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Cacá Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo, chega aos 70

19 mai 2010 - 09h34
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Em 19 de maio de 1940, nascia Carlos Diegues, mais conhecido pelo grande público como Cacá Diegues. Alagoano de Maceió, muda-se aos seis anos para o Rio de Janeiro, permanecendo no Botafogo durante infância e adolescência.

Na PUC-RJ, Cacá estuda Direito - já que não havia cursos ou escolas de Cinema - e se dedica a diversas atividades: torna-se presidente do Diretório Estudantil, funda um cineclube e começa suas atividades de cineasta amador, na companhia de David Neves, Arnaldo Jabor e Paulo Perdigão, além de dirigir o jornal O Metropolitano, órgão oficial da UME (União Metropolitana de Estudantes) que, juntos, vão se tornar o núcleo de formação do Cinema Novo.

Junto a Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade, é um dos líderes do nascimento movimento. Seu primeiro filme profissional acontece no CPC, em 35 mm, Escola de Samba Alegria de Viver (1962).

Com uma inquietude natural para a época da Ditadura Militar, dirige seus três primeiros longas-metragens: Ganga Zumba (1964), A Grande Cidade (1966) e Os Herdeiros (1969). Aliado ao Cinema, Cacá continua trabalhando como jornalista, crítico, ensaísta e manifestante cinematográfico, em diferentes publicações, no Brasil e no exterior.

Em 1969, por conta da Ditadura Militar, se muda com mulher, a cantora Nara Leão, para a Itália e depois para a França. Na capital francesa, nasce sua filha, Isabel Diegues, que segue a carreira do pai como cineasta, roteirista e produtora. Quando retorna, filma Quando o Carnaval Chegar (1972) e Joanna Francesa (1973). Mas seu maior sucesso vem em 1976 com Xica da Silva.

Na redemocratização do País, filma Chuvas de Verão (1978) e Bye Bye Brasil (1980), dois de seus maiores sucessos e realiza, em 1984, o épico Quilombo, uma produção internacional comandada pela Gaumont francesa. Antes da gestão presidencial de Fernando Collor de Mello (1990-92), realiza Um Trem para as Estrelas (1987) e Dias Melhores Virão (1989).

O apoio governamental de Collor para produção cinematográfica foi desastroso e Cacá realiza, com a TV Cultura Veja esta Canção (1994), uma das primeiras parcerias TV-Cinema que Cacá levará a sério, realizando filmes, comerciais, documentários e videoclipes.

Adapta três obras nacionais: Tieta do Agreste (1996), Orfeu (1999) e Deus é Brasileiro (2002). Em 2006, ano produtivo, escreve seu primeiro roteiro sozinho O Maior Amor do Mundo e lança o show e o documentário Nenhum Motivo Explica a Guerra do grupo AfroReggae.

Com uma filmografia selecionada por grandes festivais internacionais, como Cannes, Veneza, Berlim, Nova York e Toronto, recebeu o título francês da Ordem das Artes e das Letras, da qual já é Oficial (Officier), sendo membro também da Cinemateca Francesa. Recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio Roberto Rossellini pelo Conjunto da Obra (2008); o Prêmio Vida y Trabajo pelo conjunto da obra no Festival de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, em 2007; o Troféu Gloria, Lifetime Achievement Award, em Chicago (EUA), em 2005; o Troféu Eduardo Abelin pelo conjunto da obra, no Festival de Gramado, em 2003 e o Golden Reel Award concedido pelo HBO Group, pelo conjunto da obra, em 2000, só para citar alguns.

Pai de quatro filhos - os dois mais velhos frutos do casamento com a cantora Nara Leão -, Cacá é casado, desde 1981, com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães.

Confira abaixo os trabalhos de Cacá Diegues:

Diretor

Curta-Metragem
1959 - Fuga
1960 - Brasília
1961 - Domingo
1962 - Escola de Samba Alegria de Viver - (Episódio de 5 Vezes Favela)
1965 - A Oitava Bienal (SP)
1971 - Receita de Futebol
1974 - Cinema Iris
1975 - Aníbal Machado
1976 - Oito Universitários
1985 - Batalha da Alimentação (SP)
1986 - Batalha do Transporte (SP)
1999 - Reveillon 2000
2000 - Carnaval dos 500 Anos

Documentário
2006 - Nenhum Motivo Explica a Guerra

Institucional
2004 - Valores do Brasil

Longa-Metragem
1964 - Ganga Zumba
1966 - A Grande Cidade
1969 - Os Herdeiros
1972 - Quando o Carnaval Chegar
1973 - Joanna Francesa
1976 - Xica da Silva
1978 - Chuvas de Verão
1980 - Bye Bye Brasil
1984 - Quilombo
1987 - Um Trem Para as Estrelas
1989 - Dias Melhores Virão
1994 - Veja Esta Canção
1996 - Tieta do Agreste
1999 - Orfeu
2002 - Deus é Brasileiro
2006 - O Maior Amor do Mundo

Televisão
1970 - Séjour (TV Francesa)
1978 - Les Enfants de La Peur (TV Francesa)
1985 - Nossa Amazonia (TV Bandeirantes)

Vídeo e DVD
1992 - Mídia, Mentiras e Democracia
2006 - Nenhum Motivo Explica a Guerra

Videoclip
1991 - Exército de um Homem Só (Engenheiros do Havaí)
2006 - Quero Só Você (Afro Reggae)

Livros
1983 - Chuvas de Verão (Editora Civilização Brasileira)
1983 - Os filmes que não filmei (entrevistas feitas por Silvia Oroz) (Editora Rocco)
1984 - Quilombo (em parceria com Nelson Nadotti) (Edições Achiamé) )
1986 - Idéias e Imagens do Cinema Brasileiro (editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
1989 - Palmares (em parceria com Everardo Rocha) (Rio Fundo Editora)
1990 - Dias Melhores Virão (Editora Record)
2003 - O Diário de Deus é Brasileiro (Editora Objetiva)
2004 - O que é ser diretor de cinema - Memórias profissionais de Cacá Diegues (em parceria com Maria Silvia Camargo) (Editora Record)
2007 - Álbum de retratos - Cacá Diegues - por Nelson Sargento. Folha Seca Livraria e Edições.
2007 - Cinco Mais Cinco - Ensaio sobre os melhores filmes brasileiros em bilheteria e crítica dos últimos quinze anos. Legere Editora.

Carlos Diegues, mais conhecido como Cacá Diegues
Carlos Diegues, mais conhecido como Cacá Diegues
Foto: Getty Images
Fonte: Redação Terra
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