Porchat dubla a animação 'Frozen': "sou mesmo um boneco de neve"
Trabalho de estreia do humorista como dublador, produção da Walt Disney Pictures estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (3)
Televisão, teatro, stand-up comedy, cinema, publicidade atrás de publicidade. No ano em que viu seu nome saltar de um nicho específico para a popularidade em âmbito nacional, Fábio Porchat pode afirmar ter feito de tudo. Principalmente depois dos últimos dois meses de 2013, quando repentinamente topou um convite para estrear no ramo da dublagem - e, de quebra, ainda debutou como "cantor". O resultado pode ser conferido a partir desta sexta-feira (3), quando estreia nas salas de cinema do País Frozen: Uma Aventura Congelante, nova animação da Walt Disney Pictures, na qual o humorista empresta a voz ao simpático Olaf, um abobalhado boneco de neve que adora o verão.
"Eu tive uma sensação esquisita inicialmente. No dia em que dublei, fiquei em depressão profunda, quase larguei tudo e fui pra China", se diverte o humorista em conversa com o Terra, realizada nos escritórios da Disney em São Paulo. "Mas, no dia seguinte, quando vi o resultado e fui lá gravar as músicas, olhei e falei: 'ta aí. Tem a ver'. Porque o meu medo era que o personagem não tivesse nada a ver com a minha voz e, no final, eu vi que tinha. Fui gostando, gostando e conclui: quer saber, eu sou mesmo um boneco de neve. Branco pra caramba, gordinho e risonho."
O convite para o trabalho veio de forma repentina. Sem qualquer experiência no ramo da dublagem, Porchat recebeu uma proposta para dar voz ao personagem em novembro - mesmo mês em que teria de fazer as gravações. Apesar da correria, ele prontamente a aceitou. Afinal, assim como a vasta maioria das pessoas de sua geração, desde criança Porchat foi um grande fã das animações da Disney. Assistia aos lançamentos, decorava as músicas das trilhas-sonoras, cantava, encenava. Mais do que uma nova experiência, embarcar no projeto era a realização de um sonho. Mas também um grande desafio.
"Foi uma coisa muito rápida. Não tive treinamento nenhum, até por conta dos conflitos de agenda. Me chamaram e eu já estava dublando", recorda ele, que, apesar de sempre ter tido uma vontade de se inserir no ramo, nunca havia feito um trabalho de dublagem - e precisou realizá-lo apenas com as instruções básicas de uma diretora e um diretor musical, que enumeraram as características mais fortes de seu personagem.
"Foram só dois dias para dublar tudo. E foi muito mais difícil do que eu imaginava. Você tem que encaixar o tempo certo, aquela fala, aquele texto. Não pode modificar, tem que ser daquele jeito. Aí, quando você vê, já está louco, há oito horas no estúdio fazendo frase a frase. Mesmo nos diálogos longos!"
Porchat também descobriu que, apesar de a dublagem ser um trabalho dentro do ramo da dramaturgia, ela possui muitas especificidades estranhas a um ator. Como, por exemplo, não poder assistir à produção antes das gravações ou mesmo não contracenar com outras pessoas ao longo delas.
"É muito difícil, porque você não sabe qual é a linha evolutiva do personagem, o que vai acontecer com ele, essas coisas", diz o humorista. "A Disney só tinha me contado um pouco da história, me passado a sinopse, o trailer, e, assim, pude entender mais ou menos como era. A diretora está lá para o resto."
Mas, apesar dos percalço, o resultado final deixou o humorista satisfeito. Não a ponto de fazê-lo migrar de vez para o ramo das dublagens, mas ao de não descartar, quem sabe, no futuro, investir nele. "O Brasil tem a melhor dublagem do mundo! É levado muito a sério aqui. Mas eu teria que me profissionalizar nisso para continuar, porque dublar é aprender, fazer curso, começar com pequenas coisas e só depois poder se tornar uma Mabel Cezar, que é maravilhosa, um Nilzo Neto, um Selton Mello", ele afirma, mostrando que, apesar da correria, conseguiu aprender o básico que norteia o fantástico mundo do ramo.
"Muita gente acha que dublar é saber fazer várias vozes, mas é o contrário. É muito mais a força que você coloca naquela voz, a tranquilidade que tem. É, acima de tudo, muito mais um trabalho de ator do que de imitador", resume.