Juventude à faca: como Anitta e Lindsay Lohan fizeram para renovar o rosto
Procedimentos mais profundos, resultados naturais e um silêncio estratégico
O que Lindsay Lohan, Kris Jenner, Emma Stone e Anitta têm em comum? Nos últimos anos, essas celebridades apareceram com rostos visivelmente mais jovens -- em alguns casos, com 10 ou até 20 anos a menos. A transformação, embora sutil e natural à primeira vista, não veio de filtros nem da "fonte da juventude". Elas assumiram que "entraram na faca" e recorreram às novas técnicas que têm feito sucesso nos consultórios de cirurgia plástica de Hollywood no Brasil.
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"A cirurgia da face também acompanhou essa tendência [de naturalidade], trazendo rejuvenescimento com naturalidade", explica a cirurgiã plástica Dra. Maria Roberta Martins, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), ao Terra.
Segundo ela, o sucesso das novas cirurgias se deve a técnicas que, embora não sejam exatamente novas, vêm ganhando mais notoriedade. É o caso do deep plane facelift, que atua nos planos profundos da face. "Hoje em dia, a gente não faz mais facelift de pele, como era antigamente, que deixava aquele ar estigmatizado, com aquela boca repuxada, aquele ar de pele esticada, que era o caso da Donatella [Versace]", diz a médica.
"A cirurgia de hoje trabalha os planos musculares da face e sem retirar excesso de pele. Com isso, a gente tem uma estruturação muito mais eficiente, com mais naturalidade e com uma cicatriz mais imperceptível."
A transformação estética agora prioriza o reposicionamento dos tecidos internos e a preservação da anatomia natural do rosto. Além do lifting facial, é comum que outros procedimentos sejam realizados em conjunto: blefaroplastia (cirurgia das pálpebras), lip lift (levantamento do lábio superior), lifting temporal, enxerto de gordura e tratamentos com laser. A escolha do que será feito depende do caso de cada paciente.
No caso da Kris Jenner e Demi Moore, as estrelas confirmaram o lifting. Já Anitta assumiu procedimentos somente no queixo, bochecha e boca.
Para a médica, esse movimento não começou agora --o que mudou foi a atenção do público. "Agora, está ganhando um pouco de notoriedade. As pessoas estão percebendo que as outras fizeram, mas muita gente já fazia esse tipo de cirurgia antes e não era muito percebido."
O silêncio sobre o tema ainda é comum entre pacientes, inclusive entre celebridades. "Eu conheço várias pessoas conhecidas que passaram por cirurgia, mas que eu vejo dando entrevistas ali que se cuidam, que fazem só procedimentos, que nunca fizeram cirurgia, mas que a gente sabe que fez. Porque ainda existe um pouco de resistência das pessoas de assumirem que fizeram o facelift."
Entre os nomes que vieram a público, a Dra. Maria Roberta cita a empresária Kris Jenner, que revelou ter feito o procedimento com o cirurgião Steven Levine, em Nova York, o mesmo que operou Brad Pitt e foi responsável pela segunda cirurgia de Demi Moore.
O contraste com os resultados exagerados de preenchedores também tem levado mais pacientes a considerar a cirurgia como uma alternativa mais eficaz e duradoura. "O excesso de preenchedor deixa a pessoa com uma aparência mais distorcida do que a própria cirurgia. A gente vê vários famosos, várias celebridades, tendo suas faces transformadas pelo excesso de preenchedor, enquanto que uma cirurgia bem indicada, bem realizada, com essas técnicas que puxam menos pele e mais músculo, dão uma aparência muito mais jovem e natural."
Recuperação e riscos
Ao contrário do que muitos imaginam, o lifting facial não é minimamente invasivo --mas tornou-se mais delicado e cuidadoso. O tempo médio da cirurgia varia entre três e seis horas. "No Brasil ela é mais realizada em centro cirúrgico, em hospital, com anestesia geral, mas algumas pessoas realizam em clínica. Nos Estados Unidos, ela acaba sendo muito realizada em clínica, até por uma dificuldade que eles têm de ter acesso a hospitais."
A recuperação também é mais rápida do que nos tempos antigos. "Entre uma a duas semanas os pontos são retirados. Em torno de 15 dias a pessoa já consegue ter uma vida social normal, e aproximadamente com um mês já nem se nota mais que a pessoa fez a cirurgia."
Entre os riscos, estão hematomas, sangramentos, cicatrizes inestéticas e, principalmente, lesões em nervos faciais. "O principal risco é a lesão dos nervos da face, dos nervos motores, que podem causar alguma assimetria muscular na face. Por isso, a importância de realizar esse procedimento com um cirurgião especialista, que tenha experiência com cirurgia de face."
Custo e desejo
Se há um rejuvenescimento tão eficaz e com aparência natural, por que ainda é tabu falar sobre ele? Para a cirurgiã, a negação pública de alguns procedimentos pode, inclusive, ter um efeito prejudicial sobre quem está em busca de alternativas realistas. "Uma celebridade que está muito bem, mas que insiste em falar que não fez cirurgia, acaba estimulando outras pessoas a procurarem alternativas que talvez não vão entregar o mesmo resultado. Então o ideal seria que as pessoas fossem mais honestas."
Quanto ao custo, Dra. Maria Roberta diz que é difícil definir um padrão. "Já vi gente falando sobre 30 mil reais, já vi gente falando sobre 300 mil reais. É um leque muito grande de valor, depende muito do hospital, da equipe, da estrutura."
Mas o que esse fenômeno diz sobre os tempos atuais? Para ela, o desejo de se ver bem no espelho não mudou, o que mudou foi a tecnologia e a percepção social sobre envelhecer. "Nunca foi gostoso se enxergar mais velho. O envelhecimento também traz uma aparência mais triste e cansada. Todo mundo gosta de se olhar no espelho e se sentir mais jovem, mais disposto."
Segundo a médica, a mudança de mentalidade sobre o envelhecimento, aliada à longevidade e às redes sociais, tem feito com que mais pessoas, inclusive mais jovens, considerem a cirurgia como forma de prevenção. "As pessoas querem rejuvenescer sem aparentar, e aí descobriram na cirurgia esse caminho. Um resultado mais duradouro, com naturalidade, sem aquele volume artificial."
Por fim, ela conclui: "Hoje em dia as pessoas de 50, 60 são jovens, trabalham como jovens. Os tempos mudaram, a gente está vivendo mais. Então, as pessoas também se sentem mais jovens de cabeça, de corpo, e querem que o rosto acompanhe."