Crítica Silêncio | Série espanhola da Netflix não diz a que veio
Lançada em maio, na Netflix, Silêncio vai na contramão dos sucessos espanhóis e se firma como uma grande perda de tempo
Uma das grandes promessas da Netflix no mês de maio, Silêncio chegou ao streaming prometendo fazer barulho, mas não engrenou. Assinada por Aitor Gabilondo, a série espanhola trouxe em seu elenco três talentos já vistos pelo público anteriormente: Arón Piper (o Ander de Elite), Manu Rios (o Patrick, também de Elite) e Ramiro Blas (o Sandoval de Vis a Vis), mas nem assim conseguiu convencer o público.
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Com uma trama morna (quase fria), mas pautada em uma boa premissa, a obra falou, falou e não disse nada — assim como o protagonista. Para começar, a trama acompanha a vida de Sergio (Piper) um rapaz que foi acusado de matar os pais. Condenado à prisão, ele cumpre toda a sua sentença sem dar uma só palavra e, após ser libertado, é acompanhado secretamente por uma equipe de investigadores que tenta descobrir qual o seu grau de periculosidade e se ele já pode ser reinserido na sociedade.
Tal equipe é comandada por Ana Dussel (Almueda Amor), uma mulher que se mostra mais interessada pelo rapaz do que deveria e que abandona vários princípios éticos para defendê-lo de algum modo.
Essa é a sinopse da série, e é apenas nisso que ela se centra. Isto porque a trama não extrapola os limites do resumo e fica rodando em volta de si mesma, contando a mesma coisa repetidamente em cada um dos seis capítulos disponíveis. Não há momentos de tensão ou suspense que prendam a atenção do espectador e não há um diálogo sequer que seja realmente relevante para a trama.
Até mesmo o último episódio, no qual é revelado o plot twist e o motivo de Sergio ter feito o que fez, é chato. A essa altura do campeonato, o espectador já está tão acostumado a não ver nada em cena, que quando descobre o segredo da série já não se importa mais.
Plot twist fraco marca a narrativa de Silêncio
Por falar em tal segredo, ele também não é chocante o suficiente para convencer, e a narrativa de porquê Sergio se tornou um assassino tampouco atrai. Não dá para sentir nem empatia, nem dó, nem raiva, nem nada em relação a ele.
Já se o espectador olhar para Ana com o mínimo de atenção, logo perceberá que a sua relação com o protagonista também é anormal, portanto, quando ela decide seguir por um caminho parecido, não surpreende a mais ninguém.
E se os protagonistas não engajam, os coadjuvantes menos ainda. Marta (Cristina Kovani) é uma jovem aficionada por Sergio que lhe escrevia cartas quando ele estava na cadeia. Sem muito contexto, no entanto, sua história fica solta. Por que ela gostava de Sergio? O que ela sente por ele? Medo, tesão, amor? E a relação dela com Eneko, seu namorado, é baseada em que? Como ela consegue oscilar tão facilmente entre os dois?
Outro personagem que fica pelo caminho é Natanael, vivido por Ramiro Blas. Ele é um pastor que ajuda jovens delinquentes, mas que esconde alguns segredos. Com uma postura que mescla líder religioso com uma espécie de cafetão, sua presença dá a esperança que um novo arco seja desenvolvido, mas assim que ele morre, sobra apenas a frustração para o espectador.
Elenco bom não faz série sozinho
Por falar em Ramiro Blas, Natanael agrada em cena, mas ainda lembra bastante o Sandoval, seu personagem asqueroso e assediador de Vis a Vis. Já Manu Rios, que viveu um jovem sem limites em Elite, agora retorna como um corno manso em Silêncio — aquele típico namorado que sabe que está sendo traído, mas que não se importa e faz de tudo para conquistar o amor de Marta. Sem muito espaço para brilhar, Manu fica apagado, entregando uma atuação fraca, mas dentro do que o texto lhe permite.
Arón, o protagonista, por sua vez, se distancia muito do jovem e meigo Ander de Elite, e isso é um grande acerto, uma vez que Sergio é mais denso e sombrio. O ator se destacou nas cenas de histeria e conseguiu dosar adequadamente os sentimentos do personagem. Nos poucos momentos que esteve em silêncio (contrariando o título da série), fez bom uso das expressões faciais para imprimir as emoções necessárias.
Já Almueda, que tem experiência na comédia dramática O Bom Patrão e no terror A Avó (de 2021), também não fez feio como a detetive Ana, embora parecesse mais apática do que deveria.
Fotografia transforma Espanha em Londres
Um ponto que merece ser comentado é o fato da fotografia da série ser escura e cinza demais para a Espanha. É claro que o país também tem seus dias de chuva, mas a sensação que fica é que tentaram transformar o local em um ambiente chuvoso para dar mais dramaticidade à história. Não é um grande erro, não compromete o roteiro, mas pode incomodar em alguns momentos.
Silêncio fala muito e não diz nada
Sem mais delongas, a verdade é que Silêncio tem uma ótima premissa e parte de um ponto interessante, mas, com um roteiro fraco e uma direção que também deixa a desejar, se consolida como uma péssima opção no catálogo da gigante do streaming, indo na contramão de outras produções espanholas bem-sucedidas, como as já citadas aqui e também La Casa de Papel.
Caso você queira assisti-la para tirar suas próprias conclusões, já encontra Silêncio completa na Netflix.
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