Linn da Quebrada fala sobre vídeo e internação: 'Desnutrida emocionalmente, pedindo socorro'
Cantora falou abertamente sobre o tema pela 1.ª vez em vídeo publicado neste domingo, 11, data em que retornou aos palcos
Linn da Quebrada falou sobre sua saúde mental em entrevista ao canal de YouTube Bianca DellaFancy, que foi publicada neste domingo, 11, fim de semana em que a cantora voltou aos palcos no Sesc 14 Bis, em São Paulo.
Uma entrevista com Linn também vai ao ar no Fantástico de hoje, falando sobre o vídeo que viralizou mostrando-a em situação de vulnerabilidade.
Em determinado momento, a artista comentou sobre a sua internação: "Me internei. Uma rehab. Como a cantora Amy Winehouse. Foi um momento muito bom. Foi um processo intenso, aliado à minha depressão, eu entrei num processo de mania. Estava tomando antidepressivos. Dentro do meu processo a gente entendeu que talvez eu tenha bipolaridade. Tive um episódio de mania, entrei num desequilíbrio e entrei num processo de uso abusivo de substâncias."
"Nisso foi preciso que eu me internasse. Não foi a primeira vez que entrei num uso abusivo de substâncias. É um processo muito delicado de eu tocar, de entender, porque nós sabemos o quanto, muitas vezes, a nossa comunidade mesmo é atravessada pelo uso de substâncias."
"Teve a questão de a exposição me deixar muito vulnerabilizada. Do vídeo. Mas a exposição não me pegou porque eu já estava internada quando entendi a exposição. Mas recebi com muito mais amor do que qualquer coisa, porque fui muito acolhida. Não vi as mensagens de ódio, as pessoas especulando. Não chegaram até mim. O que chegou foram as mensagens de amor", prosseguiu Linn da Quebrada.
Em seguida, foi questionada mais especificamente sobre o vídeo: "Sobre aquele momento, não tenho muito o que falar. Foi um momento de desequilíbrio psíquico, psicológico, mental, um momento onde eu estava alienada de mim mesmo, fugindo de mim, das pessoas que estavam querendo que eu ficasse bem. Fugindo de casa. Um momento em que eu estava querendo afundar cada vez mais, de muita vulnerabilidade."
Linn da Quebrada também destacou que "tentou sair" da clínica uma vez, mas que já sabia que ficar internada era necessário: "Eu vou para a internação, passo por um processo de desintoxicação, que é lento, leva dias, na verdade. Vou concatenando as coisas. Passo a tomar a medicação adequada para o processo que estava passando. [Na clínica] eu já entendia, porque já tinha sido internada uma vez.
"O processo da dependência está totalmente ligado a tudo aquilo que venho falando desde o começo. Seja ela emocional ou química, está totalmente ligada aos nossos traumas desde antes. Não tenho um 'vazio' dentro de mim. Tenho um 'Grand Canyon' enorme'. Eu estava pedindo socorro, porque estava com um buraco imenso", continuou.
A artista ainda destacou a "leitura e a escrita" como "parte de um processo de cura" em toda essa situação.
Em outro momento, Linn da Quebrada refletiu sobre outras questões ligadas ao tema: "Eu não consigo desagradar o outro, ainda que isso seja uma violência para mim. Tenho que fazer um grande esforço para que isso aconteça. Aí vem o lance da depressão, da minha saúde mental, de como eu me trato. Eu me maltrato muito. Me saboto".
Em seguida, Linn continuou o desabafo: "Tenho uma grande dificuldade nisso que as pessoas chamam de amor próprio, de você se tratar bem. No que diz respeito às pessoas que se entorpecem, de qualquer maneira, são pessoas que têm dificuldade em ter amor próprio. Têm mais facilidade em se fazer mal do que fazer bem a si mesmas."
"Eu tenho percebido isso nesse momento, voltando agora para a minha carreira, voltando para mim, tenho percebido o quanto esses traumas são os que mais mexem comigo. O quanto preciso aprender a cuidar dessa criança que está dentro de mim que não aprende, que não teve tempo de ser cuidada."
"Quando a Linn da Quebrada não está, quem está ali para cuidar da Linna? Esse é o problema, a Lina Pereira está desnutrida emocionalmente", prosseguiu.
Em seguida, revelou que foi convidada por uma editora para escrever um livro: "Esse era um dos meus maiores sonhos. Fui convidada pela editora e a ideia que eu dei foi rever meus diários."
"Quero escrever esse livro. Tenho o grande medo, sempre, de ser uma artista impostora. Sempre acho que nunca mais vou conseguir escrever uma música. Sou dessas. Nem uma linha de um livro", disse Linn da Quebrada.
