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Flip 2018: Wagner Schwartz, de 'La Bête', reflete sobre arte e política em Paraty

Dançarino e agora escritor falou, no barco pirata da programação paralela, sobre a polêmica que envolveu sua peça no MAM; ele veio lançar o livro 'Nunca Juntos Mas Ao Mesmo Tempo', pela editora Nós

26 jul 2018 - 20h17
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ENVIADO ESPECIAL, PARATY — Setembro de 2017: Wagner Schwartz faz uma performance no MAM, imagens são divulgadas por sites de notícias falsas e uma interpretação arcaica coloca o artista no meio de um escândalo de proporções nacionais. Meses depois, ele é uma das principais atrações da programação paralela da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

Ele veio à festa lançar Nunca Juntos Mas Ao Mesmo Tempo, pela editora Nós. O livro é uma narrativa carregada de poeticidade que desloca o lugar do corpo em cena, segundo a editora, tratando de temas relacionados ao corpo, à dança e à performance. Ele autografa a obra na Casa Paratodos, às 14h, nesta sexta-feira, 27.

Na quinta, 26, ele participou de uma mesa com a escritora Marcia Tiburi na Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei), talvez a novidade mais refrescante desta Flip. Um barco fica atracado à margem do canal que corta Paraty e o público, numeroso, senta no continente. São 14 editoras, há livros à venda e uma extensa programação.

"Para mim, performance conversava entre os seus" disse o artista. "Pensava que a arte era encontrar assuntos para falar de si mesmo, traduzir os seus problemas e encontrar soluções. Tudo isso ficava num grupo pequeno."

Quando houve a reação à sua perfomance no MAM de SP, percebeu que era necessário botar isso para fora. "Já conversamos demais no nosso grupinho de amigos. Já criamos nossas gírias. Depois do acontecido, conheci muita gente. Tive que descobrir um vocabulário que eu não tinha. Apesar da surra que levei, pareceu um renascimento."

Tiburi — apenas uma das pessoas envolvidas na pré-campanha eleitoral que estão aqui nas ruas de Paraty — lamentou o que considera a falta praticamente absoluta de ação entre seus pares escritores e intelectuais.

"Pressupomos tudo entre nós, a esquerda, o povo da cultura. Parece que entre nós está bem resolvido. E não está. O que aconteceu com o Wagner foi o efeito de um adoecimento do contato da sociedade que acabou caindo num jogo de linguagem fascista."

Para Tiburi, a reação à performance aconteceu porque Wagner retirou a agressividade do "falo". "Você trocou o registro, tirou o corpo masculino do seu lugar de violência histórica."

"Arte é muita coragem", concluiu.

Estadão
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