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Rock in Rio 2022: Zé Ricardo, o cara que organiza o palco Sunset do festival

O músico e produtor dirige também o Espaço Favela, além de ser um dos criadores de um musical original

2 set 2022 - 12h11
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O carioca Zé Ricardo se lembra ainda da sensação de entrar correndo assim que os portões da do dia em que a banda Queen se apresentou na primeira edição do Rock in Rio abriram, em 1985. Aos 15 anos, trabalhando como office boy do Banco do Brasil, ele havia economizado 70% de seu baixo salário, por mais de três meses, para comprar o ingresso.

Foi ali, diante de tamanha novidade para o mercado do entretenimento no Brasil, que Zé, que já tocava violão, decidiu viver de música. Com uma "vaquinha" dos amigos do banco, comprou um violão elétrico de Moraes Moreira e formou sua primeira banda com o filho do novo baiano, Davi.

"Não faço o Rock in Rio, eu vivo o Rock in Rio. Por essa minha experiência na adolescência, eu tenho uma grande responsabilidade na hora de fazer um line-up. Sei o quanto de magia e de sonho que vendemos nele", diz Zé.

O produtor toca, desde 2011, o Palco Sunset, espaço que nasceu, primeiro na edição de Lisboa, sendo visto pelo público como "alternativo" e se tornou parte essencial para a diversidade e possibilidades de encontros que o festival passou a oferecer ao público - com shows quase sempre criados especialmente para o Rock in Rio.

"O Sunset tem três pilares: revelar, atualizar e provocar. Revelar como eu revelei Iza em 2017. Atualizar como eu dei espaço ao Pará pop e provocar como juntar Sepultura e Zé Ramalho", diz Zé, sobre artistas que se apresentaram entre a tarde e o por do sol em edições anteriores.

Para a edição que começa no dia 2 de setembro, além de shows individuais como Gilberto Gil, Jessie J, Macy Gray e Maria Rita, há feats de Criolo e Mayra Andrade,o trio Os Gilsons e Jorge Aragão, Living Colour e Steve Vai.

Zé diz que estabelecer essas conexões requer confiança e sinceridade. "Junto pessoas antes de juntar artistas. É mais um trabalho humano do que musical", diz. Caetano Veloso, Marisa Monte e o guitarrista Carlos Santana estão na lista de desejos do produtor.

O produtor também comanda o Espaço Favela, palco que, quando nasceu, em 2018, recebeu duras críticas sobre uma suposta glamourização das comunidades - o cenário traz casas simples e coloridas. Neste ano, a programação traz desde artistas consagrados como Buchecha, Ferrugem e Thiaguinho, quanto revelações, entre eles, o cantor fluminense Izrra, ex- The Voice Brasil.

"Não é um palco assistencialista ou paternalista. A intenção é mostrar que a favela tem potência, artistas que podem ocupar espaço no mercado, como Ferrugem e Lexa. O cara vê o conhecido da favela dele chegar ao Rock in Rio. É uma sensação de pertencimento", explica Zé.

Uma espécie de homem de confiança da família Medina, criadora do Rock in Rio, Zé Ricardo comanda ainda neste ano, ao lado de Roberto Medina, o musical original Uirapuru. O espetáculo, com duração de 25 minutos, com quatro apresentações diárias, conta a história do mito da criação por meio de um indígena.

A trilha terá músicas de artistas como Edith Piaf, Sepultura, Post Malone, entre outros.

Com direção artística de Charles Möeller e Claudio Botelho, o musical contará com Orquestra Sinfônica, trinta bailarinos e os atores Thiago Lacerda, Heloisa Périssé e Malu Rodrigues como narradores. O cenário grandioso traz uma queda d'água de oito metros de altura e duas cachoeiras laterais de seis metros.

Zé Ricardo já está escalado para o The Town, festival que a empresa Rock World, criadora do Rock in Rio, apresentará em São Paulo a partir de 2023 - a ideia é que ele seja bianual. Ele comandará os palcos The One, cujo embaixador é o rapper Criolo, e Factory, que irão abarcar a pluralidade da música e a cultura de rua.

Algumas apresentações do Palco Sunset

Living Color e Steve Vai (2/9) - O grupo e o guitarrista ampliam a parceria que fizeram na recente gravação da música Cult of Personality - que será lançada no Rock in Rio.

Criolo e Mayra Andrade (3/9) - A junção da periferia de São Paulo com a música feita pela cantora e compositora cabo-verdiana.

Gilberto Gil (4/9) - Comemorando 80 anos de vida, o compositor será o homenageado desta edição.O show será de sucessos, com participação de Francisco e Preta Gil.

1985: A homenagem (9/9) - Ivan Lins encontrará Xamã para tocar um trap, Pepeu Gomes juntará sua guitarra a do Andreas Kisser, entre outras misturas.

Ceelo Green (10/9) - O rapper americano vai estrear um tributo ao mestre do soul James Brown. É a primeira vez que um artista internacional aceita criar um show para o festival.

Elza Vive (11/9) - Homenagem à cantora Elza Soares que lançaria um DVD no Rock in Rio. Majur, Agnes Nunes, Caio Prado, Mart'nália, Gaby Amarantos e Larissa Luz estarão no palco.

Festival recomenda que artistas se atentem à lei eleitoral

Pela primeira vez desde sua criação, há 37 anos, o Rock in Rio ocorrerá em pleno período eleitoral - há um mês das eleições marcadas para o dia 2 de outubro. A questão, em época de grande polarização, é uma preocupação para seus organizadores.

A história do festival dá razão à prevenção do festival. Apresentações como a do Barão Vermelho em 1985, logo após o fim da ditadura militar, e da cantora Elza Soares em 2019 foram, inevitavelmente, e pela força não só dos artistas, mas, sobretudo, do público, políticas.

"Esperamos que o festival seja de celebração à vida, à paz, de positividade e amor na música. Os artistas são livres para suas manifestações, mas o festival não é um comício e sim de música. Que eles se atentem à lei eleitoral e que utilizem seu tempo da maneira mais interessante possível para eles", diz Zé Ricardo.

Poucas horas após a conversa da reportagem do Estadão com Zé Ricardo, a assessoria de imprensa do festival enviou à imprensa um comunicado no qual diz que não autorizará a presença de nenhum candidato às eleições deste ano em seus palcos.

A organização também recomenda que "todas as empresas, instituições e artistas envolvidos com o evento tenham conhecimento da Lei Eleitoral".

Em março, o Partido Liberal (PL), partido do presidente Jair Bolsonaro, acionou o Tribunal Superior Eleitoral contra o festival Lollapalooza depois da cantora Pabllo Vittar levantar uma bandeira do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, que lhe foi entregue por um fã, durante sua apresentação.

O ministro Raul Araújo, do TSE, impôs uma multa de R$ 50 mil ao Lollapalooza, caso novas manifestações acontecessem, o que gerou uma reação de artistas e do público. Dias depois, o PL desistiu da ação contra o festival.

Em agosto, em entrevista à revista Veja, Roberta Medina, responsável pela organização do Rock in Rio, declarou à revista Veja. "Política não se faz em festival, nem com torcida, e sim com debate. Mas em toda edição, seja quem estiver no poder, mandam sempre o presidente tomar no c*. Pabllo não foi escalada para esta edição do festival.

Estadão
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