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Gabriel Leone prepara primeiro álbum como cantor: 'Gosto de Fagner e Led Zeppelin na mesma medida'

Ator investe em carreira musical, grava músicas de Guilherme Arantes, Djavan e João Bosco, e comemora o sucesso internacional do filme 'O Agente Secreto', de Kleber Mendonça Filho, do qual faz parte do elenco

29 ago 2025 - 09h46
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No disco que Guilherme Arantes lançou em 1976, entre duas faixas que viraram hits, Meu Mundo e Nada Mais e Cuide-se Bem, o ator Gabriel Leone se fixou em outra: Antes da Chuva Chegar. Uma canção bastante imagética - e reflexiva -, com um clima de tempestade se aproximando e versos que falam em "rua deserta e forrada de folhas caídas que voam ao léu" para, no refrão, chamar atenção para o que o mesmo vento apresenta antes da chuva cair.

Antes da Chuva Chegar é uma das canções que Leone escolheu para seu primeiro álbum, Minhas Lágrimas, que será lançado pela gravadora Som Livre, em data ainda a ser definida. Ela tem o que Leone busca também quando escolhe um personagem: uma boa história para contar.

Gabriel Leone durante entrevista para o 'Estadão' no estúdio em que grava seu primeiro disco
Gabriel Leone durante entrevista para o 'Estadão' no estúdio em que grava seu primeiro disco
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

Embora cantar não seja uma novidade em sua carreira - Leone, de 32 anos, começou sua trajetória como ator no teatro musical -, esse será seu primeiro trabalho pensado como tal: um disco com faixas com as quais ele pode se mostrar sem um personagem constituído em função de um roteiro, mas com uma costura de sentimentos que ele deseja expressar com sua voz.

"É uma aventura, mas como o estofo de ator que tenho, de interpretar. Eu sou um intérprete, tenho essa ferramenta de trabalhar com o texto e achar as medidas para cada música", diz Leone, querendo abraçar som e imagens no novo trabalho, amadurecido ao longo dos últimos sete anos. "Jamais faria algo por fazer ou puramente comercial", completa.

Um disco com lados B

O Estadão acompanhou com exclusividade uma tarde de gravação do disco, em um estúdio no bairro da Bela Vista, em São Paulo, e ouviu outras três canções: Bolero de Satã, parceria de Guinga e Paulo César Pinheiro, Choro das Águas, de Ivan Lins e Vitor Martins, e Cara Limpa, de Paulo Vanzolini. As faixas ainda estavam com a voz guia, que serve como base para a banda e os arranjos.

Com produção de Marcus Preto, que já trabalhou com nomes como Gal Costa, Erasmo Carlos e Jota.pê, e do músico Tó Brandileone, do grupo 5 a Seco, o álbum ainda traz faixas como Nós Dois, de Celso Adolfo; Assim Sem Mais, de João Bosco, Antonio Cicero e Waly Salomão; e Êta Nóis, de Luhli e Lucina, que deve ganhar dueto com Ney Matogrosso, que gravou a faixa nos anos 1980, entre outras. A cantora Juliana Linhares também foi convidada para participar. Em todas, há um elemento comum: o drama.

Gabriel Leone trabalhou o conceito do disco com os produtores Marcus Preto (à esquerda) e Tó Brandileone (à direita)
Gabriel Leone trabalhou o conceito do disco com os produtores Marcus Preto (à esquerda) e Tó Brandileone (à direita)
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

Leone assume que se trata de um álbum "triste". "Sim, tem esse peso, que fala muito com a minha profissão, com o ator que eu me encaminhei para ser. Bolero de Satã, por exemplo, é uma paixão recente, de um autor (Guinga), que mudou minha forma de ouvir música", diz ele sobre a canção que tem a versão mais conhecida com Elis Regina e Cauby Peixoto, de 1979. Leone convidou Guinga pata tocar violão na faixa.

Além do drama, há outro detalhe: as faixas são o que se chama de Lado B dos artistas. Um exemplo: em vez de escolher Açaí, hit de Djavan, Leone selecionou Segredo, uma menos conhecida do compositor. "Ele é bem nerd, nesse sentido. Às vezes, me traz canções que eu nem conhecia", diz Marcus Preto, sobre as escolhas de Leone.

O ator, e, agora, oficialmente, cantor, justifica. "As canções têm uma história, um assunto em comum. Elas trazem o conceito do disco. O mais importante é que essas músicas mexem muito comigo. Minha ideia é colocar meu sentimento nelas, para, dessa forma, chegar até às pessoas", diz.

Depois da seleção das faixas, foi preciso dar uma "cara" ao disco, e costurar autores tão distintos. "É um disco de MPB raiz, mas com um pé no rock", define Leone. "Sou um roqueiro. Mas, brincamos aqui no estúdio que eu gosto, na mesma medida, de Fagner e Led Zeppelin. Sinto dessa forma. Meu coração escuta os artistas da MPB com a mesma paixão e interesse que os do rock. Sou fruto dessa mistura. E o disco sintetiza isso", explica.

Carreira entre a música e as telas

Gabriel Leone está no elenco do filme 'O Agente Secreto' e não pensa em abdicar da carreira de ator em função da música
Gabriel Leone está no elenco do filme 'O Agente Secreto' e não pensa em abdicar da carreira de ator em função da música
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

O rock faz a cabeça de Leone desde os tempos do colégio, quando formou com amigos uma banda dedicada ao gênero. Com a aproximação com o teatro, e a dificuldade de achar testes para peças, Leone encontrou seu caminho em audições para musicais. Fez Os Miseráveis, Rapsódia - O Musical, Garotos e Chacrinha, O Musical - nesse último, interpretou o cantor Roberto Carlos, personagem que voltou a dar vida no filme Minha Fama de Mau, em 2019.

Na televisão, Leone cantou na abertura da série Os Dias Eram Assim, da TV Globo, na qual também atuou. Quando apresentou a série Milton e o Clube da Esquina, produzida pelo Canal Brasil em 2020, dividiu os vocais da música Um Girassol da Cor do Seu Cabelo com Milton Nascimento. No cinema, interpretou músicas inéditas da parceria Arnaldo Antunes e Odair José no filme Meu Álbum de Amores, no qual era Odilon Ricardo, um cantor de música brega dos anos 1970.

Mais recentemente, Leone esteve no longa de produção americana Ferrari (2023) e protagonizou a série Senna (2024), da Netflix, trabalhos que lhe deram projeção internacional como ator. E tudo indicava que ele apostaria suas fichas nessa porta que se abriu. Leone quer, mas também quer cantar. Do seu ponto de vista, tudo cabe neste momento.

"Não tenho a pretensão de trocar de profissão, muito pelo contrário. Esse disco é um primeiro mergulho na música. Estou feliz já pelo processo, que é algo que eu amo. Depois, vejo o que acontecerá", diz Leone, que já pensa em possíveis shows.

'O Agente Secreto' e 'Minhas Lágrimas' unidos por um sentimento

Leone também está no elenco de O Agente Secreto, filme do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho. O longa, que se passa nos anos 1970, no contexto da ditatura militar, tem Wagner Moura como protagonista. Vencedor de dois prêmios em Cannes, de Melhor Diretor para Kleber Mendonça Filho, e de Melhor Ator para Moura, o filme já começa a ser ventilado como possível candidato ao Oscar 2026 pela imprensa especializada em cinema.

"É uma alegria estar em O Agente Secreto nesse momento de fortalecimento do cinema nacional, depois de anos da cultura tomando porrada pra caramba, com gente que odeia cultura tomando conta dela e só aplaudindo gringo. É o tempo de reconstrução", diz.

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No filme, Leone interpreta Bobbi, personagem ligado ao regime militar e definido pelo ator como "silencioso". Leone elogia a capacidade de Mendonça Filho em criar coadjuvantes verdadeiramente interessantes.

"São cerca de 70, todos costurados pelo personagem do Wagner Moura, que, aliás, nesse filme, está em seu ápice como ator", avalia o ator. No elenco, ainda estão nomes como Maria Fernanda Cândido, Alice Carvalho, Thomás Aquino, Tânia Maria e Hermila Guedes.

O Agente Secreto está previsto para estrear no Brasil em 6 de novembro. "É um roteiro realmente incrível. Sou muito crítico com os trabalhos que participo - e, às vezes, o resultado não fica bom mesmo, ou fica aquém do que esperamos -, mas eu fiquei tão feliz depois que vi o filme pela primeira vez, em Cannes... Independente dos prêmios, que foram merecidos, é uma sensação sem igual, de orgulho", diz.

"Essa é a sensação que eu quero ter quando pegar o vinil do meu disco e colocá-lo para tocar na vitrola", completa Leone, retornando para o ponto de partida da conversa: a música.

Estadão
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