Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Escritor e roteirista László Krasznahorkai, "o mestre do apocalipse", vence Nobel de Literatura 2025

O escritor húngaro László Krasznahorkai foi anunciado como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2025. O pronunciamento foi feito por Mats Malm, secretário permanente da Academia Sueca, nesta quinta-feira (9), em Estocolmo. O autor é conhecido por sua prosa épica, visão apocalíptica e sintaxe singular.

9 out 2025 - 10h20
Compartilhar
Exibir comentários

O escritor húngaro László Krasznahorkai foi anunciado como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2025. O pronunciamento foi feito por Mats Malm, secretário permanente da Academia Sueca, nesta quinta-feira (9), em Estocolmo. O autor é conhecido por sua prosa épica, visão apocalíptica e sintaxe singular.

Nascido em 1954 na pequena cidade de Gyula, no sudeste da Hungria, perto da fronteira com a Romênia, Krasznahorkai rapidamente se estabeleceu como uma voz literária essencial. A crítica americana Susan Sontag o coroou como o "mestre do apocalipse" da literatura contemporânea, título derivado de sua segunda obra, "Az ellenállás melankóliája" (de 1989; A Melancolia da Resistência, em tradução livre).

Krasznahorkai é considerado um grande escritor épico na tradição centro-europeia, que inclui autores como Kafka e Thomas Bernhard, marcada pelo absurdo e pelo grotesco. Sua prosa é notável por desenvolver uma sintaxe fluida, com frases longas e sinuosas, frequentemente desprovidas de pontos finais — uma marca registrada de seu estilo.

Seu romance de estreia, "Sátántangó" (1985), foi publicado no Brasil como "Tangos de Satanás", pela Companhia das Letras em 2022, com tradução de Paulo George Schiller. Ambientado em uma área rural remota semelhante ao seu local de nascimento, o livro retrata um grupo de moradores destituídos em uma fazenda coletiva abandonada na Hungria, pouco antes da queda do comunismo. A narrativa gira em torno da aparição dos carismáticos Irimiás e seu comparsa Petrina, que parecem ser mensageiros tanto da esperança quanto do juízo final.

Em "A Melancolia da Resistência", o drama se intensifica em uma cidade húngara no vale dos Cárpatos, onde a chegada de um circo fantasmagórico — cuja atração principal é a carcaça de uma baleia gigante — desencadeia forças extremas, resultando em violência, vandalismo e a possibilidade de um golpe ditatorial. Com cenas oníricas e personagens grotescos, o autor retrata a luta brutal entre ordem e desordem, afirmando que "ninguém pode escapar aos efeitos do terror".

Da crise húngara à beleza oriental

O quinteto de épicos "apocalípticos" do autor inclui também "Háború és háború" (1999; Guerra & Guerra), que acompanha o arquivista Korin em uma jornada de Budapeste a Nova York, e "Báró Wenckheim hazatér" (2016; O Regresso do Barão Wenckheim), obra que brinca com a tradição literária ao reencarnar o "idiota" de Dostoiévski no personagem-título. Mais recentemente, "Herscht 07769" (2021) retrata uma cidade contemporânea na Turíngia, Alemanha, afligida por anarquia social, assassinato e incêndio criminoso, tendo como pano de fundo o legado de Johann Sebastian Bach.

Além de seus épicos centro-europeus, Krasznahorkai demonstrou amplitude literária ao adotar um tom mais contemplativo e refinado, influenciado por suas viagens à China e ao Japão. Essa mudança culminou na coleção de contos "Seiobo járt odalent" (2008; Seiobo Esteve lá embaixo), que, ao lado de seu quinteto de romances, representa o auge de sua obra.

"Seiobo esteve lá embaixo" é composto por dezessete histórias dispostas em sequência de Fibonacci, explorando o papel da beleza e da criação artística em um mundo de cegueira e impermanência. Inspirado no mito japonês de Seiobo — divindade que protege o jardim onde brotam frutos da imortalidade a cada três mil anos — o livro retrata o ato de criação por meio de figuras periféricas como porteiros, observadores ou artesãos dedicados, que raramente compreendem o significado total da obra em que participam.

Publicações no Brasil

Até o momento, apenas "Sátántangó" foi traduzido e publicado no Brasil, pela Companhia das Letras. A tradução recebeu o Prêmio Paulo Rónai de melhor tradução da Biblioteca Nacional em 2023. As demais obras de Krasznahorkai permanecem inéditas em português brasileiro.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
Compartilhar
TAGS
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade