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‘Bruta Flor’, com Leonardo Miggiorin no elenco, faz final de temporada em SP

Diretor e produtor, Marcio Rosario comenta os desafios de fazer teatro e a resistência das empresas em apoiar peças com temática LGBT+

13 set 2025 - 13h40
(atualizado às 13h41)
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Dois homens, uma mulher e diferentes formas de amar. ‘Bruta Flor’ é um drama necessário em tempos de retrocesso do apoio à diversidade no Brasil. No palco, fala-se de amor, desejo, sentimento reprimido e preconceito.

Escrito por Carlos Fernando Barros e Vitor de Oliveira, e produção executiva de Daniel Chiarelli, o texto já teve algumas montagens ao longo da última década.

Desta vez, o elenco é formado por Leonardo Miggiorin (famoso por novelas na Globo e Record), Fabio Bianchini e Valeria Silva. 

A temporada no teatro Núcleo Experimental, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, se encerra no dia 21 de setembro. Ainda há ingressos disponíveis.

Fabio Bianchini, Leonardo Miggiorin e Valeria Silva formam o trio marcado por amor e violência
Fabio Bianchini, Leonardo Miggiorin e Valeria Silva formam o trio marcado por amor e violência
Foto: Divulgação

O diretor e produtor Marcio Rosario — ator em novelas da Globo e produções de Hollywood — conversou com a coluna a respeito dos obstáculos de se fazer teatro na atualidade.

Por que decidiu remontar a peça após 9 anos?

Espetáculos teatrais podem abordar temas relevantes do cotidiano, fomentando o debate e a conscientização sobre questões sociais, políticas e éticas. ‘Bruta Flor’ se enquadra dentro de várias situações, pois a montagem fala sobre o preconceito em relação à bissexualidade, homossexualidade e, principalmente, a violência doméstica entre relacionamentos hétero e homoafetivos. As relações tóxicas são discutidas e anunciadas no espetáculo.

Quais as principais diferenças desta montagem?

Temos cenas novas com textos atualizados e efeitos especiais que provocam e instigam o público desta nova produção. Porém, 90% do texto seguem o original das montagens que existiram entre 2016 e 2020 e foram vistas por mais de 35 mil pessoas. Esta montagem é mais dinâmica e visceral do que as do passado, já que o mundo mudou muito após uma pandemia mundial.

No espetáculo, dois homens têm de lidar com sentimentos explosivos, do afeto à tragédia
No espetáculo, dois homens têm de lidar com sentimentos explosivos, do afeto à tragédia
Foto: Divulgação

Considera que a sociedade está menos homofóbica hoje do que na época da primeira montagem?

Muito pelo contrário, somos resistentes ao falar de temas que ainda são tabu. Na primeira montagem, muito se saiu sobre o nu dos atores e pouco se falou da profundidade dos temas discutidos no espetáculo. Hoje em dia, sinto que muita coisa está igual ou até mesmo pior. Por exemplo, nosso espetáculo não é apenas sobre dois personagens e sim de três personagens que sofrem por suas escolhas em seus relacionamentos, mas parte da mídia acaba apenas reforçando o relacionamento gay e o nu dos atores mais uma vez. Me sinto em um mundo mais superficial, sem um olhar atento e com profundidade sobre temas tão presentes em nossa sociedade atualmente.

O elenco e a equipe de bastidor possuem muitos profissionais da comunidade LGBTQIA+?

Sim, temos sim. Tenho sorte de ter uma equipe tão diversa e talentosa. Vale lembrar que na nossa montagem atual continuamos sem patrocínio, ou seja, somos uma equipe diversificada e resiliente. Total teatro de resiliência.

A atriz e produtora Valeria Silva com o produtor e diretor Marcio Rosario: união de forças e recursos pessoais para fazer teatro
A atriz e produtora Valeria Silva com o produtor e diretor Marcio Rosario: união de forças e recursos pessoais para fazer teatro
Foto: Divulgação

Um espetáculo com temática LGBT+ ainda enfrenta dificuldades para conseguir apoios?

Temos apoio cultural de mais de 25 empresas corajosas, do ramo hoteleiro, de vestuário, de cenografia, de promoção nas mídias, de catering (alimentação) para o camarim e um bom apoio gastronômico. Mas o patrocínio em dinheiro ainda continua sendo um grande tabu. Difícil conseguir uma empresa que tenha coragem de abordar nosso espetáculo, por causa do tema, da nudez e, claro, um preconceito estrutural contra temas LGBTQIAPN+.

Como foi o convite para o ator Leonardo Miggiorin? 

Nessa montagem, eu mesmo fiz o convite para o Leonardo e o Fábio. A Valeria, além de ser atriz, também é produtora. Ela mora em Los Angeles e estava com vontade de pisar em solo brasileiro com algum espetáculo forte. Como já tinha assistido a uma montagem no passado, me procurou para levantarmos essa temporada inicial de sete semanas. Mesmo sem patrocínio conseguimos levantar o espetáculo com quase cem mil reais investidos pela Dandara Productions e a Três Tons Visuais Filmes. 

Em 'Bruta Flor', a iluminação intensifica as emoções dos atores e da plateia
Em 'Bruta Flor', a iluminação intensifica as emoções dos atores e da plateia
Foto: Divulgação

A peça seguirá carreira após o fim da temporada paulistana?

Sim, queremos rodar o Brasil. Para isso, ainda estamos buscando patrocínio para as viagens e também para continuar em outros teatros de São Paulo. O custo de uma montagem é muito alto. Muitos fornecedores querem apoiar e fazer parcerias apenas com espetáculos musicais, pois os mesmos têm verba para fechar altos valores. Outro fator triste é que vários teatros de rua estão fechando. Fazer teatro como na época que iniciei minha carreira, há mais de 45 anos, é praticamente impossível. Você precisa fazer um aporte financeiro grande do próprio bolso, como o Antonio Fagundes, por exemplo, que faz com maestria suas próprias produções.

Já cogitaram transformar o texto em filme ou minissérie para TV ou streaming?

Sim, estamos desenvolvendo o roteiro cinematográfico do espetáculo. Vamos apresentá-lo em breve para distribuidores de cinema.

Valeria Silva veio de Los Angeles para fazer o espetáculo em São Paulo
Valeria Silva veio de Los Angeles para fazer o espetáculo em São Paulo
Foto: Divulgação
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