Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

"Tenho pena de morrer e largar um mundo tão bom", diz Zeca Pagodinho

16 set 2010 - 08h34
Compartilhar
Regina Rito
Rio de Janeiro

Zeca Pagodinho esforçou-se para manter o sorriso no lançamento do seu CD Vida da Minha Vida. Vestindo preto, por conta da morte do amigo e partideiro Deni de Lima na terça, ele se mostrou preocupado. "Envelhecer é chato. A gente vê os amigos morrendo, vai ficando cabreiro. Não tenho medo da morte. Tenho pena de morrer e largar um mundo tão bom, essas praias coloridas, tanto samba bom pra fazer", diz ele, que espera uma estadia melhor quando mudar de lado.

Zeca Pagodinho canta na Festa do Camarote 20 anos
Zeca Pagodinho canta na Festa do Camarote 20 anos
Foto: Roberto Filho e Thyago Andrade / AgNews

"Deus é bom e vai levar a gente para um lugar melhor. Ele não vai me tirar de um lugar desses pra ficar de vestido azul tocando arpas...", espera.

A reflexão veio ao falar de Orgulho do Vovô, canção dele e de Arlindo Cruz em homenagem ao neto Noah, de 7 meses, em que torce: "Que o meu neto seja herdeiro/do meu amor pelo samba". "Quando Noah me vê, abre sorrisão. Levo à praia, passeio, carrego no colo, faço tudo o que ele quer", derrete-se.

O álbum traz Zeca cantando paixões rasgadas nas regravações de Vida da Minha Vida, de Moacyr Luz, Poxa, de Gilson de Souza, e Desacerto, de Toninho Geraes, Fabinho do Terreiro e Randley Carioca. "Tive várias paixões, mas passaram. É coisa para adolescente. Tinha meus casos quando era solteiro. Namorava uma menina aqui, outra ali. Sabe como é a vida de sambista malandro. Hoje, tudo o que tenho amo demais", diz ele que, se pudesse reencontrar alguém de novo, como diz a letra de Poxa, seria ele próprio. "Queria rever o Zeca que eu era, de chinelo, que fazia música e ia ao samba todo dia", reflete.

A porção saudosista retorna em Encanto de Paisagem, música de Nelson Sargento que os dois cantam juntos e que exalta as maravilhas do morro. "Já morei em morro, lá no Engenho da Rainha. Aquilo é outra vida. A vista do Morro da Providência, Mangueira, Salgueiro é do 'carilho'. Mas a poesia do morro acabou. Não falo das festas. Lá, sempre teve malandragem, droga, mas escondido, hoje está muito espalhado. O cara que queria fumar um, ia lá em cima, lavava a mão, voltava", observa o sambista, que no encarte do CD foi fotografado na praia da Barra da Tijuca, onde mora. "A Barra é legal. Aqui, mora a maioria dos sambistas. Estranhei para 'carilho' quando vim pra cá, mas agora vou ao Terreirão (favela perto do Recreio) e lá tem pagodinho, becos e vielas tranquilas", garante.

O CD é dedicado a Beth Carvalho que, devido a problemas na coluna, está afastada dos palcos há quase 1 ano. "Minha madrinha está se recuperando. Já a visitei duas vezes e, na última vez que liguei, ela já estava se sentando. É guerreira", declara.

Fonte: O Dia
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra