Cacá Diegues, mestre do cinema brasileiro, morre aos 84 anos
Cineasta deixa um legado inestimável com clássicos como "Deus é Brasileiro", "Orfeu" e "Xica da Silva"
O cinema brasileiro perdeu, na madrugada desta sexta-feira (14), um de seus mais importantes nomes. Carlos Diegues, conhecido como Cacá Diegues, faleceu aos 84 anos no Rio de Janeiro, após complicações decorrentes de uma cirurgia.
A informação foi confirmada por familiares e amigos do diretor, que dedicou sua vida à sétima arte e ajudou a moldar o Cinema Novo, movimento que revolucionou a produção cinematográfica nacional.
Nascido em Maceió, Alagoas, Cacá Diegues mudou-se ainda na infância para o Rio de Janeiro, cidade que viria a ser seu lar e cenário de grande parte de sua obra. Durante sua juventude, enquanto cursava Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), descobriu sua paixão pelo cinema e fundou um cineclube, onde teve os primeiros contatos com a produção audiovisual.
Ao lado de nomes como Arnaldo Jabor e Leon Hirszman, iniciou sua jornada no Cinema Novo, um movimento que buscava retratar a realidade brasileira de forma crítica e inovadora.
Em 1962, dirigiu seu primeiro longa-metragem, "Cinco Vezes Favela", uma produção coletiva que se tornou um marco no cinema nacional.
A partir dali, consolidou uma carreira brilhante, assinando títulos que ficaram na história, como "Xica da Silva" (1976), "Chuvas de Verão" (1978), "Bye Bye Brasil" (1979), "Quilombo" (1984), "Dias Melhores Virão" (1989) e "Tieta do Agreste" (1996). Seus filmes abordavam temas como desigualdade social, identidade cultural e o sincretismo da sociedade brasileira, sempre com uma assinatura visual e narrativa inconfundíveis.
Cacá Diegues: O legado e a despedida
Nos últimos anos, mesmo afastado das grandes produções, Diegues permaneceu como uma voz ativa no cinema nacional, incentivando novos talentos e acompanhando as mudanças do setor. Seu último trabalho, "O Grande Circo Místico" (2018), foi uma superprodução que reuniu grandes nomes do cinema brasileiro e internacional, como Jesuíta Barbosa, Bruna Linzmeyer e Vincent Cassel.
A influência de Cacá Diegues ultrapassa as telas. Seu impacto na formação do imaginário nacional e na construção de uma identidade para o cinema brasileiro é inquestionável. Com uma filmografia rica e diversificada, ele deixa um patrimônio cultural que seguirá inspirando cineastas e espectadores por gerações.
A despedida de um mestre do cinema nacional deixa uma lacuna irreparável. Mas sua arte, imortalizada em seus filmes, continuará ecoando como uma testemunha de sua genialidade e de sua incansável busca por um Brasil mais representado na telona.