Globo elegeu Bolsonaro, me deve pelo BBB e Grazi existe por minha causa, diz Wyllys
Vencedor de edição histórica do reality show afirma não se importar de ser visto como “bicha arrogante” ao exigir reconhecimento
“Hackeei o programa, fiz dele uma outra coisa. Não existe história da televisão sem mim, seja contada a história da televisão e da homossexualidade no Brasil. Não se pode esquecer o momento que eu disse ao Brasil que eu era gay, para a família brasileira, audiência de mais de 60%.”
A declaração de Jean Wyllys aconteceu no podcast ‘Futeboteco’, dos apresentadores Rodolfo Gomes e Felipe Oliveira. O campeão do ‘BBB5’ requer maior reconhecimento de sua participação no reality show.
“O Big Brother e a Globo devem mais a mim do que eu a eles. O prêmio (R$ 1 milhão) não foi nada perto do que eles ganharam naquele ano, de dividendos, com a propaganda”, afirmou.
“Quando os idiotas dizem pra mim - que eu critico o jornalismo da Globo - ‘você está cuspindo no prato que comeu’, falo ‘não comi em prato nenhum, querido’. Se tem alguém cuspindo no prato que comeu é a Globo, me impondo invisibilidade”, disse. “Eu dei muito dinheiro a eles. Se não fosse eu, aquele programa não teria rendido o que rendeu.”
A 5ª edição do reality show, no ar entre 10 de janeiro e 29 de março de 2005, se mantém como a de maior audiência entre as 24 temporadas produzidas na emissora carioca. Teve média geral de 47 pontos. A mais recente, vencida por Davi Brito, registrou 20 pontos.
Na sequência da conversa no ‘Futeboteco’, Wyllys comentou a respeito da vice-campeã de sua temporada. “Grazi Massafera existe porque eu estava naquele programa”, afirmou, rindo. “É verdade, justiça seja feita, fui eu que olhei ela com outros olhos. Fui eu que tirei ela do lugar da gostosa que toda mulher bonita ocupava”, disse. “Fui eu e Alan (Passos), na época era namorado dela, que trouxemos ela para outra narrativa. Foi a relação comigo que tirou dela o melhor, mostrou ao Brasil outra coisa.”
O ex-deputado e doutorando em Ciência Política lançou outra crítica contra a Globo. Ele afirmou que a entrevista ao vivo de Jair Bolsonaro na bancada do ‘Jornal Nacional’, na campanha de 2018, quando apresentou um livro de suposto doutrinamento gay nas escolas públicas, foi imprescindível para a ascensão do candidato de direita à Presidência da República.
“Com toda a equipe do ‘Jornal Nacional’ sabendo que aquilo era uma mentira, e (William) Bonner não desmente ele no ar, porque se desmentisse ele, ele perderia as eleições, e a Globo não queria que (Fernando) Haddad vencesse as eleições”, afirmou. “A Globo ajudou a eleger Bolsonaro... Tem responsabilidade na desgraça em que a gente se meteu a partir da eleição dele.”
Após triunfar no ‘BBB5’, Jean Wyllys foi funcionário da Globo por algum tempo. Trabalhou como repórter do ‘Mais Você’ de Ana Maria Braga e apresentador no Canal Brasil, pertencente ao grupo de comunicação da família Marinho.
De volta ao Brasil após um autoexílio na Europa, ele chegou a ensaiar uma participação no governo Lula, mas se desentendeu com membros do 1º escalão. Em maio, defendeu que o atual presidente não dispute a reeleição e indicou o nome da ministra do Planejamento, Simone Tebet, como candidata ideal para enfrentar a extrema-direita nas urnas em 2026.