R$ 60 a R$ 80

Vendas: www.opiniaoingressos.com.br

O ex-vocalista do Live, Ed Kowalczyk, vem ao Brasil pela primeira vez com sua carreira solo em julho de 2011
O ex-vocalista do Live, Ed Kowalczyk, vem ao Brasil pela primeira vez com sua carreira solo em julho de 2011
Foto: Getty Images
Fonte: Terra
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