Erro grave do ‘rapaz puro’ do BBB desmoraliza discurso racial de Tadeu Schmidt
Segundo o apresentador, Matteus Amaral seria “incapaz de fazer uma maldade” devido à combinação de genética e criação familiar
A confirmação de que Matteus Amaral, do ‘BBB24’, entrou no curso de Engenharia Agrícola do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFFar), de Farroupilha (RS), usando o sistema de cota racial após se declarar preto ou pardo é um tapa na cara de quem o idolatrou como uma pessoa perfeita.
Um discurso extremamente equivocado de Tadeu Schmidt no reality show, com gritante contexto eugenista, proposital ou não, agora parece uma piada de mau gosto e desmoraliza a métrica apontada pelo apresentador para diferenciar seres humanos.
“O cérebro do Matteus é incapaz de fazer uma maldade, é incapaz de fazer uma grosseria. Essa combinação da genética, mais a criação que ele recebeu, produziu um rapaz que é a imagem da pureza, gentileza, educação, humildade”, disse o condutor do programa.
A genética privilegiada falhou? O que dizer da criação, já que um vídeo postado pelo próprio Matteus mostrou sua mãe debochando da possibilidade de punição a quem faz uma declaração fraudulenta de raça para obter vantagem?
Nas redes sociais, prevalece a ‘passada de pano’ em favor do vice-campeão do ‘BBB24’. “Mas e se ele se identifica como um homem negro? Não devemos julgar”, postaram no ‘X’. Caso Matteus tivesse alguma característica negroide em seu fenótipo, o argumento até poderia ser considerado. Não é o que se enxerga.
Além do erro em si ao mentir para entrar no curso, há um agravante moral: ele não concluiu a graduação. Ou seja, desperdiçou a valiosa oportunidade forjada. Tirou a vaga de alguém que hoje poderia estar com um diploma nas mãos e maiores chances no mercado de trabalho.
Enquanto isso, o vencedor do ‘BBB24’, Davi Brito, representante dos pretos pobres que sonham entrar na universidade, é massacrado pelo tribunal da internet a cada pronunciamento, cada pequeno deslize comportamental, cada postagem com erro ortográfico, cada tentativa de se exprimir.
O tratamento desigual nesses dois casos evidencia o privilégio de alguns e a desvantagem de uma maioria historicamente prejulgada e desprezada. A discriminação mostra os dentes raivosos e seu facciosismo até na cultura do cancelamento.
O espaço da coluna está aberto à manifestação de todos os citados.
