Cannes: diretora de filme sobre maus-tratos chora com prêmio
Um dos momentos mais emocionantes da 64ª edição do Festival de Cannes foi a entrega do Prêmio do Júri para a francesa Maïwenn Le Besco, pelo seu longa
Polisse, que trata dos maus-tratos contra crianças e do qual foi roteirista, diretora e atriz.
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Deslumbrante no seu vestido vermelho, ela correu para o palco, apertou a mão de cada jurado, e confessou, à beira das lágrimas: "minha filha me disse: mãe, aposto que você não vai conseguir buscar o seu prêmio sem chorar". A francesa foi a diretora mais nova a apresentar seu filme na seleção oficial.
"Estamos de acordo para afirmar que este foi "o" filme que tinha a grandeza, a amplitude, as intenções e o impacto que convém para o que pode se esperar de uma Palma de Ouro", explicou Robert De Niro, presidente do júri do festival.
O enigmático diretor americano Terrence Malick conquistou a Palma de Ouro por Tree of Life (A Árvore da Vida), filme produzido e interpetado por Brad Pitt. Malick não compareceu ao evento para receber seu prêmio. A honraria coube aos produtores Bill Pohlad e Dede Gardner.
A americana Kirsten Dunst, 29 anos, levou o prêmio de Melhor Atriz, no seu papel de noiva depressiva no filme Melancholia, obra que foi bem recebida pelos críticos apesar de seu diretor, Lars Von Trier, ter sido considerado "persona non grata" no festival ao causar um escândalo com suas declarações polêmicas sobre Hitler.
O prêmio de Melhor Ator foi para Jean Dujardin, 38 anos, brilhante no seu papel de uma estrela de cinema decadente em The Artist de Michel Hazanavicius, filme mudo em preto e branco. Muito entusiasmado, o francês ajoelhou-se diante do Robert de Niro e declarou na sua saída do palco: "acho que vou ficar calado... Foi assim que me dei bem!"
O presidente do júri, que foi aplaudido de pé pela platéia do Palácio dos Festivais no início da cerimônia, também arrancou gargalhadas ao tentar falar num francês aproximativo, chamando de "champignons" (cogumelos) seus companheiros (em francês, "compagnons") do júri.
Entre eles, estavam os atores Jude Law, Uma Thurmann e o diretor Olivier Assayas, que assistiram aos 20 filmes da seleção oficial. Além de Ma¯wenn, esses jurados premiaram dois outros jovens diretores. O dinamarquês Nicolas Winding Refn, 40 anos, levou o prêmio de melhor diretor pelo filme Drive. Já o Israelense Joseph Cedar, 42 anos, foi premiado pelo roteiro de Footnote.
Para o Grande Prêmio, o júri não quis se contentar com apenas um filme: Uma vez na Anatólia, do turco Nuri Bilge Ceylan e O Garoto da Bicicleta, de Luc e Jean-Pierre Dardenne, foram coroados. Os irmãos belgas, que já venceram duas vezes a Palma de Ouro e já tiveram cinco filmes na seleção oficial, foram premiados em todas as edições em que participaram.
Quem voltou de Cannes sem nada foi o espanhol Pedro Almodóvar, que não convenceu com o thriller A Pele Que Habito.
Outros filmes não foram premiados apesar de ter causado ótima impressão durante o festival. Entre eles, Le Havre, drama social do finlandês Aki Kaurism¤ki, que narra a história de um imigrante africano, e This Must be the Place, do italiano Paolo Sorrentino, que contou com uma grande atuação de Sean Penn.
A atriz francesa Mélanie Laurent, mestre de cerimônia da noite, homenageou os diretores iranianos Jafar Panahi e Mohammad Rasoulof, "ausentes pela vontade do seu governo".