CEO da Netflix afirma que 'Barbenheimer' também faria sucesso no streaming
Segundo Ted Sarandos, 'Não há razão para acreditar que o filme em si seja melhor em qualquer tamanho de tela'
Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, deu uma opinião polêmica a respeito do Barbenheimer, nome dado à estreia simultânea de Barbie e Oppenheimer nos cinemas mundiais. A declaração foi dada nesta sexta-feira (5), após a gigante do streaming anunciar a aquisição do arquivo completo da Warner Bros. Entertainment, incluindo os estúdios HBO e HBO Max, por um valor aproximado de US$ 82,7 bilhões.
Em entrevista recente ao The New York Times (via Variety), Sarandos declarou que os sucessos de bilheteria de 2023 teriam "tido uma audiência tão grande" na plataforma de streaming quanto tiveram nos cinemas. Em outra entrevista, à revista Time , ele já havia dito que filmes exibidos nos cinemas "estão mortos" e que a experiência tradicional de ir ao cinema é "ultrapassada". Segundo ele, a Netflix estaria "salvando Hollywood".
"Ambos os filmes seriam ótimos para a Netflix. [...] Não acho que haja qualquer motivo para acreditar que certos tipos de filmes funcionem ou não. Não há razão para acreditar que o filme em si seja melhor em qualquer tamanho de tela para todas as pessoas", opinou Sarandos. "Meu filho é editor. Ele tem 28 anos e assistiu a Lawrence da Arábia no celular dele".
Uma das maiores dúvidas do público é quanto às mudanças na exibição dos filmes em cinemas que a empresa pode promover daqui em diante. A Warner Bros. sempre teve foco na produção para as telonas, enquanto a Netflix prioriza estreias em streaming e faz apenas curtas exibições de longas selecionados.
Quando questionado sobre o tipo de conteúdo que é adequado ou não para a Netflix, o CEO respondeu: "Não acho que haja uma resposta simples, porque a melhor versão de algo pode funcionar muito bem para a Netflix, mas simplesmente não funcionou até o momento. Há alguns exemplos óbvios, como o fato de não produzirmos notícias de última hora e coisas do tipo, porque acho que existem muitos outros veículos para isso. As pessoas não nos procuram para esse tipo de conteúdo."
Após a saída de Scott Stuber da presidência da Netflix, em janeiro, Sarandos afirmou que a plataforma não planejava alterar sua "estratégia ou a combinação [de filmes licenciados e originais]", e defendeu que os filmes originais do streaming "estão atraindo algumas das maiores audiências do mundo". "Sempre será essa mistura de lançamentos em primeira mão, lançamentos em segunda mão e um catálogo extenso", disse. "Acreditamos que essa fórmula funciona melhor para entreter o mundo."
Em entrevista à Variety, Sarandos ainda questionou a chamada "janela de 45 dias", período de exclusividade defendido por profissionais do audiovisual para que os filmes sejam exibidos apenas nos cinemas antes de chegarem às plataformas de streaming.
Para ele, o estado atual das bilheterias é um sinal de que as pessoas querem "assistir a filmes em casa". "O que o consumidor está tentando nos dizer? Que eles gostariam de assistir a filmes em casa, obrigado. Os estúdios e os cinemas estão brigando para tentar preservar essa janela de 45 dias, que está totalmente fora de sintonia com a experiência do consumidor".
Sobre o Barbenheimer
Barbie, da Warner Bros., foi o filme de maior sucesso comercial de 2023, liderando o ranking global de arrecadação. O longa-metragem dirigido por Greta Gerwig e estrelado por Margot Robbie e Ryan Gosling superou US$ 1,4 bilhão.
Oppenheimer, da Universal, não ficou para trás, alcançando uma bilheteria mundial de US$ 975,8 milhões após orçamento de aproximadamente US$ 100 milhões. Dirigido por Christopher Nolan, o longa foi o vencedor de Melhor Filme no Oscar 2024, e levou um total de sete estatuetas para casa. O impacto cultural de "Barbenheimer" também foi muito além do aspecto financeiro, se tornando uma disputa inédita de marketing e público.