O curioso país que restaurou a fé de Dakota Johnson no cinema
Nação ficou 35 anos sem salas de exibição devido a uma onda de extremismo religioso, mas tem se esforçado recentemente para apoiar a indústria local
O cinema americano está em um estado estranho. Estúdios tradicionais perderam espaço para gigantes de streaming. Nesse momento, Dakota Johnson encontrou motivo para se animar pelo futuro da sétima arte na Arábia Saudita.
A atriz americana foi convidada do Red Sea International Film Festival, realizado na cidade de Jeddah no início deste mês. Durante um painel sobre mulheres no cinema, ela exaltou a indústria local. Afirmou até que quer aplicar lições aprendidas no evento em sua produtora.
"O que sinto desse festival é inspiração. Me sinto inspirada a operar desse jeito na nossa própria companhia nos Estados Unidos; quero apoiar todos esses cineastas. Há tanto para se aprender aqui. Nos Estados Unidos parece tudo bem negativo; e em menos de 24 horas aqui, tive minha fé no cinema renovada."
Já sobre o cinema americano, declarou:
"As pessoas [nos Estados Unidos] estão com tanto medo, e eu penso: 'Por quê? O que vai acontecer se fizerem algo corajoso?'. Parece que ninguém sabe o que fazer e todos estão com medo. É essa a sensação. Todos que tomam decisões estão com medo. Eles querem fazer o que é seguro, e o seguro é realmente chato."
Nada de cinema na Arábia Saudita
Os comentários de Dakota Johnson soam curiosos, porque durante 35 anos não havia salas de cinema na Arábia Saudita. Isso ocorreu devido a uma onda de conservadorismo religioso na década de 1980, que caracterizava esses espaços como tabu. O governo local, interessado em apaziguar esses extremistas, proibiu exibições cinematográficas públicas no país.
Isso não impediu a indústria de sobreviver, mesmo que de maneira bem tímida. O primeiro longa-metragem rodado exclusivamente no país, Wadjda (2012), foi escolhido pelo governo como representante da Arábia Saudita no Oscar, mesmo sem poder ser exibido lá. Todavia, a obra não sobreviveu aos cortes da Academia.
Em 2017, o governo saudita aprovou a abertura de salas de cinema para o ano seguinte. O primeiro filme oficialmente exibido no país em 35 anos foi Pantera Negra, dia 18 de abril de 2018. O plano da indústria local é construir mais de 2000 salas de exibição até 2030.
O próprio Red Sea International Film Festival é uma criação recente. Estabelecido em 2019, a primeira edição do evento foi adiada por causa da pandemia e só ocorreu no mês de novembro de 2021. A quinta edição começou na última quinta, 4, e termina dia 13 de dezembro.