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Dead Kennedys confirma interesse em reunião com vocalista: "quando quiser"

Lendária banda californiana de punk rock inicia, nesta quinta-feira, segunda turnê pelo Brasil, que passa por Curitiba, Americana, Recife e São Paulo

18 abr 2013 - 10h07
(atualizado às 10h07)
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<p>A formação atual da banda californiana: D.H. Peligro, Ron Skip Greer, Klaus Fluoride e East Bay Ray</p>
A formação atual da banda californiana: D.H. Peligro, Ron Skip Greer, Klaus Fluoride e East Bay Ray
Foto: Divulgação

Apesar das disputas legais, das críticas e das ofensas recebidas publicamente, o baixista Klaus Fluoride não guarda rancores de seu ex-colega de estrada Jello Biafra, com quem dividiu palcos por quase uma década durante os tempos áureos do Dead Kennedys. Pelo contrário. Mesmo que o vocalista afirme até hoje que os integrantes da ainda na ativa lendária banda californiana de punk rock sejam mercenários, Fluoride garante ainda nutrir uma grande vontade de se reunir com ele ao menos mais uma vez, ainda que, para isso, precise sacar do posto o atual frontman do grupo, Ron "Skip" Greer. O quarteto inicia, nesta quinta-feira (18), a segunda turnê de sua história pelo Brasil, com shows em Curitiba (18), Americana (19), Recife (20) e São Paulo (21). 

"Ele é bem-vindo para voltar quando quiser", disse o bem-humorado baixista em entrevista exclusiva ao Terra, realizada semanas antes da passagem do Dead Kennedys pelo País. "Na verdade, nós o convidamos tantas vezes para isso que até paramos de fazê-lo, porque ele sempre recusou. Ainda assim, se algum um dia ele nos ligasse e dissesse, 'vamos nos reunir', com certeza o público iria adorar ver isso. Da minha parte, pelo menos, eu gostaria muito de vê-lo conosco. Não digo que com o Skipp não seja legal, mas seria ótimo ver a formação clássica do Dead Kennedys no palco ao menos mais uma vez."

Muito mudou na vida de Fluoride desde a época em que se apresentava com Biafra por clubes obscuros dos EUA e Europa. Em 1985, o baixista resolveu se dedicar, paralelamente à sua carreira com o Kennedys, a um trabalho solo, focado em um estilo completamente diverso ao punk rock praticado em seu grupo principal. Além disso, fez parcerias e trabalhou como produtor, conseguindo transformar a paixão da infância, a música, em seu único meio de sustento. De uma década para cá, no entanto, as coisas pioraram um pouco - talvez o motivo pelo qual o baixista resolveu ressucitar a banda que ajudou a popularizar tantos anos mais tarde.

Assim como diversos artistas, o baixista sentiu na pele o surgimento dos downloads gratuitos, consequência da evolução da internet. Se antigamente tinha facilidade para fazer dinheiro, conquistando-o por meio das leis de direitos autorais, hoje Fluoride depende muito mais de licenciamentos para merchandising, venda de canções para filmes e, claro, shows para manter seu sustento. 

"Com certeza, não é tão fácil viver de uma banda atualmente como era antes. A internet simplesmente ferrou a vida dos músicos. Agora até estão inserindo umas mudanças, parece estar melhorando um pouco, mas nada significativo – e provavelmente isso permanecerá assim. Isso porque as pessoas passaram a pensar que músicos não precisam ser pagos por seu trabalho. E isso não faz nenhum sentido", lamenta o baixista, comparando os downloads gratuitos à ação de se entrar em uma loja e simplesmente pegar bebidas de graça só pelo fato de estarem expostas no local. 

Quarteto na década de 1980, ainda com Jello Biafra nos vocais
Quarteto na década de 1980, ainda com Jello Biafra nos vocais
Foto: Divulgação

"Se é algo de valor e as pessoas pagariam em qualquer outra situação para tê-lo, por que, então, as pessoas que criam música não recebem algo em troca? E não falo só dos músicos, mas dos fotógrafos, dos artistas em geral. Hoje em dia você põe uma fotografia no Facebook e ela deixa de ser sua, eles podem usar para o que quiserem. Não existe mais o direito autoral. Quero dizer, ainda tem sido bom pra nós, porque somos um grupo que já tem um legado, que as pessoas se lembram, que ainda toca em algumas rádios, mas ainda assim não é fácil. As pessoas tinham que ser menos egoístas em relação à música."

Além disso, aos 63 anos, idade que o coloca como o integrante mais velho do Kennedys - e provavelmente o o mais "idoso" dos punks ainda vivos -, tem se tornado cada vez mais difícil para ele se comprometer com grandes projetos com a banda. Desde que foi oficializado o retorno do grupo, em 2001, seus músicos optaram por encurtar tanto turnês quando apresentações, principalmente para manter sua principal característica: a de um grupo raivoso de rock.

"Infelizmente, não temos mais 35, 40 anos", diverte-se o baixista, "então, para manter a energia de nossos shows, optamos por torná-los menores. Assim, podemos dar aos fãs sempre uma apresentação boa, enérgica. Além disso, o momento que me sinto mais vivo no planeta é quando estou tocando com esses caras, quando tenho a oportunidade de conhecer pessoas que nos admiram. Encaramos o Dead Kennedys como uma grande diversão, não como um trabalho, então temos que ter equilíbrio para seguir na ativa."

Se o prazer é tão intenso, se a vontade de continuar segue tão viva quanto antigamente, por qual motivo o Dead Kennedys não lançou nenhum trabalho de inéditas desde sua primeira separação, em 1986, ano em que chegou às lojas seu último disco, Bedtime for Democracy, ainda com Biafra nos vocais? Fluoride prefere responder a questão enumerando vários:

"Nós temos material novo, mas agora, especialmente com o surgimento dos downloads há alguns anos, parece não haver recompensas para isso. Então só gravaremos e divulgaremos coisas para os fãs se elas nos agradarem. Temos muitas coisas ainda não prontas, mas hoje é mais dificil. Nos anos 80, todos vivíamos na mesma cidade, tínhamos um local próprio onde íamos cinco vezes por semana para ensaiar e escrever músicas. Mas hoje é impossível fazer isso. Eu e East Bay vivemos na mesma cidade, mas nosso baterista (D.H. Peligro) é de Los Angeles, nosso vocalista é de Nova York e a ideia de trocarmos material pela internet não nos agrada, não é como trabalhamos, não é orgânico", explica.

"Assim, como não temos três meses livres, que seria mais ou menos o necessário para montar e gravar um álbum, fica difícil. O que gostaríamos de fazer seria lançar quatro músicas de uma vez, um EP, algo assim, mas não temos uma previsão para isso. Faremos somente se nos sentirmos à vontade para isso. Não nos colocamos um deadline ou algo do tipo. Se for para ser feito, virá naturalmente." 

Fonte: Terra
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