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Música e fantasia: a Tomorrowland pelos olhos de quem já foi

Terra conversou com quatro mulheres, entre 24 e 30 anos, que largaram tudo e foram curtir o maior festival de música eletrônica do mundo

5 ago 2014 - 09h57
(atualizado às 16h29)
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“O que trago dessa experiência com a Tomorrowland é a grata possibilidade de fazer novos amigos”, diz Danielle Coimbra, 30 anos, jornalista e mochileira por natureza, em entrevista ao Terra. Hoje na Índia, vai se mudar para a Irlanda em uma semana. Neste grande roteiro de experiências internacionais, está o festival belga, que recebe mais de 180 mil pessoas, com 400 DJs divididos em 12 palcos, e que vem ao Brasil em 2015.

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Mas Danielle não é a única brasileira a ter participado dessa grande convenção internacional de amantes da música, muito pelo contrário. “Muita gente gostava de ver a bandeira do Brasil e, quando via, começava a cantar aquela música ‘Brasil, pra mim, Brasil, lararararara’”, relata Annelise Medeiros, 24, referindo-se ao clássico Aquarela do Brasil, principal cartão de visitas da música popular brasileira para o mundo. Anne é outra “brazuca” que encarou uma verdadeira aventura para curtir o evento.

Annelise Medeiros esteve no festival com a prima, Marina
Annelise Medeiros esteve no festival com a prima, Marina
Foto: Annelise Medeiros / Arquivo Pessoal / Reprodução

Realizada na cidade de Boom, no interior da Bélgica, a Tomorrowland recebe pessoas representando quase 100 nacionalidades diferentes, em quase uma semana de muita música eletrônica. No Brasil, será realizado em Itu, na Fazenda Maeda, que já recebeu eventos como o Festival SWU e outras festas locais. Aqui, serão “apenas” seis palcos em três dias de apresentações, entre 1 e 3 de maio de 2015.

“Acho que a estrutura será tão completa quanto a da edição belga, mas a magia eu já não tenho tanta  certeza... Afinal, fazer planos, juntar dinheiro, ver gente do mundo todo, estar do outro lado do mundo, atrelar isso a uma viagem para a Europa, faz toda a diferença”, diz Danielle sobre a expectativa para a edição brasileira. De fato, um dos charmes do evento está na confraternização entre povos de diversos cantos do mundo. “É uma mistura de todas as raças, crenças, etnias, tudo misturado e sem nenhum problema”, diz Aline Porto, 24, que esteve com o namorado e define a experiência como “um momento para contar aos netinhos”. “Chorei quando vi que realmente estava lá e que era tudo verdade”, lembra.

A história

Idealizada pelos irmãos Manu e Beers Michael, a primeira edição do evento foi organizada em 2005, na época com apenas dois dias e poucas atrações. Assim como o público, que não passou de 50 mil pessoas.

Diferente do que aconteceu em 2008, três anos depois. Já com mais de 100 DJs, o público ultrapassou a marca dos 50 mil e seguiu crescendo nos anos seguintes. A partir dali, a festa, que se tornava anual, começava a entrar para o roteiro dos grandes festivais do verão europeu.

Danielle Coimbra (à direita) foi sozinha e aproveitou para fazer algumas amizades
Danielle Coimbra (à direita) foi sozinha e aproveitou para fazer algumas amizades
Foto: Danielle Coimbra / Blog Enchendo a Mochila / Reprodução

São muitos os DJs que já tocaram por lá, entre eles, Steve Aoki, Avicii, Fatboy Slim, David Guetta, Afrojack e LFMAO estão entre os mais famosos. Mesmo com atrações tão pesadas, a música em si está longe de ser o principal atrativo da Tomorrowland. “Fui mais pelo nome do festival mesmo e pelo que as pessoas falam”, confessa Annelise.

Psicodélica, surreal e até um pouco assustadora: a decoração é o grande destaque

Quando Manu e Beers idealizaram o festival, a principal preocupação era com a decoração das estruturas. Inspirados pelo universo mágico da Disney, os irmãos belgas sonhavam com um mundo totalmente surrealista e paralelo ao universo real. A ideia era fazer com que os visitantes se sentissem dentro de um planeta cheio de cores e criaturas um tanto absurdas. Funcionou, e tão bem que acabaram deixando as próprias atrações musicais em segundo plano. “A magia da decoração faz a Tomorrowland ser o que é”, diz Andreza Martinez, 28, que também esteve lá na companhia do namorado.

A fantasia é tanta que, em algumas regiões, chega até a assustar os mais impressionados. “O único palco em que tive essa sensação de medo foi o Q-Dance, onde rolam músicas mais no estilo dark. Não me senti muito bem lá e saí rapidinho!”, conta Danielle.

Veja imagens do Tomorrowland, festival belga, que vem ao Brasil em maio de 2015:

Esse mundo de fantasias faz com que, involuntariamente, a Tomorrowland seja frequentemente apontada como um festival totalmente propício ao uso de drogas. Os boatos de total liberdade para o consumo de produtos ilícitos fez com que a organização apertasse a revista, inclusive utilizando cães farejadores em algumas edições. Hoje, como conta Aline, os visitantes são obrigados a entregar seus entorpecentes logo na entrada. “Antes de entrar no evento, existe uma caixinha onde está escrito: ‘deposite aqui suas drogas’”, conta. Parece um tanto bizarro, mas funciona. Mesmo assim, há quem consiga driblar a segurança que, no interior do festival, está longe de ser das mais rígidas. “Vi pessoas fumando maconha. Outras drogas (eles) devem ter feito mais escondido, porque não era visível. Foram poucos os que eu vi deitados no chão no final da festa”, relata Annelise. “Como em qualquer outro evento de música, o uso de drogas é, sim, existente. Não acho que seja nem mais nem menos com relação a outros eventos, e aí coloco não só o eletrônico, mas também o axé, o pagode, o rock... Acho que as pessoas, no geral, ligam eventos de música eletrônica ao consumo de drogas, mas isso não é via de regra”, defende Danielle.

Outra grande experiência que muitos dizem ser uma das melhores do evento é o acampamento. Tradicional nos festivais europeus, a estrutura de camping oferece todo o conforto que pode se esperar ao optar por acampar no “meio do mato”. “As pessoas pensam que por ser Bélgica, Europa, Tomorrowland, o camping é praticamente um hotel. Não, não é um hotel. Sinto que todos querem viver a parte legal do camping, mas não querem enfrentar a estrutura de um camping (filas grandes para tomar banho, lama quando chove...)”, acredita Danielle, que não utilizou a estrutura, mas diz ter recebido uma série de depoimentos positivos sobre o local.

Agora é no Brasil: o que esperar da Tomorrowland em Itu?

São muitas as preocupações de quem pretende curtir a edição brasileira do festival em 2015. As principais, disparadas, são com o sistema de compras de ingressos e com a locomoção para chegar e sair da Fazenda Maeda. “Pretendo ir na edição do Brasil sim, mas sei que assim como o da Bélgica, vai ser bem difícil comprar ingresso”, imagina Aline que, mesmo assim, diz estar crente de que o País tem totais condições de sediar o evento. “Tenho certeza que será uma experiência totalmente diferente! Aqui é só uma cultura reunida, mas espero ver os meus DJs preferidos com aquela decoração linda aqui, sem nenhum problema”, completa.

E ela não está sozinha nessa. Danielle, Annelise e Andreza fazem coro ao discurso otimista. “Estamos aptos a receber gente de fora, a oferecer bons serviços, não só dentro do festival, mas também no que diz respeito ao acesso à festa e à hospedagem”, defende Danielle. “Acho que o público brasileiro pode dar até uma melhorada na festa”, imagina Annelise. “Acredito que será bom, sim”, completa Andreza.

Agora, aos que já foram e aos que não foram, só resta esperar, com a esperança de viver uma experiência totalmente especial e a certeza de que será mais uma grande confraternização cultural que enxerga no Brasil um local próprio para se fazer uma grande festa.

<p>Confraternização entre povos é marca registrada da Tomorrowland</p>
Confraternização entre povos é marca registrada da Tomorrowland
Foto: Tomorrowland / Facebook / Reprodução

Curiosidades e recomendações

A decoração do evento é realmente um xodó especial dos organizadores. Tanto que qualquer pessoa que mexa nela, seja com qual intenção for, é prontamente retirada do festival sem nem ao menos poder se defender. A dica é ficar só olhando mesmo e nem arriscar chegar muito perto.

Para o maior festival, a maior roda-gigante: pelo menos foi o que aconteceu em 2012, quando a festa recebeu a maior roda-gigante móvel da Europa, que saía de trás de um dos palcos e dava uma visão privilegiada de todo o terreno onde a Tomorrowland é realizada. O brinquedo alcançava os 60 metros de altura, algo equivalente a um prédio de 40 andares.

Boom, cidade belga onde o evento acontece, tem menos de 16 mil habitantes. Ou seja, o tamanho da cidade realmente não influencia na realização do festival, desde que as pessoas possam chegar e sair do local com tranquilidade.

Para comprar os ingressos, é bom ficar bastante esperto. Com pouco menos de um ano para o festival, já são quase 200 mil pessoas confirmadas no evento da Tomorrowland no Facebook. Os ingressos para a edição belga costumam acabar com absurda rapidez. Em 2013, 180 mil entradas foram esgotadas em cerca de 35 minutos, enquanto outras 5 mil acabaram em somente 37 segundos. É possível realizar um pré-cadastro para disputar um bilhete quando as vendas começarem, mas só de garantir um ingresso você já pode se considerar bastante sortudo. 

Fonte: Terra
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